Dando uma volta à Ilha de Moçambique revive-se a sua história que é a História de Moçambique. A Ilha foi a primeira capital de Moçambique.
Maputo, Sexta-Feira, 6 de Agosto de 2010:: Notícias
Uma leitura feita há anos denuncia que os primeiros habitantes do lugar foram os bantus, anos 200 aC, salvo erro. Por lá passaram várias outras origens humanas e culturais, entre as quais os árabes, os persas, os gregos e os portugueses. Os vestígios da passagem são inapagáveis.
Esta visita foi para mim uma fabulosa oportunidade de lidar com este património tangível, classificado património universal da humanidade nas indiscutíveis e criteriosas tabelas da UNESCO, o parceiro internacional das Nações Unidades, entre os seus países membros, na cooperação científica, educacional e cultural.
Efectivamente, eu vinha trocando afecto com a famosa ilha dos poetas, através dos meus deveres profissionais dos últimos vinte anos.
Pouco depois de chegar e do almoço encontrei-me num grupo de destacados cidadãos que decidiu dar uma voltinha no intervalo entre uma tarefa e outra. Primeiro dia.
Visitámos o maciço monumento, que é a Fortaleza de S. Sebastião. Imponente e visível a léguas.
A fortaleza, o Museu-Palácio S. Paulo e o Museu da Arte Sacra andam na minha memória através de documentos de trabalho, de colóquios, de leituras de lazer e cultura, faz o tempo que faz.
E ali estava eu, minúsculo no grupo e invisível perante a fortaleza que parecia um guarda a olhar para visitantes não anunciados e, guarda que é dos seus reconhecidos tesouros, preparava-se para mandar passear para bem longe dali. Enquanto nos aproximávamos, o nosso guia de voluntária circunstância foi explicando a construção daquelas paredes, como quem esteve lá no tempo certo. A estratégia de defesa que justificava o posicionamento dos canhões que lá no alto se viam ainda úteis para intimidar o inimigo.
Tomámos a direcção da praia. O mais precavido dos membros da brigada desaconselhou que prosseguíssemos o passeio por aqueles lugares. Da varanda do seu quarto de hotel, acabava de ver uma cena repugnante. Duas meninas fardadas a estudantes foram à praia desfazerem-se dos conteúdos intestinais, ao lado de outros dois colegas seus, com a maior naturalidade deste velho mundo que tudo acolhe e esconde até onde e quando pode.
O passeio foi interrompido. Havia mais coisas a fazer.
Por conta própria, reconheci de longe já apressado os outros museus e monumentos, as estátuas e tudo o mais que dá recheio, mobília de valor histórico ao lugar.
Nas minhas passeatas solitárias e nocturnas, testemunhei a tranquilidade da ilha. Não há nada a temer. De bandidos não se fala. Polícias só se vêm nos seus postos de trabalho. Lixo, não há. Donde, não há cão vadio nem rato. Sem rato, não há gato de cauda por fora ou dentro.
Até as árvores crescem tranquilamente no meio da rua. Que sossego!
António Eduardo
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