De Londres a Washington, de Nova Iorque a Zurique, de Bruxelas a Berlim, etc., a palavra de ordem é poupar, poupar e poupar cada vez mais. Diariamente governos em todo o mundo procuram as melhores f ormas de reduzir as despesas públicas, efectuando cortes sobre gastos considerados dispensáveis.
São consequências da crise económica e financeira que afecta o mundo, com um impacto devastador nos países menos desenvolvidos. As acções de poupança tomam várias formas. Ao assumir a liderança do governo em Maio último, a nova coligação conservadora-liberal democrata no Reino Unido, tomou a decisão de reduzir em 5 porcento os salários dos membros do governo e congelar novos aumentos salariais durante os cinco anos do seu mandato. Para demonstrar a seriedade com que o problema está a ser encarado, o Primeiro Ministro David Cameron passou a utilizar voos comerciais nas suas deslocações em serviço, incluindo durante a sua Primeira visita a Washington, em Julho passado.
Deve ser irónico que aqueles que mais têm, com algumas sobras para financiar o nosso Orçamento Geral do Estado, é que têm de apertar o cinto enquanto nós, os beneficiários dessa generosidade Ocidental, continuamos a assobiar para o lado, fazendo de contas que a crise não nos afecta.
Numa altura em que o governo deveria esforçar-se em reduzir os seus gastos, continuamos a ver dirigentes a serem acompanhados com escoltas que muito francamente poderiam ser dispensadas. Elas não são absolutamente necessárias, e servem apenas como símbolos de auto-importância. É difícil quantificar a quantidade de combustível gasto nessas escoltas, mas deve ser o suficiente para minimizar as grandes carências que se registam ao nível do Serviço Nacional de Saúde, onde a falta de medicamentos essenciais é notória.
Parte dos problemas que hoje enfrentamos poderiam ter sido previstos atempadamente e tomadas as devidas medidas de precaução para evitar maiores danos. O congelamento do preço do combustível e a fixação da taxa de câmbios, apenas para sossegar o eleitorado, foram medidas que apesar de terem ajudado a ganhar as eleições, causaram profundos danos na economia. O défice acumulado ao longo de dois anos com o congelamento do preço do combustível está a ser pago agora pelas camadas mais pobres da população, e com efeitos retroactivos.
Também não foi de nada útil a teimosia e arrogância cega com que foi tratado o contencioso com os 19 parceiros que contribuem para Orçamento Geral do Estado, matéria sobre a qual na devida altura tivemos a oportunidade de alertar, mas respondidos com a mesma arrogância e petulância, chegando-se ao ponto dos inevitáveis adjectivos.
Hoje não estamos em crise. Somos o rosto da crise. Com uma economia pouco produtiva, dependendo essencialmente de importações, o contínuo deslize do Metical significa a mesma tendência constante no sentido inverso, com os preços dos produtos essenciais a subirem semanalmente em flecha.
O governo fala constantemente do seu empenho na luta contra a pobreza. Contudo, não é possível combater a pobreza sem poupança. E não haverá poupança enquanto os cidadãos tiverem que gastar mais para consumir menos do que consumiam antes.
O governo acredita que parte da solução está na emissão das Obrigações do Tesouro. Mas isso só vai agravar ainda mais a crise, uma vez que os bancos comerciais, que são os maiores subscritores dessas obrigações, irão desviar os recursos com que deveriam financiar o sector privado, cedendo parte da sua liquidez ao governo.
Face à grave situação que enfrentamos, é incompreensível o silencio a que estão remetidos os sindicatos, a sociedade civil e a própria comunidade empresarial. Estas organizações precisam de confrontar o governo e conjuntamente procurar encontrar os melhores mecanismos de governação económica, com benefícios mais amplos, e a longo prazo. Deixar que o governo sozinho se encarrega de decidir sobre o futuro de milhões de moçambicanos será uma forma de suicídio nacional.
São consequências da crise económica e financeira que afecta o mundo, com um impacto devastador nos países menos desenvolvidos. As acções de poupança tomam várias formas. Ao assumir a liderança do governo em Maio último, a nova coligação conservadora-liberal democrata no Reino Unido, tomou a decisão de reduzir em 5 porcento os salários dos membros do governo e congelar novos aumentos salariais durante os cinco anos do seu mandato. Para demonstrar a seriedade com que o problema está a ser encarado, o Primeiro Ministro David Cameron passou a utilizar voos comerciais nas suas deslocações em serviço, incluindo durante a sua Primeira visita a Washington, em Julho passado.
Deve ser irónico que aqueles que mais têm, com algumas sobras para financiar o nosso Orçamento Geral do Estado, é que têm de apertar o cinto enquanto nós, os beneficiários dessa generosidade Ocidental, continuamos a assobiar para o lado, fazendo de contas que a crise não nos afecta.
Numa altura em que o governo deveria esforçar-se em reduzir os seus gastos, continuamos a ver dirigentes a serem acompanhados com escoltas que muito francamente poderiam ser dispensadas. Elas não são absolutamente necessárias, e servem apenas como símbolos de auto-importância. É difícil quantificar a quantidade de combustível gasto nessas escoltas, mas deve ser o suficiente para minimizar as grandes carências que se registam ao nível do Serviço Nacional de Saúde, onde a falta de medicamentos essenciais é notória.
Parte dos problemas que hoje enfrentamos poderiam ter sido previstos atempadamente e tomadas as devidas medidas de precaução para evitar maiores danos. O congelamento do preço do combustível e a fixação da taxa de câmbios, apenas para sossegar o eleitorado, foram medidas que apesar de terem ajudado a ganhar as eleições, causaram profundos danos na economia. O défice acumulado ao longo de dois anos com o congelamento do preço do combustível está a ser pago agora pelas camadas mais pobres da população, e com efeitos retroactivos.
Também não foi de nada útil a teimosia e arrogância cega com que foi tratado o contencioso com os 19 parceiros que contribuem para Orçamento Geral do Estado, matéria sobre a qual na devida altura tivemos a oportunidade de alertar, mas respondidos com a mesma arrogância e petulância, chegando-se ao ponto dos inevitáveis adjectivos.
Hoje não estamos em crise. Somos o rosto da crise. Com uma economia pouco produtiva, dependendo essencialmente de importações, o contínuo deslize do Metical significa a mesma tendência constante no sentido inverso, com os preços dos produtos essenciais a subirem semanalmente em flecha.
O governo fala constantemente do seu empenho na luta contra a pobreza. Contudo, não é possível combater a pobreza sem poupança. E não haverá poupança enquanto os cidadãos tiverem que gastar mais para consumir menos do que consumiam antes.
O governo acredita que parte da solução está na emissão das Obrigações do Tesouro. Mas isso só vai agravar ainda mais a crise, uma vez que os bancos comerciais, que são os maiores subscritores dessas obrigações, irão desviar os recursos com que deveriam financiar o sector privado, cedendo parte da sua liquidez ao governo.
Face à grave situação que enfrentamos, é incompreensível o silencio a que estão remetidos os sindicatos, a sociedade civil e a própria comunidade empresarial. Estas organizações precisam de confrontar o governo e conjuntamente procurar encontrar os melhores mecanismos de governação económica, com benefícios mais amplos, e a longo prazo. Deixar que o governo sozinho se encarrega de decidir sobre o futuro de milhões de moçambicanos será uma forma de suicídio nacional.
Editorial do Savana de 27/08/10, citado no Diário de Um Sociólogo
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