Monday 23 August 2010

300 mil pessoas com fome- Onde? Em... Moçambique

Mo Ibrahim disse, em Maputo, que “não se justificam a fome e a doença que assolam África”. Solução? “Bons líderes, boas instituições e boa governação”

Cerca de 250 mil pessoas de quatro províncias moçambicanas estão sem alimentos, de acordo com um estudo feito pelas Nações Unidas, que estima que existam mais outras 50 mil com fome, em agregados familiares do sul do país.
Francisca Cabral, do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN, Ministério da Agricultura), disse hoje que os maiores problemas de falta de alimentos se registam nas províncias de Tete (norte), Gaza e Inhambane (no sul) e Sofala, no centro do país.
A responsável explica que os números do estudo (feito há alguns meses e agora conhecido) resultaram de uma missão conjunta feita pela Organização das Nações Unidas para e Agricultura e Alimentação (FAO) e pelo Programa Mundial para a Alimentação (PMA), também das Nações Unidas, na sequência “de preocupações do Ministério da Agricultura”.
Francisca Cabral sublinhou que os números não dizem respeito a pessoas que estão a morrer de fome, mas sim a pessoas “com carência alimentar”.
“São pessoas que têm poucos alimentos, que recorrem a estratégias de sobrevivência, aos recursos florestais, consumindo alimentos que não consumiam normalmente”, explicou.
Nalguns distritos moçambicanos, devido a problemas de seca ou de cheias, há pessoas a alimentar-se de bagas silvestres e raízes.
Uma projecção feita em Fevereiro passado pelo Grupo de Avaliação da Vulnerabilidade do SETSAN dava conta de que 460 mil pessoas iriam necessitar de assistência alimentar entre Abril deste ano e Março de 2011. Um aumento de 64 por cento em relação à avaliação que tinha sido feita em Outubro passado.
Terça-feira, a directora do PAM em Moçambique, Lola Castro, alertou para o risco de roptura de assistência alimentar a cerca de 500 mil pessoas, estimando entre 6,2 e 6,9 milhões de euros o montante necessário para a ajuda.
João Ribeiro, director geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), disse também que os 500 mil casos referidos pelo PAM englobam vários tipos de carência alimentar, acrescentando que são pouco mais de 100 mil os casos de carência alimentar grave.
A seca nas províncias do sul e as cheias no vale do Zambeze são as principais causas de situações de fome. O INGC, disse João Ribeiro, montou um sistema de rega que “estará operacional dentro de 15 a 20 dias” e irá “beneficiar muita gente” no vale do rio Zambeze.
No início do mês, o SETSAN começou um novo estudo para “aferir os números reais” e actuais de carência alimentar. Até à sua conclusão o PAM “não está a fazer nenhuma assistência”, disse Bonifácio António, também do INGC.
Francisca Cabral adiantou que os resultados serão conhecidos dentro de poucos dias, explicando que a combinação dos fenómenos de cheias e seca motivaram a falta de produção de alimentos.
“Tivemos casos de três e quatro sementeiras, porque as chuvas caíram muito tarde”, afirmou.

Como diria Mo Ibrahim...

Em Março deste ano, exacatamente em Moçambique, o magnata britânico de origem sudanesa Mo Ibrahim disse que os principais problemas de Áfricse se devem às “falhas monumentais dos líderes africanos após a independência”, explicando sem meias palavras que, “quando nasceram os primeiros Estados africanos independentes, nos anos 50, África estava melhor em termos económicos”.
Mo Ibrahim explicou que “as enormes falhas na governação provocaram o retrocesso”, classificando de “vergonhoso e um golpe à dignidade” a contínua dependência de África em relação ao ocidente, tendo em conta os “recursos impressionantes” que abundam no continente.
“Não se justificam a fome, a ignorância e a doença que assolam África”, enfatizou Mo Ibrahim, para quem a solução terá de pessar obrigatoriamente por “bons líderes, boas instituições e boa governação”, sem os quais “não haverá Estado de Direito, não haverá desenvolvimento”.

Notícias Lusófonas

4 comments:

Anonymous said...

De facto é algo sem sentido mas que é a nossa realidade, a dias li um no blog mozvoz um artigo com igual conteudo e vale a pena ler, embora transcrevo aqui algumas partes
...(...)...
"A república popular de Moçambique bem como a república de Moçambique, sempre produziu e produz quadros, a excepção de juristas que tivemos a faculdade de direito encerrada nos austeros anos da ditadura mono partidária. Pelo que mesmo antes da liberalização da educação universitária, o país produziu agrónomos e veterinários, médicos, enfermeiros e farmacêuticas, biólogos, físicos e químicos, sociólogos e economistas, engenheiros de construção civil e arquitectos, mas continuamos a depender da herança do colonizador e continuamos sem produzir para o nosso próprio sustento, mesmo os nossos meios de comunicação terrestres continuam restritos aos herdados do colonizador e vamos remendando as esburacadas estradas, aqui ali, quando não nos distraímos como foi com a Avenida Juliu Nyerere, a entrada do campus da EUM, orgulhosamente, cobramos portagens pelo uso de alguns troços da estrada nacional, herdada do colono.


Em pleno século XXI, ainda morremos de fome, mesmo com uma vasta e arável terra, não conseguimos produzir para o nosso sustento quer géneros agrícolas, ovinos, caprinos e suínos. O leite, a carne e ate mesmo os mariscos, embora a vasta orla marítima e a imensidade de rios que temos, estes bens continuam escasseando. Mas, além fronteiras na região austral, estes existem e não são escassos nas mesas das famílias." ...(...)
IN... http://mozvoz.blogspot.com/2010/08/povo-pobre-pais-pobre-versus.html

JOSÉ said...

Obrigado pela referencia ao texto dp Mozvoz, sem dúvida interessante.
Penso que devemos questionar como ainda há tanta fome em Moçambique.
Um abraço!

Anonymous said...

Em pleno século XXI não existe razão para ainda haver gente a morrer de fome.
Existe tanta terra arável.
O que está acontecendo?
Uns têm demais, outros não têm nada.
Tempo para se corrigir estes abismos.
Maria Helena

JOSÉ said...

Maria Helena,boa proposta de reflexão!