Monday 15 June 2009

“Quero jazz no meu funeral”


- Ricardo Rangel (1924-2009)


(Maputo) Vão hoje a sepultar os restos mortais do fotojornalista Ricardo Rangel depois de ter tranquilamente abandonado o mundo dos vivos na última quinta-feira.Rangel, entre outras coisas, um “doido” por jazz, terá dito à sua companheira de décadas, Beatrice Kiener, que “não queria choros” no seu funeral, preferindo música de jazz. Eventualmente, nos Paços do Conselho Executivo será feita a sua última vontade, quando a partir das 13.00 horas, aqueles que assim o desejarem poderão despedir-se do homem que, em matéria máquinas fotográficas, sempre preferiu a “Leica” à Nikon.
O casal Rangel passou uma tarde tranquila na última quinta no seu apartamento com vistas para a baía, apesar da excitação de Ricardo por causa dos milhões que envolveram a transferência de Cristiano Ronaldo do Manchester United para o Real Madrid. Beatrice, por volta das 19.40 h., recorda-lhe a hora dos noticiários. Notícias no plural porque ele “era um mudador”, a expressão da sua neta traduzindo o “zapping” entre canais com o auxílio do controle remoto. No dia 11 não houve noticiário para o Rangel. Albertino Adamasceno, o cardiologista amigo da família, confirmava pouco depois das 20.00 horas a morte do homem que deixa ao país um dos mais dramáticos legados documentais sobre o colonialismo.
Inconformado e apaixonado, Rangel vivou intensamente o período revolucionário do pós-independência, mas em 1990, chocado com a “omissão” da liberdade de imprensa no primeiro “draft” da Constituição da República, faz parte do grupo restrito de jornalistas que preparou o histórico documento “o direito do povo à informação”.Preocupado com a morte lenta de Maputo, dá a cara pelo grupo “Juntos pela Cidade” nas primeiras autárquicas disputadas no país.
Não se sabe ainda se Rangel terá direito ao estatuto oficial de “herói nacional”.

FONTES:
Texto - Savana
Foto - Canal de Moçambique

2 comments:

Anonymous said...

Excelente fotografo/jornalista! Tambem adoro jazz! A familia deve estar destrocada! Paz a sua alma!
Maria Helena

JOSÉ said...

Um grande vulto da cultura moçambicana partiu, fica a memória!

Dependendo do mood, tambem gosto de algum Jazz!