Thursday 11 June 2009

“Meu atentado foi um crime organizado”


Daviz Simango na primeira pessoa

* Presidente substituto da Comissão de Defesa e Segurança da Assembleia da República acusado de dirigir a operação

“Os atacantes são guardas do líder da Renamo, Afonso Dhlakama que vieram ao local à paisana” – Júlio Denja, chefe das Operações e Segurança Públicas no Comando da PRM em Nampula “O que aconteceu em Nacala-a-Porto foi uma provocação do MDM” – Arnaldo Chalaua, porta-voz da Renamo em Nampula “A operação de «assalto» e atentado à vida do presidente do MDM, realizou-se sob o comando do Deputado da Assembleia da República pela Bancada Parlamentar da Renamo-União Eleitoral e Presidente Substituto da Comissão de Defesa e Ordem Pública, Senhor Manuel Francisco Lole” – comunicado do MDM distribuído ontem em Maputo



Nampula (Canal de Moçambique) – Como ontem noticiámos, o presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, escapou ileso, esta terça-feira, na cidade de Nacala-Porto, no litoral da província de Nampula, a um atentando, de que estão a ser acusados de o ter perpetrado, elementos da segurança do líder da Renamo, Afonso Dhlakama. O próprio visado pelo que é visto como uma tentativa de homicídio, contou na primeira pessoa ao «Canal de Moçambique» como tudo aconteceu e disse considerar que “a atitude dos membros de segurança da Renamo passou de uma perseguição política. Já é um crime organizado”.
“Tudo aconteceu por volta das 14 horas da última terça-feira”, disse-nos o presidente do MDM que explicou que a frustração da tentativa foi graças a pronta intervenção de um dos membros da Polícia da República de Moçambique, PRM, que na altura reforçava o contingente que garantia a sua segurança.
Simango avançou que “o agente da PRM foi muito corajoso porque foi ele que em Nacala-a-Velha conteve os ânimos dos atacantes da Renamo”.
“Quando nós íamos a sair de Nacala-a-Velha para Nacala-Porto encontrámos o deputado da Assembleia da República, Manuel Lole, que depois de o ultrapassarmos fez a inversão da marcha para recolher os homens que tinham como missão acabar com a minha pessoa”, disse Daviz Simango ao «Canal de Moçambique».
“Chegados em Nacala-a-Porto, cerca de quinze minutos após se juntarem as pessoas no local do comício, chegaram os homens de segurança do líder da Renamo, numa viatura 4x4 pertença de um deputado da Assembleia da República. Estavam munidos de armas de fogo”, prosseguiu o presidente do MDM e presidente do Conselho Municipal da Beira.
“Apercebendo-se do que estava a acontecer (o elemento da PRM) evacuou-me para outra viatura, tendo ficado no meu carro com o meu ADC (ajudante de campo). Na altura que tentaram me atingir, lá estava ele e o motorista” – conta Daviz Simango. A viatura era um Pajero de cor branca. Depois do ataque ficou sem o vidro da porta esquerda, do lado do passageiro, tal como apurou a reportagem do «Canal de Moçambique».
Depois dos atacantes arrancarem a arma ao elemento da Polícia no local do incidente, o acto seguinte foi o roubo do aparelho sonoro e outros equipamentos do MDM. E, ainda mais: vandalizaram o local do comício, provocando agitação no seio dos munícipes da autarquia.

“É um crime organizado”

O líder do MDM caracteriza o ocorrido como sendo um crime organizado, porque para ele “já deixou de ser uma perseguição política”.
“Esta atitude demonstra que a Renamo passou dos seus limites e deve ser punida pelos seus actos”, sugere Daviz Simango, o alvo a abater.
“É comando directo de Dhlakama”. “Vamos processa-los”, afirmou peremptoriamente Daviz Simango.
A comitiva do presidente do MDM, acto contínuo às escaramuças provocadas pelo grupo que agora está a ser acusado de ter empreendido a tentativa frustrada de assassinato do engenheiro Daviz Simango, foi obrigada a refugiar-se nas instalações do Comando Distrital da PRM em Nacala-Porto.
Depois dos acontecimentos, como medida de segurança o líder do MDM interrompeu a visita que vinha efectuando aos distritos de Nampula tendo regressado na tarde de ontem, quarta-feira, à cidade da Beira. Tem agora agendado escalar a província de Cabo Delgado, na próxima semana. Em Nampula, Simango visitou os distritos de Memba, Nacala-Velha, Nacala, tendo ficado gorada a visita à Ilha de Moçambique e Angoche, Nametil e Mogovolas.

“Os atacantes são guardas de Afonso Dhlakama”

O chefe das Operações e Segurança Pública, no Comando Provincial da PRM em Nampula, Júlio Denja, contactado pela Reportagem do «Canal de Moçambique» confirmou a ocorrência e disse que “os atacantes são guardas de Dhlakama que se dirigiram ao local à paisana”.
Ainda de acordo com Denja, a arma retirada das mãos do agente da PRM na ocasião, “foi recuperada na casa onde o líder da Renamo, Afonso Dhlakama está hospedado em Nacala-Porto, no bairro Bloco I, na cidade Alta”.
“A recuperação foi graças ao Major Daniel que é o chefe da Segurança de Afonso Dhlakama que entregou a mesma à Polícia”, disse a fonte do Comando Provincial da PRM ao «Canal de Moçambique».
A mesma fonte disse ainda que, contrariamente ao que chegou a ser confirmado em Nacala, é falso que haja detidos relacionados com o caso. “Não há detidos em conexão com o caso. Ainda não foi localizado ninguém”.
“Neste momento ainda decorre a investigação”, afirmou o porta-voz do Comando Provincial da PRM em Nampula.
Entretanto, segundo ele, “já foi aberto um auto criminal, ainda no mesmo dia, com o número 203/09 e o processo da investigação está já seguindo os seus trâmites legais”, garante o porta-voz.

“Foi uma provocação do MDM”

O «Canal de Moçambique», na cidade de Nampula, dirigiu-se à delegação política provincial da Renamo para ouvir daquele partido a sua posição perante os acontecimentos de Nacala.
Arnaldo Chalaua, porta-voz da Renamo em Nampula, responsabilizou pela ocorrência o MDM. Alega que “eles sabiam que o presidente Dhlakama está aqui. Iam fazer o quê?”.
Quando questionado se confirmava que os atacantes de Daviz Simango são da segurança do líder do partido Renamo, Afonso Dhlakama, o nosso interlocutor, Arnaldo Chalaua, pautou-se pelo silêncio.


Comunicado do MDM distribuído ontem

Entretanto, em comunicado distribuído ontem ao princípio da noite em Maputo, o MDM em que conta a sua versão. Refere que “de acordo com a programação previamente organizada pela Delegação Provincial”, Daviz Simango esteve no distrito de Memba no dia 8 de Junho do corrente ano, dando inicio à sua actividade política por alguns distritos de Nampula. “Em Memba os trabalhos políticos correram sem sobressaltos”.
“No dia seguinte, 9 de Junho, a comitiva Presidencial do MDM chegou pelas 12h à Cidade de Nacala-Velha e trabalhou com a Delegação Política Distrital, bem como com a população presente, durante uma hora e, seguidamente, a comitiva partiu para Nacala-Porto”. “Após os cumprimentos de boas vindas, pelas 13h45, dirigiram-se ao local previamente preparado, para o Comício. No local, protocolarmente, o presidente foi apreciando as várias danças apresentadas pelos grupos culturais presentes” e “quando obedecia a este ritual, chegaram alguns elementos da Renamo e alguns guardas do Sr. Afonso Dhlakama, devidamente armados com armas de fogo do tipo pistola”. “Os mesmos faziam-se transportar em três carrinhas cabine dupla, sendo duas de cor azul e uma de cor cinzenta clara metalizada, todas elas ostentando bandeiras do Partido Renamo. Invadiram o espaço, rasgaram bandeiras do MDM, agrediram agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), tendo arrancado a arma de fogo a um dos agentes da PRM, que foi em seguida usada, atingindo a viatura do presidente do MDM, assistindo-se, assim, a uma operação de caça ao Homem”.

Deputado Manuel Francisco Lole

A certa altura o MDM responsabiliza nominalmente quem na sua óptica dirigiu as operações. “De acordo com as testemunhas oculares presentes”, lê-se no comunicado emitido ontem em Maputo, “a operação de «assalto» e atentado à vida do presidente do MDM, realizou-se sob o comando do Deputado da Assembleia da República pela Bancada Parlamentar da Renamo-União Eleitoral e Presidente Substituto da Comissão de Defesa e Ordem Pública, Senhor Manuel Francisco Lole.” “Neste atentado à vida do Presidente do MDM, além dos ferimentos causados aos simpatizantes e agente da PRM presentes e danos aos bens materiais que se encontravam no local, os assaltantes refugiaram-se na residência do Sr. Afonso Dlhakama, em Nacala Porto”, afirma o MDM.
O MDM confirma que o seu presidente “e membros da sua comitiva foram obrigados a se retirar do local para o Comando da Polícia da República de Moçambique, da Cidade de Nacala-Porto”.
O MDM acusa “os elementos da Renamo e da guarda do Sr. Afonso Dhlakama e em particular, do referido Deputado da Assembleia da República Senhor Manuel Francisco Lole” de serem os autores do “atentado” e dizem tratar-se de “uma demonstração clara da incapacidade de alguns elementos da Renamo e, quiçá, da sua liderança em aceitar a democracia multipartidária, debate político e falta de conhecimento dos princípios gerais de um Estado de Direito”.

MDM pede justiça

No comunicado o MDM “exige que as autoridades policiais e judiciais tomem as devidas medidas no sentido de se fazer justiça” e apela “à Sociedade Civil, às Autoridades Civis de Moçambique, à Comunidade Internacional e ao Corpo Diplomático acreditado em Moçambique” para terem atenção aos “perigos que atitudes desta natureza acarretam para a continuidade da Paz, harmonia social e desenvolvimento sócio-económico em Moçambique”. Por fim “solidariza-se” com o agente da PRM ferido, desejando-lhe rápidas melhoras.

( Aunício da Silva, Canal de Moçambique, 11/06/09 )

4 comments:

Anonymous said...

Nao e so o MDM que pede justica, todos os que acreditamos numa democracia para TODOS em Mocambique, tambem pedimos que a justica seja feita neste caso. Se o mesmo se passasse com um membro da Frelimo, a historia mudaria logo de cor e figura... Imunidade para uns, forma de tratamento diferente para outros, ou uma questao de justica somente para os membros ferranhos da Frelimo? Maria Helena

Anonymous said...

Nao compreendo os que ainda continuam na Renamo... sao coniventes com este atentado, pois 'tao ladrao e o que vai a vinha, como o que fica ao portao'. Agora nao venham com a historia de moralidade ou dever acima de tudo, pois estao colaborando com criminosos e opressores. Maria Helena

JOSÉ said...

Sem duvida, queremos Justiça, esta barbaridade nao pode ficar impune.
Tambem temos de estar atentos ao aproveitamento politico que a Frelimo faz destes casos. Ja ouvimos a opiniao do seu porta-voz, Edson Macuacua.
Continuamos esperando pela versao da Renamo, ate agora o que dizem nao faz sentido.

Unknown said...


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