… O porta-voz bancada da Renamo-União Eleitoral, José Manteigas, diz que a bancada da Frelimo aliou-se ao governo para fazerem discursos provocadores, evitando dessa forma que o governo respondesse às questões levantadas pelos deputados da oposição .
Maputo (Canal de Moçambique) – A sessão de ontem de insistência ao governo no Parlamento, terminou em festa para a bancada da Frelimo e membros do governo. Os deputados da bancada do partido governamental, Frelimo, despiram-se de qualquer máscara e manifestaram o seu apoio total e incondicional ao governo. Entre os discursos dos deputados da Frelimo e da primeira-ministra, os deputados da Frelimo, com apoio em aplausos e gritos dos ministros presentes, levantavam-se dos seus assentos e entoavam cânticos à mistura com palavrões de provocação aos deputados da bancada da oposição. Foi verdadeira aliança entre o governo e os chamados representantes do povo da bancada da Frelimo. O pretexto da festa era de que “a pobreza está a ser vencida em Moçambique e a Renamo morreu politicamente”.
Elogios ao governo
A sessão de ontem estava reservada às questões de insistência às respostas dadas pelo governo ontem e na véspera. Entretanto, do lado da Frelimo, não houve nenhuma questão de insistência. Houve sim muitos elogios ao desempenho do governo. Para o governo e para a Frelimo está tudo bem no País.
Danilo Ragú, deputado da Frelimo, invocou, por exemplo, “a melhoria do abastecimento de água, das condições de transporte de passageiros e bens na província de Gaza” (seu círculo eleitoral), como sendo sinais de que as condições de vida dos moçambicanos melhoraram. Embora não seja essa a percepção da esmagadora maioria da população, foi assim que se celebraram os sucessos enumerados.
Ragú disse ainda que nos distritos de Mabalane, Massangene e Xigubo “hoje as pessoas são transportadas em condições confortáveis e de comodidade, contrariamente ao que se verificava no início do quinquénio, em que as pessoas eram transportadas em camiões, juntamente com gado”. No quinquénio anterior o País foi governado sob liderança de Joaquim Chissano, presidente da Frelimo e presidente da República que antecedeu Armando Guebuza no poder. Entrando na senda de provocações, o deputado Ragú apelidou os seus pares da bancada da oposição de “míopes e de estarem ao serviço de alguns cidadãos incautos”.
Alegou que “os deputados da Renamo utilizam água canalizada; usam corrente eléctrica; circulam em estradas asfaltadas; usam telemóveis; televisores… no entanto, reclamam que no País não há água, luz, vias de acesso transitáveis…”.
“Nós temos, mas o povo não tem”
A resposta ao deputado da Frelimo não tardou a chegar. Veio de Luís Boavida, da Renamo-UE. O deputado disse que “é verdade que dispomos de tudo o que o senhor deputado Ragú enumerou, mas isso não é o suficiente para nós se o povo ainda não tem acesso a esses bens fundamentais”. “A Renamo preocupa-se com o povo”, rematou Luís Boavida.
Persistência de bolsas de fome
Continuando já com questões dirigidas ao governo, Luís Boavida disse: “não é porque como na minha casa que não vou falar de fome”. Boavida, de seguida questionou a razão porque persistem bolsas de fome no distrito de Memba e na cidade de Nacala-a-Velha, em Nampula, se nos distritos de Ribáuè e Melema, na mesma província, se regista fartura em produtos agrícolas. Considerou que por um lado a “comercialização de produtos agrícolas em Moçambique é garantida por vendedores de «Dumba Nengues», essencialmente constituídos por senhoras provenientes da região sul do país. Questionou, portanto, porque razão o governo não financia a comercialização dos produtos agrícolas.
Continuando, o deputado da Renamo pediu, por outro lado, explicação ao ministro da Agricultura, sobre o que foi desenvolvido no âmbito da “Revolução Verde”. Questionou igualmente porque razão já não se fala da produção de Jatropha.
“São tribalistas e querem dividir o país”
Edmundo Galiza Matos, deputado da Frelimo, já que deputados da sua bancada não faziam nenhuma questão de insistência ao governo, pediu a palavra para acusar seus pares da oposição de “tribalistas, regionalistas e de pretenderem dividir o País”. Disse que “os deputado da Renamo estão em delírio dos seus últimos dias do ciclo de vida”. Aproveitou a notável ausência de muitos deputados da Renamo na sessão, para dizer que os mesmos abandonaram o partido liderado por Afonso Dhlakama.
Assim foi decorrendo a sessão, com os deputados da Frelimo a manifestarem o seu apoio ao governo e elogios ao presidente da República, que é igualmente presidente da Frelimo, e a acusarem a Renamo de falência política. Por sua vez os deputados da Renamo não reconheciam nenhuma realização do governo e acusavam a bancada da Frelimo de estar aliada ao governo para juntos promoverem desmandos.
Cumprimos com o Plano Quinquenal
Entretanto, até ao fim da sessão, os ministros não mais se levantaram para responder às perguntas de insistência levantadas pelos deputados da Renamo, a cada pelouro. Foi a primeira-ministra, Luísa Diogo, que se levantou para encerrar a sessão e dizer que o governo cumpriu com a sua missão. “Nesta que é a última presença do presente governo no Parlamento, na presente legislatura, quero afirmar que o governo sai daqui com o sentimento de que cumprimos com a nossa missão. Cumprimos com o nosso Plano Quinquenal que aqui apresentamos no dia 30 de Março de 2005”, disse a primeira-ministra.
Bancada da Frelimo aliou-se ao governo
Convidado a avaliar aquilo que foi a última presença do governo na Assembleia da República para efeitos de prestação de contas, o porta-voz da Bancada da Renamo-UE acusou os deputados da Frelimo de terem-se aliado ao governo a obstruir a prestação de contas do governo no Parlamento.
Disse não ser verdade que a Renamo não reconhece nada que o governo tenha feito no quinquénio que está prestes a findar, só que no entender da Renamo, “o que se fez é muito pouco em relação ao que se prometeu e nós queríamos que o governo assumisse isso!”, disse o deputado.
Assim terminou a última sessão de prestação de contas do actual governo no parlamento, nesta 6ª legislatura. O próximo governo a apresentar Plano Quinquenal para 2010-2014 será indicado pelo presidente que vencer as próximas eleições já marcadas para 28 de Outubro do corrente ano. Para a Assembleia da República haverá também eleições na mesma data.
( Borges Nharrime, Canal de Moçambique, 05/06/09 )
2 comments:
Politica - um jogo muito sujo, aqui recheado de acusacoes mutuas. A Frelimo cumpriu o que??? Um descarrilhar de barbaridades... O maior cego, realmente, e o que nao quer mesmo ver em frente do seu nariz. Maria Helena
Para além dos falsos sucessos, é uma vergonha nacional o comportamento da Frelimo na casa que deveria sem um símbolo da democracia.
Um escandalo!
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