Thursday 4 June 2009

GLÓRIA DE SANT'ANNA 1925-2009



Morreu hoje (02/06/09) Glória de Sant’Anna, cuja obra é um testemunho de revalorização do silêncio (cf. Steiner) em meio da balbúrdia universal. Natural de Lisboa, viveu em Moçambique entre 1951 e 1975. Toda a vida foi professora, mantendo regular colaboração na imprensa moçambicana. No regresso a Portugal radicou-se em Ovar. Da sua obra destaco Livro de Água (1961), que recebeu o Prémio Camilo Pessanha da Academia das Ciências de Lisboa. O conjunto da sua poesia foi editado em 1988 pela Imprensa Nacional: Amaranto. Poesia 1951-1983, volume que inclui o livro inédito Cantares de Interpretação, escrito depois de deixar África. Glória de Sant'Anna pertence por direito próprio à geração de poetas portugueses que a tradição associa à poesia feita em Moçambique: Rui Knopfli, Reinaldo Ferreira, Sebastião Alba, João Pedro Grabato Dias, Lourenço de Carvalho e outros. Em 1975, antes de deixar Moçambique, publicou um livro de crónicas: Do Tempo Inútil.
Deixo aqui quatro versos em que cabe toda a sua ars poetica:

A essência das coisas é senti-las
tão densas e tão claras,
que não possam conter-se por completo
nas palavras.


É preciso dizer mais?

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