Por atropelos às regras democráticas
– afirma ministro britânico
"...neste momento de recessão mundial é a democracia e prestação de contas que vão, em última instância, conduzir para a estabilidade e crescimento. Temos visto uma tendência realmente positiva em direcção à realização das eleições em países africanos (...), mas esta tendência de eleições, infelizmente ainda não é acompanhada de um profundo compromisso com a democracia e prestação de contas e com a boa governação logo depois que as eleições terminam” - ministro britânico para África, Lorde Mark Malloch-Brown, em palestra que proferiu ontem no Centro de conferências Joaquim Chissano, em Maputo.
Maputo (Canal de Moçambique) – O ministro britânico para África, Lord Mark Malloch-Brown, disse ontem, em palestra que proferiu em Maputo, que os governantes africanos constituem uma vergonha para o seu país, pela violação clara e propositada de regras democráticas. “... a África coloca de forma consistente o Reino Unido numa vergonha. É que, de uma certa forma muito clara nas eleições, muitos governos (africanos) continuam a não honrar a sua parte de compromisso entre o Estado e o cidadão. Os vencedores continuam demasiado felizes por literalmente levarem tudo”.
Foi assim que se caracterizou a palestra do ministro britânico, que perante um auditório preenchido essencialmente por académicos, imprensa e políticos, não poupou críticas aos governantes africanos, e resumindo disse que a salvação da África perante a crise que afecta a economia mundial “deve vir da própria África e só se vai efectivar com boas práticas dos governantes”. A palestra proferida pelo ministro britânico Mark Malloch-Brown, cujo tema foi “África resistindo a intempéries e mapeando a recuperação”, durou cerca de uma hora e meia. Depois seguiu-se ao momento de debate e a conferência de imprensa. Foi coerente em todas suas intervenções, defendendo essencialmente que a África deve olhar para si mesma para se salvar da crise.
Democracia e prestação de contas
Naquilo que foi um dos últimos pontos da sua abordagem, o ministro apontou para a necessidade dos países africanos abraçarem a democracia no seu verdadeiro sentido, como uma das medidas para salvarem o continente da crise. Disse ser também importante a implementação efectiva da democracia e da prestação de contas aos cidadãos. Criticou os partidos políticos que “continuam a negar o seu acesso aos media”. Disse que em África a liberdade dos media, da sociedade civil e dos parlamentos é bastante limitada e os estados não estão a criar sistemas e instituições de prestação de contas. Foi perante estes factos que o ministro britânico para África concluiu que “os governos africanos envergonham o Reino Unido”.
(Borges Nhamirre, Canal de Moçambique, 10/11/09 )
2 comments:
Os governos africanos tambem envergonham todos nos, os que acreditamos na transparencia e na prestacao de contas, mas a corrupcao em Africa passa a fazer parte da 'cultura' ou 'tradicao', um flagelo que devemos combater. Mas quando isso ira acontecer? Cabe aos governos tomarem medidas rigorosas neste aspecto. Maria Helena
Eu afirmo sempre que a salvação de Africa é o aprofundamento da democracia, com a consequente seriedade e transparencia.
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