Thursday 11 June 2009

Governantes africanos envergonham

Por atropelos às regras democráticas
– afirma ministro britânico


"...neste momento de recessão mundial é a democracia e prestação de contas que vão, em última instância, conduzir para a estabilidade e crescimento. Temos visto uma tendência realmente positiva em direcção à realização das eleições em países africanos (...), mas esta tendência de eleições, infelizmente ainda não é acompanhada de um profundo compromisso com a democracia e prestação de contas e com a boa governação logo depois que as eleições terminam” - ministro britânico para África, Lorde Mark Malloch-Brown, em palestra que proferiu ontem no Centro de conferências Joaquim Chissano, em Maputo.
Maputo (Canal de Moçambique) – O ministro britânico para África, Lord Mark Malloch-Brown, disse ontem, em palestra que proferiu em Maputo, que os governantes africanos constituem uma vergonha para o seu país, pela violação clara e propositada de regras democráticas. “... a África coloca de forma consistente o Reino Unido numa vergonha. É que, de uma certa forma muito clara nas eleições, muitos governos (africanos) continuam a não honrar a sua parte de compromisso entre o Estado e o cidadão. Os vencedores continuam demasiado felizes por literalmente levarem tudo”.
Foi assim que se caracterizou a palestra do ministro britânico, que perante um auditório preenchido essencialmente por académicos, imprensa e políticos, não poupou críticas aos governantes africanos, e resumindo disse que a salvação da África perante a crise que afecta a economia mundial “deve vir da própria África e só se vai efectivar com boas práticas dos governantes”. A palestra proferida pelo ministro britânico Mark Malloch-Brown, cujo tema foi “África resistindo a intempéries e mapeando a recuperação”, durou cerca de uma hora e meia. Depois seguiu-se ao momento de debate e a conferência de imprensa. Foi coerente em todas suas intervenções, defendendo essencialmente que a África deve olhar para si mesma para se salvar da crise.

Democracia e prestação de contas


Naquilo que foi um dos últimos pontos da sua abordagem, o ministro apontou para a necessidade dos países africanos abraçarem a democracia no seu verdadeiro sentido, como uma das medidas para salvarem o continente da crise. Disse ser também importante a implementação efectiva da democracia e da prestação de contas aos cidadãos. Criticou os partidos políticos que “continuam a negar o seu acesso aos media”. Disse que em África a liberdade dos media, da sociedade civil e dos parlamentos é bastante limitada e os estados não estão a criar sistemas e instituições de prestação de contas. Foi perante estes factos que o ministro britânico para África concluiu que “os governos africanos envergonham o Reino Unido”.


(Borges Nhamirre, Canal de Moçambique, 10/11/09 )

2 comments:

Anonymous said...

Os governos africanos tambem envergonham todos nos, os que acreditamos na transparencia e na prestacao de contas, mas a corrupcao em Africa passa a fazer parte da 'cultura' ou 'tradicao', um flagelo que devemos combater. Mas quando isso ira acontecer? Cabe aos governos tomarem medidas rigorosas neste aspecto. Maria Helena

JOSÉ said...

Eu afirmo sempre que a salvação de Africa é o aprofundamento da democracia, com a consequente seriedade e transparencia.