Monday 8 June 2009

"O povo está cansado do regime”


Daviz Simango, ao discursar em Nampula, na abertura da II Sessão do Conselho Nacional do MDM

• Não foi eleito o Secretário-Geral • Confirmado que o presidente do partido é candidato à Presidência da República

Nampula (Canal de Moçambique) - Teve lugar no último fim-de-semana, em Nampula, a chamada capital do Norte, a 2.ª Sessão do Conselho Nacional do recém criado «MDM - Movimento Democrático Moçambicano». Falando, no sábado, na abertura do evento, o presidente da organização, eng.º Daviz Simango, que é simultaneamente presidente do Conselho Municipal da Beira, salientou que “o povo está cansado do regime”. E depois de agradecer aos “companheiros” de Nampula o desafio de organizarem o Conselho Nacional, situou o evento como uma iniciativa que iria “definir estratégias importantes num ano eleitoral de risco para a Democracia Moçambicana”.
Ainda na tarde de sábado, logo após a chegada do presidente do MDM a Nampula, alguns membros e simpatizantes da Frelimo passaram em frente do hotel onde decorreu a II Sessão do Conselho Nacional do MDM, com panfletos do «batuque e da maçaroca» colados nos seus carros, mesmo não estando a decorrer nenhum evento da Frelimo. Não houve distúrbios. “Aquilo é medo, eles estão com medo de nos enfrentar, dai pensam que vão nos ameaçar ou até mesmo nos intimidar” – comentavam os membros do MDM. Entretanto, nesta sessão do Conselho Nacional do MDM foi aprovado o Manifesto Eleitoral e a Estratégia Eleitoral, assim como os mecanismos de eleição dos candidatos à Assembleia da República e Assembleias Provinciais, respectivamente.
De acordo com o comunicado final da II Sessão em poder da reportagem da delegação do «Canal de Moçambique» em Nampula, “estas decisões conduzem o Partido a uma outra etapa de luta, em que toda concentração deve residir numa única estratégia: a de participar efectivamente nas eleições e vencê-las”.
O mesmo documento, refere que “ninguém deve excluir outro”. Este detalhe foi a resposta do partido a certas disputas internas protagonizadas por alguns membros que aspiram cargos sem irem por via de eleições internas. Isso tem sido aproveitado pelos adversários da mais nova organização política.
“Devemos ter a consciência de que o Partido precisa de todos. Precisa de mulheres, homens e jovens. Todos são úteis para o engrandecimento do MDM. Ninguém é mais importante do que outro; e ninguém é menos importante do que outro!”, lê-se no documento final que foi passado à imprensa.
A juventude teve um tratamento especial durante os debates.

Daviz candidato presidencial


Um outro dado avançado foi que o presidente do partido, Daviz Simango, foi eleito por unanimidade como candidato às eleições presidências de 28 de Outubro próximo, pelo MDM.
Está assim confirmado que na corrida à Ponta Vermelha Daviz Simango irá disputar o cargo com Armando Guebuza, da Frelimo, Afonso Dhlakama, da Renamo. Nas últimas eleições que Guebuza venceu, em 2004, só teve um adversário: Afonso Dhlakama. “Esta decisão do Conselho Nacional tem um significado importante e histórico, e traduz que o Partido esta pronto para governar, o Partido tem um programa politico e sócio económico para Moçambique e apresenta soluções para os problemas que o pais enfrenta dia a dia derivados da má gestão dos fundos públicos; da politica fiscal punitiva; ausência de politicas de promoção de pequenas e médias empresas; ausência de uma politica agrária; ausência de uma estratégia que possa promover a Juventude e a Mulher dando-lhes a oportunidade de educação e auto emprego”.
No seu discurso de encerramento, Daviz Simango, reconheceu ser “dura a missão” de que foi encarregue, mas disse acreditar que “com o envolvimento de todos será possível vencer todos os obstáculos, assim como a história registou a revolução 28 de Agosto do ano passado”, momento em que houve uma séria cisão na Renamo dando origem a que uma parte viesse a promover a criação do MDM já com a comparticipação de outros cidadãos, com ou sem filiação em outros partidos até então.
Daviz disse que “passados todos estes anos, Moçambique precisa de uma alternância democrática, começando na Ponta Vermelha, passando pela 24 de Julho, onde é exercido o Poder Legislativo, e de uma nova forma de estar de correlação de forças nas Assembleias Provinciais”.
“Os moçambicanos merecem esta nova situação democrática, um governo diferente e um novo presidente, para imprimir uma nova dinâmica”, afirmou o candidato do MDM à Ponta Vermelha salientando que “por isso é correcto dizer que os próximos meses são decisivos para a Democracia e a vida dos Moçambicanos”.
O candidato salientou que “as moçambicanas e moçambicanos terão que decidir o futuro, entre continuar a perder emprego; a assistir a falências das empresas; a ver reduzido o poder de compra; a assistir à discriminação económica e política; a medidas de partidarização do Estado e chantagens permanentes aos funcionários do Estado; e a exclusão social… ou um regime de Democracia participativa, Estado de Direito, Administração Pública Profissional, Solidariedade Social, Credibilidade da Justiça, Defesa da Propriedade Privada e Impostos ao serviço de promoção do Desenvolvimento”.
No fim da tarde de ontem, Daviz Simango e comitiva efectuaram um comício popular no bairro de Namicopo, arredores da capital do norte. Teve uma moldura humana considerável.
Repetidas vezes, o presidente do MDM pediu aos presentes para actualizem os seus cartões de eleitores. “É a condição base para votar”. “Este é um ano decisivo para a democracia moçambicana”. “Todos devem ir votar”. “No voto reside a mudança”, salientou.
No comício, dezenas de cidadãos renunciaram a membros de outros partidos, com destaque para a Renamo e Frelimo e desta forma se juntaram ao MDM. Algumas pessoas pediram a Daviz Simango para não enfraquecer. “Que não seja como os outros políticos que um dia já foram a esperança deste país”.


“Tentativas de sabotagem”


Algo estranho começou a acontecer logo que a comitiva presidencial do MDM chegou à cidade de Nampula. Pela operadora Mcel já não era possível efectuar nenhuma chamada. A situação agravou-se por voltas das 20h de sábado. Entretanto tudo parou, até à noite de ontem. Para o governo ficou o ónus. “São politiquices de quem tem a faca e o queijo na mão”, ouvia-se. “Houve uma mão da Frelimo para que a comunicação dificultasse os trabalhos do MDM”, foi outra afirmação que registámos. Mas se foi essa a intenção, a mesma caiu em terra, porque a Vodacom estava a funcionar em pleno. As TDM ontem à noite esclarecia o sucedido. Alegou que a MCel deixou de funcionar em chamadas do Sul para o Centro e Norte do País devido a uma “avaria no cabo de fibra óptica registada na zona do Tofo”, em Inhambane.
A Mcel, na cidade de Nampula, não produziu qualquer comunicado. No resto do País e a nível central, também não. Ficou por perceber como é que a avaria na fibra óptica só afectou a Mcel e não afectou a Vodacom.
A Renamo, em Nampula, não se conseguiu conter com a presença dos membros do Conselho Nacional do MDM. Arranjou motivos suficientes para criar brigas com os membros e simpatizantes do MDM. Mas foi em vão. Não conseguiram réplica. Elementos que se presuma serem da Renamo destruíram o alpendre do local do comício para tentar a não concretização do evento. Mas Daviz Simango falou da caixa de um 4x4.

( Aunício da Silva, Canal de Moçambique, o8/06/09 )

2 comments:

Anonymous said...

Sempre havera tentativas de sabotagem, sabemos que temos de estar sempre vigilantes e atentos. D. Simango tem todas as caracteristicas de um lider nato, penso que e algo que herdou de seus Pais. Maria Helena

JOSÉ said...

Na verdade, este momento exige vigilancia redobrada, mas percebemos muito bem porque toda esta agitação à volta do MDM e Daviz! Muita gente sente-se ameaçada!