Friday 8 February 2013

Nova vaga de chuvas à vista: Áreas de inundações devem ser desocupadas

ELEVADOS escoamentos provenientes a montante, nomeadamente da Zâmbia e do centro e nordeste do Zimbabwe, poderão criar um impacto significativo no aumento dos níveis de água em rios como Zambeze, Save, Púnguè e Limpopo. É neste quadro que as autoridades gestoras dos recursos hídricos chamam a atenção para que a população se retire das áreas susceptíveis a inundações
Estes impactos, segundo Rute Nhamucho, chefe do Departamento de Recursos Hídricos na Direcção Nacional de Águas, poderão se fazer sentir em território nacional a partir do próximo domingo.
Na análise feita por Sérgio Buque, do Instituto Nacional de Meteorologia, estas chuvas resultam da actividade da chamada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que nos meses de Janeiro a Março é responsável pela abundante pluviosidade na região Centro/Norte do país e em nações como Zimbabwe, Malawi e Zâmbia.
É neste quadro que até o dia nove de Fevereiro esperam-se chuvas em regime forte e localmente muito fortes em Tete, Zambézia e parte sul da província de Nampula.
As trovoadas e chuvas fortes (mais de 50 milímetros em 24 horas) far-se-ão sentir com maior intensidade no norte de Tete (distritos de Zumbo, Marávia, Chifunde, Macanga, Angónia e Tsangano), extremo norte da Zambézia (distritos de Milange, Lugela, Namarrói, Gurué e Alto Molócuè) e sul de Nampula (Malema e Ribáuè).
Face a esta previsão, as autoridades na Zambézia estão a acelerar a retirada das pessoas das áreas de risco para os bairros de reassentamento e a intensificar a divulgação de medidas de prevenção.
Aliás, o director-geral do Instituto Nacional de Gestão das Calamidades (INGC), João Ribeiro, encontra-se desde terça-feira na Zambézia para com as autoridades locais articular os mecanismos de reforço das medidas de mitigação num quadro da crescente fragilidade devido à persistência das chuvas na região.
Em termos gerais, segundo dados partilhados ontem na reunião do Conselho Técnico de Gestão das Calamidades em Maputo, Nampula, Zambézia, Inhambane, Gaza e Maputo são as províncias que ainda mantêm vivas as marcas da presente época chuvosa que afectou, em todo o país, 212.943 pessoas, das quais 151.122 estão nos centros de acomodação.
A província de Gaza, particularmente, é a mais afectada, porque as cheias assolaram o vale do Limpopo, bastante povoado, conhecidas que são as suas potencialidades agrícolas.
Basta dizer que mesmo num quadro de melhoria geral da situação (os níveis dos rios baixaram significativamente) continuam nos centros de acomodação 140.213 pessoas, um quadro motivado pelo facto de a maioria ter perdido tudo, tendo que recomeçar a vida preferencialmente em zonas consideradas seguras.
No terreno os esforços estão direccionados para o programa de reassentamento, identificação de áreas e parcelamento de terra para início do processo de reconstrução e recuperação dos deslocados.
No entanto, ainda prevalecem alguns desafios, nomeadamente no que se refere às infra-estruturas, cuja recuperação vai levar tempo, apesar da urgência que já se sente, particularmente no que se refere às vias de acesso, que permitem a movimentação de pessoas e bens.
Basta referir que devido ao mau estado das vias carvoeiros há que continuam retidos nas zonas de corte, muitas delas situadas a norte de Gaza, porque ainda não é possível transportar a mercadoria para os grandes centros de consumo situados na cidade de Maputo, onde o preço do carvão e lenha mostra sinais de incremento.
Nas zonas de reassentamento também faltam estacas para acelerar a construção de abrigos e também de latrinas. Neste momento estão em curso diligências para trazer aquele material de construção a partir da província de Inhambane.

Osvaldo Gêmo, Notícias

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