O FORNECIMENTO de energia eléctrica a Maputo e Matola sofreu um revés esta semana, devido à explosão de painéis de controlo na Subestação da Central Térmica de Maputo. Acidental que foi, a situação não só colheu a todos de surpresa, como também causou danos, humanos e materiais, e complicou a vida de muitas empresas, instituições e até de muitas famílias.
Com o apagão que se gerou, a actividade económica ficou afectada. O comércio desacelerou, as indústrias funcionaram a meio gás e a actividade social ficou seriamente condicionada. Por outras palavras, a vida marcou passo, com todos os prejuízos sociais, económicos e financeiros numa sociedade onde tudo, ou quase tudo, funciona com base na energia eléctrica.
O que tanto o grande público consumidor de energia eléctrica está ansioso em saber são as causas que estarão por detrás do incidente. Nós acreditamos, humildemente, que este conhecimento é igualmente importante até para a empresa de tutela, a Electricidade de Moçambique (EDM), enquanto ponto de partida para o necessário apuramento de responsabilidades e eventual adopção de medidas para prevenir fenómenos similares no futuro.
Quer dizer, a EDM terá que aplicar-se a fundo no apuramento das causas da explosão, mesmo porque essa é uma atitude que se impõe na gestão de um sistema que, definitivamente, exige um redimensionamento constante da sua capacidade face ao aumento da demanda de energia eléctrica, em quantidade e em qualidade.
No entanto, mais do que todos os transtornos e prejuízos causados pelo apagão, as consequências resultantes alertam-nos sobre a necessidade de se associar o crescimento físico de cidades como Maputo e Matola, a uma expansão e fortalecimento da qualidade da electricidade que chega aos consumidores.
Entendemos que esse fortalecimento não se deve ficar apenas pelo alargamento do número de consumidores que se ligam à rede de distribuição, sendo igualmente necessário que se garanta que o universo de cidadãos já ligados, beneficiem de um serviço cada vez mais fiável e de elevada qualidade.
O que o cidadão consumidor de energia eléctrica espera é ter um serviço seguro, o que se pode traduzir na disponibilidade de electricidade para as mais variadas utilidades, sem riscos de quebras de qualidade ou descontinuidades na oferta do serviço.
Aludimos, por exemplo, a problemas como a danificação de equipamentos ou de produtos cuja conservação depende da energia eléctrica.
Tanto quanto sabemos, a EDM ainda não assumiu um posicionamento sobre o eventual ressarcimento dos consumidores que arcaram prejuízos em consequência da situação, o que certamente vai implicar o investimento de verbas avultadas para cobrir esta despesa imprevista.
A EDM tem responsabilidades na implementação de acções visando manter o sistema em condições adequadas de funcionamento.
Este exercício, pelo que entendemos, pressupõe uma rotina de verificação, limpeza e ou substituição dos materiais que mostrem sinais de desgaste ou de obsolescência.
Está igualmente claro que se impõe uma postura urbana e responsável por parte do público consumidor, que precisa de abster-se de aderir a ligações clandestinas, muitas vezes apontadas como estando na origem de quebras na qualidade da energia eléctrica.
Além disso, as ligações clandestinas retiram à EDM a possibilidade de fazer uma leitura real do consumo de energia eléctrica, o que certamente concorre para o sub dimensionamento das necessidades de manutenção ou reforço do sistema.
O incidente ocorrido na Central Térmica chama atenção para a necessidade de a EDM vigiar melhor o seu sistema de distribuição, numa altura em que o grosso das suas atenções está concentrado na componente de expansão do acesso.
É preciso melhorar o conhecimento que se tem do sistema, de modo a minimizar os riscos de ocorrência de descontinuidades no fornecimento de energia. É preciso também que a EDM se assegure de que o sistema funciona um anel, com possibilidade de corrigir rapidamente eventuais falhas ou descontinuidades.
Felizmente, já foi restabelecido o fornecimento de energia eléctrica a Maputo e Matola, mas fica o alerta sobre a urgência de se viabilizar a redundância do sistema, ao mesmo tempo que se fortalece a sua capacidade de resposta à crescente demanda de energia eléctrica, ditada pelo crescimento tanto das cidades como da população.
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