Primeiro-ministro tunisino, Mohammed Ghannouchi, anunciou a formação de um governo de "união nacional" responsável pelo período de transição até à realização do escrutínio.
O primeiro-ministro tunisino, Mohammed Ghannouchi, garantiu hoje em declarações à estação televisiva Al-Arabiya a organização de eleições legislativas na Tunísia "no prazo máximo de seis meses".
"As eleições serão organizadas dentro de seis meses, o mais tardar", declarou Ghannouchi à televisão do Dubai, pouco depois de ter também anunciado a formação de um governo de "união nacional" responsável pelo período de transição até à realização do escrutínio.
Este prazo, na perspetiva do primeiro-ministro, permitirá ao novo executivo "reformar a legislação" e fornece aos partidos políticos "o tempo necessário para se organizarem e prepararem para as eleições, que não devem ser uma mera formalidade".
Revolta retira Ben Ali do poder
Mohammed Ghannouchi, o último chefe de governo do Presidente deposto Zine Ben Ali, tinha previamente confirmado a formação de um "governo de unidade nacional", que inclui três líderes de partidos da oposição tolerados pelo anterior regime, e ainda oito ministros da anterior equipa governamental.
Em Paris, o líder histórico da oposição tunisina, Moncef Marzouki, que anunciou ainda hoje a sua candidatura às futuras eleições presidenciais, reagiu ao anúncio do novo executivo de transição, denunciando-o como uma "fantochada", devido à recondução de antigos ministros do Presidente cessante.
"A Tunísia merecia melhor: 90 mortos, quatro semanas de uma verdadeira revolução, para alcançar o quê? Um governo que de união nacional tem apenas o nome, porque na realidade é integrado pelo RDC [União Constitucional Democrática, do ex-Presidente], o partido da ditadura", afirmou à televisão francesa I-Télé.
Exilado em França, o líder do Congresso para a República (CPR, uma formação da esquerda laica ilegalizada pelo antigo regime) sugeriu ainda que o povo tunisino "não vai permitir esta fantochada".
No poder há 23 anos, o Presidente Ben Ali fugiu do país na tarde de sexta-feira, na sequência de uma revolta popular sem precedentes e que se prolongou por quatro semanas.
Balanço oficial: 78 mortos e 94 feridos
O ministro do Interior tunisino, Ahmed Friaa, revelou hoje que os incidentes durante a revolta popular das últimas semanas provocaram 78 mortos e 94 feridos.
O anterior balanço oficial da rebelião que depôs o Presidente Zine El Abidine Ben Ali, divulgado a 11 de janeiro, três dias antes da fuga para a Arábia Saudita do ex-chefe de Estado, apontava para 21 mortos.
Na altura, a presidente da Federação internacional das ligas dos direitos humanos (FIDH), Souhayr Belhassen, já denunciava pelo menos 66 mortos, na sua maioria vítimas da repressão das forças policiais e paramilitares fiéis a Ben Ali.
No início da revolta, iniciada em meados de dezembro no centro-oeste do país e que depois alastrou às principais cidades, a polícia utilizou balas reais para tentar conter as manifestações.
Numa declaração transmitida pela televisão estatal, Ahmed Friaa sublinhou que entre as vítimas se incluem "diversos membros" das forças de segurança.
No entanto, não precisou se os agentes foram mortos durante os confrontos com os manifestantes ou se morreram em combates com milicianos armados leais ao antigo Presidente, após a sua fuga para a Arábia Saudita.
Expresso
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