Thursday 20 January 2011

Imigração em África

ÁFRICA é um dos continentes mais atrasados do globo, embora seu território seja extremamente fértil. O seu subsolo possui riquezas minerais inesgotáveis, mas encontra-se, na sua grande maioria, por explorar, nalguns casos por falta de estratégias dos governos, noutros por incapacidade técnica.

Maputo, Quinta-Feira, 20 de Janeiro de 2011:: Notícias

Tais riquezas foram também o chamariz das potências colonizadoras europeias, que durante séculos e séculos pilharam‑nas até que os próprios africanos descobrirem que estavam a ser roubados no seu continente, tendo desencadeado várias formas de luta contra a colonização que nunca terminava.
Porém, a descolonização em África, feita, infelizmente, em várias etapas e realidades concretas de cada país e como resultado principalmente das lutas armadas de libertação, provocou várias situações vantajosas e desvantajosas para o nosso continente. Ninguém tinha pensado que teríamos estas últimas, dada a euforia que reinou no seio dos africanos, que durante vários séculos estiveram subjugados, enfim, escravizados.
Com a nossa libertação do domínio absoluto, opressor e humilhante exercido durante muito tempo pelas várias potências europeias, pensávamos que, efectivamente, nunca jamais teríamos problemas, quer de ordem social, político, económico, cultural e regional, quer sobretudo tribal ou étnico, que um dia nos dessem muito trabalho, mas muito mesmo, para resolvermos para o bem de todos nós, de forma a que alguém não se sentisse ameaçado no seu próprio país, a ponto de decidir abandoná‑lo ou imigrar ilegalmente para outro país.
Pensávamos que todos os africanos libertados das referidas potências, seríamos povos irmãos e orgulhosos, mas ganhando a vida nos nossos próprios países, obedecendo as leis aí vigentes e respeitando também doutros, mesmo que fossem um dos mais pobres do mundo, porque raros seriam os que abandonariam a sua terra pelo simples prazer de gozar a aventura, como a imigração ilegal que se tem assistido nos últimos tempos em Moçambique.
É que, vejo, leio e ouço com tristeza, quase todos os dias na rua, na televisão, nos jornais e rádios, cidadãos estrangeiros ilegais e notícias indicando a captura de alguns ou muitos deles sobretudo dos Grandes Lagos, Paquistão e de outros países, em certos casos transportados em condições infra‑humanas num pequeno ou grande camião para determinadas regiões do nosso país, cujo destino definitivo se desconhece.
Ou melhor dizendo, o problema é que a imigração clandestina está a tornar-se uma situação muito séria no nosso continente, tendo em conta as situações nefastas que ela nos traz. Tanto é que, no caso de Moçambique muito se falou e se tem falado sobre aquilo que tem sido as acções do Governo, com vista a travar este fenómeno no país, sem que, aparentemente, os resultados sejam palpáveis, em termos do controlo do fluxo de estrangeiros ilegais no território nacional.
É que tudo transparece que não tem havido seriedade na coordenação intersectorial no controlo da entrada ilegal de estrangeiros nas nossas fronteiras, principalmente em Cabo Delgado, que constitui o principal “furo” da imigração clandestina neste momento em Moçambique.
Por isso a bem de um melhor controlo de imigração ilegal vale a pena uma reflexão profunda sobre o que deve ser feito, com vista a que o nosso continente, em particular o nosso país não seja utilizado como corredor principal dos imigrantes ilegais. Para isso é preciso que haja capacidade de intervenção.

Mouzinho de Albuquerque

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