Enquanto os nossos telhados forem de vidro, temos de continuar a praticar a submissão, vivendo e calando, sem direito a fazer ouvir qualquer tipo de revolta. Embora custe muito a reconhecer que os defeitos dos outros em nada se comparam com os nossos próprios defeitos. A pior das injustiças é aquela que sai das nossas mãos.
A Sociedade é um lugar de portas fechadas, só lá entra quem souber "as senhas" da Hipocrisia e da Conviniência. Estamos de tal maneira habituados às "ajudinhas" que vêm daqui e dali, que já nem sabemos andar sem muletas.
O empenhamento com que se fazem as coisas, a verticalidade de caráceter, o querer agir com isenção em todas as circunstâncias, tudo isso são valores que na prática vão sendo despromovidos. O único que deve constar do "curriculum vitae" é a nossa "agenda de telefones"...
Poder falar abertamente, com a verdade na boca, é um luxo que, à medida que o tempo passa, menos pessoas conseguem sustentar. A censura mais insuportável é aquela que risca as linhas do nosso próprio pensamento.
Quando se pretente alcançar uma meta, a tendência é de procurar atalhos em vez de se ir em frente, pelo caminho correcto. Somos voluntários à força, sem forças para ter uma vontade.
Indignamo-nos com as transgressões dos outros, com os abusos dos outros, com a indisciplina dos outros, com a sua prepotência, com a sua falta de escrúpulos... mas sempre que nos surge uma oportunidade, não hesitamos em pagar-lhes na mesma moeda.
As nossas máscaras. São elas que nos protegem, que nos emprestam uma ilusória personalidade, que nos fazem ganhar o jogo das escondidas - independentemente de envolverem Presidentes da República ou vulgos «Barões» do que quer que seja -, de vivemos de subentendidos, de meias palavras, negando o que nos vem à flor da pele. Cada vez temos menos coragem para gritar que "o rei vai nú!..."
E quantos "reis" não andarão "nús"desde há muito na Sociedade Moçambicana, proliferando pelas grandes empresas (estatais ou não!), neste ou naquele sector de actividade, em suma, pelos gabinetes dos nossos Governantes, do Poder Instituido e das Forças Políticas?!... Foi preciso surgir, inesperadamente do nada, a Wikileaks para que as máscaras começassem a cair por terra...
E o pior disto tudo é que a "vergonha" das "máscaras" se dá «à escala» mundial.
Mas há máscaras e... máscaras.
Em suma: muito "boa gente" moçambicana, ao mais alto nível da sociedade, não "escapa" a esta vergonha que a todos devia envergonhar e empobrecer...
Vive-se mais de aparências que de verdades, é um facto inquestionável.
Eis o mundo de hoje, com o qual temos de viver.
Mas como podemos nós combater o que está mal (ou aparentemente) menos mal?! (x)
Afonso Brandão, Wamphula Fax, citado no Diário de um Sociólogo
A Sociedade é um lugar de portas fechadas, só lá entra quem souber "as senhas" da Hipocrisia e da Conviniência. Estamos de tal maneira habituados às "ajudinhas" que vêm daqui e dali, que já nem sabemos andar sem muletas.
O empenhamento com que se fazem as coisas, a verticalidade de caráceter, o querer agir com isenção em todas as circunstâncias, tudo isso são valores que na prática vão sendo despromovidos. O único que deve constar do "curriculum vitae" é a nossa "agenda de telefones"...
Poder falar abertamente, com a verdade na boca, é um luxo que, à medida que o tempo passa, menos pessoas conseguem sustentar. A censura mais insuportável é aquela que risca as linhas do nosso próprio pensamento.
Quando se pretente alcançar uma meta, a tendência é de procurar atalhos em vez de se ir em frente, pelo caminho correcto. Somos voluntários à força, sem forças para ter uma vontade.
Indignamo-nos com as transgressões dos outros, com os abusos dos outros, com a indisciplina dos outros, com a sua prepotência, com a sua falta de escrúpulos... mas sempre que nos surge uma oportunidade, não hesitamos em pagar-lhes na mesma moeda.
As nossas máscaras. São elas que nos protegem, que nos emprestam uma ilusória personalidade, que nos fazem ganhar o jogo das escondidas - independentemente de envolverem Presidentes da República ou vulgos «Barões» do que quer que seja -, de vivemos de subentendidos, de meias palavras, negando o que nos vem à flor da pele. Cada vez temos menos coragem para gritar que "o rei vai nú!..."
E quantos "reis" não andarão "nús"desde há muito na Sociedade Moçambicana, proliferando pelas grandes empresas (estatais ou não!), neste ou naquele sector de actividade, em suma, pelos gabinetes dos nossos Governantes, do Poder Instituido e das Forças Políticas?!... Foi preciso surgir, inesperadamente do nada, a Wikileaks para que as máscaras começassem a cair por terra...
E o pior disto tudo é que a "vergonha" das "máscaras" se dá «à escala» mundial.
Mas há máscaras e... máscaras.
Em suma: muito "boa gente" moçambicana, ao mais alto nível da sociedade, não "escapa" a esta vergonha que a todos devia envergonhar e empobrecer...
Vive-se mais de aparências que de verdades, é um facto inquestionável.
Eis o mundo de hoje, com o qual temos de viver.
Mas como podemos nós combater o que está mal (ou aparentemente) menos mal?! (x)
Afonso Brandão, Wamphula Fax, citado no Diário de um Sociólogo
No comments:
Post a Comment