Friday 1 October 2010

«Se as coisas não mudarem não haverá mesmo próximas eleições»

Quem o diz, em entrevista ao Notícias Lusófonas (NL), é o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, exigindo ainda novas negociações para salvar a paz em Moçambique

O Presidente do maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, disse em entrevista ao NL que urge toda uma necessidade de o seu partido se sentar à mesa de negociação com a Frelimo, partido no poder desde a independência, para a criação de uma nova ordem política nacional, com vista a um novo modelo de democracia, garantindo que se assim não for, o país poderá implodir.
Dhlakama, recebeu o “Notícias Lusófonas” no seu novo palácio, na cidade de Nampula, a norte de Moçambique para onde se mudou há um ano, onde avançou estar “farto” do regime comunista da Frelimo, por um lado, por outro por perceber que a democracia corre sérios perigos, e por conseguinte a paz estar ameaçada.
“Neste momento represento as vontades do povo moçambicano, que gosta de mim, devo ter a iniciativa de negociar com os irmãos da Frelimo um novo modelo de democracia, porque este que temos agora não está servir”, afirmou Dhlakama, acrescentando que “se isto da Frelimo estar a roubar abertamente, perante olhar impávido da polícia e das autoridades eleitorais votos e a fabricar resultados ao seu favor, se chama democracia, então não serve”.
Num outro desenvolvimento, o nosso entrevistado disse que “a Renamo não vai recuar, até que a Frelimo aceite a mudança das coisas, porque o rumo que estão a tomar perigam a vida dos moçambicanos e como tal, o desenvolvimento fica cada vez mais longe dos pouco mais dos vinte milhões de moçambicanos”.
Contudo, Dhlakama sublinhou que os mecanismo com vista a persuadir a Frelimo, pacificamente, para a tal negociação se estão quase a esgotar, esperando doravante uma manifestação, cuja realização vem sendo anunciada desde o anúncio provisório dos resultados dos últimos pleitoss eleitorais em Moçambique.
Aliás, foi mesmo no aeroporto internacional de Nampula, que o líder da Renamo anunciara que “incendiaria o país”, se não fosse respeitada a vontade do povo, “pelas sucessivas fraudes eleitorais”, que caracterizam todas eleições até agora realizadas em Moçambique.
Afonso Dhlakama, apontou na ocasião que a demora na realização da manifestação deve-se à sua organização, por se tratar de um evento gigantesco e de nível nacional, “e porque a Frelimo, através do vice-ministro do Interior, veio publicamente anunciar medidas severas aos que aderirem à manifestação, temos que prepara-la com muita atenção e cuidado possível, para não darmos espaço de sermos maltratados”. Mas avisa: “se a polícia disparar nós vamos responder em legitima defesa”.
O carismático líder da oposição moçambicana foi mais além ao afirmar que “a nossa manifestação popular ainda vai acontecer porque ela vai reflectir sobre todas as falcatruas da Frelimo, desde o roubo e enchimento de votos nas urnas, fraudes eleitorais, gestão danosa dos fundos do Estado, ao saque dos recursos naturais para o enriquecimento dos seus membros”.
Para o nosso entrevistado, já não se pode falar com muita facilidade de uma paz duradoira em Moçambique, “porque os irmãos da Frelimo não são democratas e isso coloca em risco a paz”.
Mais adiante Dhlakama, avançou que a sua formação política tem vindo a reforçar as suas bases através de capacitação dos seus membros com vista a aderirem em massa, motivando a população para participarem na manifestação pelo que acredita que o país “será mexido, se a Frelimo não aceitar as nossas propostas e isto poder provocar a divisão do país”.

Próximas eleições

O líder da Renamo, deixou claro que as próximas eleições no país, tanto as autárquicas agendadas para 2013, como as gerais e para as assembleias provinciais agendas para 2014 não vão acontecer se a situação não for revista.
A revisão da situação, segundo Dhlakama, passa necessariamente pela criação de um novo governo de transição, para que seja criada uma nova ordem política nacional e um novo modelo de democracia em Moçambique.
Num outro desenvolvimento, disse que “não ter problemas que a Frelimo vença as eleições, desde que seja de forma justa, livre e transparente e, porque sei que isto não é possível por eles não terem popularidade”.
Todavia, Dhlakama questionou “qual é o país que me possa vir dizer que isto que estamos a viver é democracia e que beneficia o povo, quando a Frelimo rouba abertamente os votos, toma posse e governa ilegalmente?”.
Questionamos ao líder da Renamo se o seu partido ainda gozava de forças para enfrentar a uma fúria policial, pelo que nos respondeu: “Estes polícias são filhos do povo e eles sentem o sofrimento por causa das barbaridades cometidas pela Frelimo e apenas precisam de uma oportunidade para ajudar a mudar isto. E quem lhes pode dar esta oportunidade é o Dhlakama”.
Comandantes para as províncias

Afonso Dhlakama, anunciou na ocasião que nos próximos dias a seguir à realização do Conselho Nacional da Renamo, começam a ser investidos os comandantes provinciais das forças armadas do seu partido.
A ideia, segundo disse o presidente da Renamo, é que as forças existentes nas provinciais devem preparar-se para acolher os que estão sendo expulsos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, FADM, que fazem parte da tropa única construída à luz do Acordo Geral de Paz, assinado em 1992 em Roma, pela Renamo e pela Frelimo.
Os comandantes provinciais, estarão subordinados a um Chefe de Estado Maior General que comandará as operações militares da Renamo a nível nacional.

Aunício da Silva, Notícias Lusófonas

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