Tuesday 5 October 2010

A pobreza soma e segue também em Moçambique

O número de pessoas abaixo da linha da pobreza aumentou de 9,9 milhões para 11,7 milhões

A percentagem de pobres nas áreas rurais moçambicanas é de 56,9 por cento, contra 49,6 por cento nas regiões urbanas, num universo populacional de 21 milhões, indica o inquérito ao Orçamento Familiar produzido pelo Governo de Moçambique. As três províncias do centro do país (Sofala, Manica e Zambézia) foram as que registaram maior incidência de pobreza, na ordem de 14,2 por cento da população respectiva.
Dados de uma pesquisa do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Moçambique divulgados em Maputo referem que a pobreza cresceu 0,6 pontos percentuais nos últimos sete anos (2002/03-2008/9) a nível nacional, mas nas zonas rurais, onde reside 82 por cento da população, a mesma aumentou 1,4 por cento.
O estudo refere que as três províncias do centro do país (Sofala, Manica e Zambézia) foram as que registaram maior incidência de pobreza, na ordem de 14,2 por cento da população respectiva.
A província da Zambézia é onde a pobreza mais cresceu, elevando-se a percentagem de pobres de 44,6 por cento, em 2002/03, para 70,5 por cento em 2008/9.
Também em Sofala, registou-se um crescimento de 21,9 por cento, passando a percentagem de pobres de 36,1 em 2002/03 para 58 por cento, em 2008/09, enquanto em Manica assinalou-se uma subida de 43,6 por cento para 55,1 por cento, um incremento de 11,5 por cento, em sete anos.
De acordo com os dados, “em 2002/03, a pobreza rural era de 55,3 por cento e a urbana de 51,1 por cento. Todas as regiões (do país) tiveram uma redução de pobreza entre 1996/07 e 2002/03, e isso continuou em 2008/09, excepto na zona centro em que a pobreza aumentou em 14,2 pontos percentuais”, referem os dados.
O relatório assinala que “o número de pessoas abaixo da linha da pobreza aumentou de 9,9 milhões para 11,7 milhões de pessoas, devido ao crescimento da população, que foi de três milhões entre 2002/03 e 2008/09”.
Entre 1996/97, as famílias chefiadas por mulheres já apresentavam uma incidência da pobreza menor (66,8 por cento), em comparação com as dirigidas por homens (69,9 por cento). Em 2002/03, tanto as famílias dirigidas por homens como por mulheres, “mostraram uma redução significativa nos índices de pobreza”.
Contudo, “no período 2008/09, observou-se um ligeiro aumento na incidência de pobreza nas famílias chefiadas por homens, passando de 52 por cento delas, em 2002/03, para 53,9 por cento em 2008/09)”.
Em igual período, houve “uma redução na incidência da pobreza nas famílias comandadas por mulheres de 62,5 por cento, para 57,8 por cento”, diz o Governo.
“Os resultados da pobreza não muito positivos derivam de factores que incluem taxas de crescimento muito baixas ou nulas na produtividade agrícola, aliado a choques climatéricos (cheias, ciclones e secas)”, justifica o executivo de Maputo.
A tendência de alteração da taxa de pobreza alterou-se nos últimos dois anos, quando a taxa de pobreza reduziu dois pontos percentuais, para 52 por cento, embora o Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta 2006-2009 previsse uma diminuição para 45 por cento neste período.
O segundo Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA II) 2006-2009 em Moçambique, documento de orientação governativa do executivo moçambicano, aprovado há cinco anos, tinha em vista a diminuição da incidência da pobreza de 54 por cento, em 2003, para 45 por cento, em 2009.
O relatório da “Terceira Avaliação Nacional sobre a Pobreza e o Bem-Estar 2008-2009”, recentemente aprovado pelo Conselho de Ministros de Moçambique, assinala que “em 2009, a taxa de pobreza medida foi de 52 por cento”, mas, este ano, as autoridades moçambicanas não vão conseguir atingir as metas estabelecidas nesta matéria.
Os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, traçados há uma década pela ONU, preconizam a redução para metade da percentagem da população em situação de carência, até 2015.
O Governo moçambicano assegura, contudo, que “há condições” para que estas metas sejam alcançadas dentro de cinco anos “face à previsibilidade de aumento da produtividade agrícola e um ambiente internacional razoavelmente favorável”.

FONTE: Notícias Lusófonas

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