“Combater o crocodilo quando pequeno e nas margens do rio”...
Beira (Canalmoz) - Esta é uma daquelas tarefas de que ninguém se pode excluir ou fabricar subterfúgios para não participar. Ou se aceita que o País é de todos e nessa perspectiva razão para que todos se engagem na sua construção e protecção ou então corre-se o risco iminente de o colocar numa rota que colide com os interesses mais sagrados de seu povo. Isto não é mais um pacote de palavras visando promover demagogias ou tentativa de fabricar novos imperativos como está na moda em alguns quadrantes políticos nacionais.
O que está em jogo é superior às considerações partidárias, egocêntricas ou estratégias circunstanciais de grupos ou indivíduos. Não está em causa a sobrevivência material de políticos que se vendem ao desbarato a qualquer aceno de envelopes “gordos ou magros”. Não está em causa a existência de um ou mais partidos com ou sem expressão nacional. Quando destacamos o termo egocêntrico queremos chamar à atenção para o facto de as agendas muitas vezes proclamadas e aparentemente defendidas, em nome de um interesse nacional populistamente proclamado de interesse nacional, não passarem de articulados programáticos claramente visando gerir vantagens unilaterais ditadas por interesses concêntricos.
Alguns dos desaires na construção da nação moçambicana são fruto directo de toda uma série de posicionamentos estudados e implementados com rigor por parte de uma certa elite política nacional. As crises cíclicas, a carestia generalizada em que vive grande parte dos moçambicanos precisam de ser vistas e entendidas como resultados de uma política consciente que tem sido posta em prática por determinadas pessoas e não algo que acontece como consequência de mãos estranhas ou de uma conjuntura internacional desfavorável.
Se quem governa não consegue associar e utilizar as vantagens comparativas que seu País oferece e possui, tentar culpar os outros da fome que se sente não tem qualquer sentido ou lógica. Decerto que outros países e governos com os recursos que possuímos entanto que País estariam obtendo outro tipo de resultados na esfera económica, política e social.
É por demais evidente que grande parte dos partidos políticos moçambicanos está longe de assumir o mandato e significado daquilo que teimam em dizer que são.
Se um partido não consegue ser um laboratório de ideias e de conceitos mais avançados de governação, de concertação, de diálogo, de manifestação filosófica visando enquadrar cidadãos na busca dos caminhos que levem a realização dos objectivos que tornem a vida dos cidadãos mais digna, humana e justa, então mais vale prescindir de tais supostos ou ditos partidos.
É preciso ler com profundidade, nas linhas e nas entrelinhas tudo o que está acontecendo no País para não sermos tomados de surpresa por desenvolvimentos de qualquer ordem.
Os cenários que se ensaiam, as abordagens que se querem impôr, as subtilezas dos exercícios propostos e os condicionalismos que continuamente são colocados ao exercício da democracia em Moçambique, a estratégia global evidente da parte de seus promotores, não deixam dúvidas quanto ao objectivo último do que querem alcançar.
Não é a simples conquista e manutenção do poder mas a sua perpetuação no poder que estão em causa.
Os arranjos legislativos no que concerne à lei eleitoral e ao financiamento das campanhas políticas, o total controlo da iniciativa económico-financeira, a organização e hierarquização no domínio das forças militarizadas, as dotações orçamentais e o sistema de nomeação para os altos cargos públicos, a utilização pouco transparente das receitas das empresas públicas e alinhamento óbvio e indesmentível da maioria parlamentar com essas práticas, cimentam posições e permitem subverter a causa democrática e favorecer a consolidação de uma condição que só se pode denominar de ditatorial.
É urgente que os políticos moçambicanos de todos os quadrantes olhem com seriedade para as peças que se vão encaixando e compreendam que estamos em presença de um comissariado político que quer ver a sua agenda vingando e suplantando tudo e todos.
Quando não interessa o atropelo claro de programas nem o consenso construídos entre camaradas de um mesmo partido algo de grave está acontecendo. Não é já a velha tese esburacada de “linha correcta e revolucionária” que se pratica. O jogo é visceral e “arrancam-se corações” o que acaba mostrando a falência de um modelo político.
A desagregação a que se assiste, de castelos construídos sobre dunas de areia, é evidente.
É difícil hoje duvidar-se do desnorteamento de quem algum dia se pretendeu liderança.
O isolamento e açambarcamento de agendas conduziram a um estado de coisas que resultou num beco sem saída ao nível das soluções propostas.
Os supostos estrategas em serviço do regime “tacteiam que nem cegos”. Nota-se uma total falência de ideias.
Todo este quadro não significa necessariamente que no País estejamos perdidos e irremediavelmente condenados ao cadafalso. O país vive uma dinâmica própria que mostra a confrontação de forças políticas e tendências. O perigo é não haver discernimento suficiente no campo político para que a cada ataque ao edifício democrático corresponda em resposta um contra-ataque vigoroso e esclarecido.
Tem sido nefasta a acomodação em que vivem aqueles que por obrigação e responsabilidade deveriam estar na linha da frente da defesa da democracia no país.
A fome que realmente existe tomou conta de muitas mentes e não as deixa pensar para além do seu estreito e limitado universo estomacal.
Os ditadores constroem-se à medida em que se lhes permite irem abocanhando espaços cada vez maiores na esfera dos interesses e direitos dos cidadãos.
Precisa ficar claro para todos os moçambicanos que para além dos partidos políticos e de suas agendas, existem os cidadãos que são moçambicanos não porque este ou aquele político assim decretou, mas porque o são constitucionalmente e por direito próprio e inalienável sem que seja susceptível do aval de qualquer político.
Os destinos do país são antes de mais alguma coisa ou imperativo verbal declarado, algo que toca e interessa a todos. Não dependem deste ou daquele político que se arvora de dono do País. Assim importa que se declare e se assuma uma tolerância zero relativamente às tendências e agendas ditatoriais de quem quer que seja.
Temos visto partidos políticos a diluírem-se porque foram construídos à volta de chefes alegadamente carismáticos que transformaram suas agendas próprias e individuais em agendas de todos os membros.
Temos visto os mesmos partidos entrando em decadência em função de posicionamentos que se revelam autênticos golpes palacianos. O País corre o mesmo risco.
Discursos sobre “gerações” e outras proclamações do género empurram o País para uma confrontação pueril e durante esse exercício, forças sinistras estão solidificando posições e ditando um caminho a seguir que não é do interesses nacional.
Nunca foi tão importante estarmos atentos e activos na esfera política.
“Nem tudo o que parece ouro é ouro”. Todos temos de estar em prontidão combativa para agirmos no momento exacto contra qualquer tentativa de levar o País para uma ditadura.
(Noé Nhantumbo, CANALMOZ)
Beira (Canalmoz) - Esta é uma daquelas tarefas de que ninguém se pode excluir ou fabricar subterfúgios para não participar. Ou se aceita que o País é de todos e nessa perspectiva razão para que todos se engagem na sua construção e protecção ou então corre-se o risco iminente de o colocar numa rota que colide com os interesses mais sagrados de seu povo. Isto não é mais um pacote de palavras visando promover demagogias ou tentativa de fabricar novos imperativos como está na moda em alguns quadrantes políticos nacionais.
O que está em jogo é superior às considerações partidárias, egocêntricas ou estratégias circunstanciais de grupos ou indivíduos. Não está em causa a sobrevivência material de políticos que se vendem ao desbarato a qualquer aceno de envelopes “gordos ou magros”. Não está em causa a existência de um ou mais partidos com ou sem expressão nacional. Quando destacamos o termo egocêntrico queremos chamar à atenção para o facto de as agendas muitas vezes proclamadas e aparentemente defendidas, em nome de um interesse nacional populistamente proclamado de interesse nacional, não passarem de articulados programáticos claramente visando gerir vantagens unilaterais ditadas por interesses concêntricos.
Alguns dos desaires na construção da nação moçambicana são fruto directo de toda uma série de posicionamentos estudados e implementados com rigor por parte de uma certa elite política nacional. As crises cíclicas, a carestia generalizada em que vive grande parte dos moçambicanos precisam de ser vistas e entendidas como resultados de uma política consciente que tem sido posta em prática por determinadas pessoas e não algo que acontece como consequência de mãos estranhas ou de uma conjuntura internacional desfavorável.
Se quem governa não consegue associar e utilizar as vantagens comparativas que seu País oferece e possui, tentar culpar os outros da fome que se sente não tem qualquer sentido ou lógica. Decerto que outros países e governos com os recursos que possuímos entanto que País estariam obtendo outro tipo de resultados na esfera económica, política e social.
É por demais evidente que grande parte dos partidos políticos moçambicanos está longe de assumir o mandato e significado daquilo que teimam em dizer que são.
Se um partido não consegue ser um laboratório de ideias e de conceitos mais avançados de governação, de concertação, de diálogo, de manifestação filosófica visando enquadrar cidadãos na busca dos caminhos que levem a realização dos objectivos que tornem a vida dos cidadãos mais digna, humana e justa, então mais vale prescindir de tais supostos ou ditos partidos.
É preciso ler com profundidade, nas linhas e nas entrelinhas tudo o que está acontecendo no País para não sermos tomados de surpresa por desenvolvimentos de qualquer ordem.
Os cenários que se ensaiam, as abordagens que se querem impôr, as subtilezas dos exercícios propostos e os condicionalismos que continuamente são colocados ao exercício da democracia em Moçambique, a estratégia global evidente da parte de seus promotores, não deixam dúvidas quanto ao objectivo último do que querem alcançar.
Não é a simples conquista e manutenção do poder mas a sua perpetuação no poder que estão em causa.
Os arranjos legislativos no que concerne à lei eleitoral e ao financiamento das campanhas políticas, o total controlo da iniciativa económico-financeira, a organização e hierarquização no domínio das forças militarizadas, as dotações orçamentais e o sistema de nomeação para os altos cargos públicos, a utilização pouco transparente das receitas das empresas públicas e alinhamento óbvio e indesmentível da maioria parlamentar com essas práticas, cimentam posições e permitem subverter a causa democrática e favorecer a consolidação de uma condição que só se pode denominar de ditatorial.
É urgente que os políticos moçambicanos de todos os quadrantes olhem com seriedade para as peças que se vão encaixando e compreendam que estamos em presença de um comissariado político que quer ver a sua agenda vingando e suplantando tudo e todos.
Quando não interessa o atropelo claro de programas nem o consenso construídos entre camaradas de um mesmo partido algo de grave está acontecendo. Não é já a velha tese esburacada de “linha correcta e revolucionária” que se pratica. O jogo é visceral e “arrancam-se corações” o que acaba mostrando a falência de um modelo político.
A desagregação a que se assiste, de castelos construídos sobre dunas de areia, é evidente.
É difícil hoje duvidar-se do desnorteamento de quem algum dia se pretendeu liderança.
O isolamento e açambarcamento de agendas conduziram a um estado de coisas que resultou num beco sem saída ao nível das soluções propostas.
Os supostos estrategas em serviço do regime “tacteiam que nem cegos”. Nota-se uma total falência de ideias.
Todo este quadro não significa necessariamente que no País estejamos perdidos e irremediavelmente condenados ao cadafalso. O país vive uma dinâmica própria que mostra a confrontação de forças políticas e tendências. O perigo é não haver discernimento suficiente no campo político para que a cada ataque ao edifício democrático corresponda em resposta um contra-ataque vigoroso e esclarecido.
Tem sido nefasta a acomodação em que vivem aqueles que por obrigação e responsabilidade deveriam estar na linha da frente da defesa da democracia no país.
A fome que realmente existe tomou conta de muitas mentes e não as deixa pensar para além do seu estreito e limitado universo estomacal.
Os ditadores constroem-se à medida em que se lhes permite irem abocanhando espaços cada vez maiores na esfera dos interesses e direitos dos cidadãos.
Precisa ficar claro para todos os moçambicanos que para além dos partidos políticos e de suas agendas, existem os cidadãos que são moçambicanos não porque este ou aquele político assim decretou, mas porque o são constitucionalmente e por direito próprio e inalienável sem que seja susceptível do aval de qualquer político.
Os destinos do país são antes de mais alguma coisa ou imperativo verbal declarado, algo que toca e interessa a todos. Não dependem deste ou daquele político que se arvora de dono do País. Assim importa que se declare e se assuma uma tolerância zero relativamente às tendências e agendas ditatoriais de quem quer que seja.
Temos visto partidos políticos a diluírem-se porque foram construídos à volta de chefes alegadamente carismáticos que transformaram suas agendas próprias e individuais em agendas de todos os membros.
Temos visto os mesmos partidos entrando em decadência em função de posicionamentos que se revelam autênticos golpes palacianos. O País corre o mesmo risco.
Discursos sobre “gerações” e outras proclamações do género empurram o País para uma confrontação pueril e durante esse exercício, forças sinistras estão solidificando posições e ditando um caminho a seguir que não é do interesses nacional.
Nunca foi tão importante estarmos atentos e activos na esfera política.
“Nem tudo o que parece ouro é ouro”. Todos temos de estar em prontidão combativa para agirmos no momento exacto contra qualquer tentativa de levar o País para uma ditadura.
(Noé Nhantumbo, CANALMOZ)
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