Sumário
Em Moçambique, o debate social em torno do “combate à pobreza” é marcado por diferentes abordagens. Algumas abordagens enfatizam as fraquezas estruturais que tornam alguns indivíduos mais vulneráveis no mercado (deficiente capital humano individual). Outras concentram-se na inadequação das instituições (corrupção, neo-patrimonialismo do Estado, desigualdade do género e feminização da pobreza, insuficiente ou inadequada democracia e limitada descentralização). Finalmente, há abordagens com enfoque na limitação dos recursos disponíveis (tamanho da economia, nível de poupança e magnitude da taxa de crescimento destas variáveis). O discurso político oficial põe o enfoque do combate à pobreza no crescimento económico e na transformação da mentalidade, ou cultura, dos pobres (preguiça, inveja, falta de auto-estima, receio de ser rico, e assim por diante).
Fazendo uma análise crítica dos pressupostos e modelos de análise da pobreza, este artigo argumenta que pobreza, desigualdade e vulnerabilidade são melhor entendidos se o seu estudo estiver relacionado com a análise dos padrões e dinâmicas de acumulação e reprodução social, e informado pela análise da relação entre agentes e ligações ou pressões económicas. Por outras palavras, mais importante do que medir a taxa de variação da riqueza e da pobreza é compreender as suas dinâmicas sociais, económicas e políticas.
Carlos Nuno Castel-Branco, Cadernos IESE nº 3/2010
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