Samora não era santo
Sobre os mitos que se criam em volta da figura de Samora Machel, Rebelo diz que, infelizmente, o primeiro Presidente de Moçambique é hoje apresentado como se fosse um santo. “Ele tinha defeitos, como qualquer outro ser humano”, reconhece.
Um dos exemplos que o orador deu foi a reacção de Samora à onda de criminalidade que se verificava no país. “Há uma certa altura ele achou que havia muita criminalidade e que a melhor forma de combatê-la era dar chicotadas às pessoas consideradas criminosas.
“Houve uma forte reacção contra essa medida. O jornalista e escritor Albino Magaia tentou convencer a Assembleia Popular a não aprovar essa lei. Mas como havia disciplina partidária a lei passou e houve abusos”, contou.
Outro erro que Rebelo identifica é a utopia. “Éramos bastante utópicos, mas uma utopia motivada pela vontade de tornar o nosso país num modelo”. A política de custo zero na saúde e a proibição de clínicas privadas foram, aos olhos do orador, medidas erradas. Não só porque mais tarde mostrou-se insustentável, mas também porque desmotivou muitos jovens a cursarem a medicina. “Mas custava-nos ver um doente a morrer porque não tinha dinheiro”, lembra.
Partido único
“Era útil e necessário manter um regime de partido único no país logo depois da independência, porque vivíamos cercados de inimigos”, respondeu a uma pergunta feita por Alice Mabota, convidada de honra do Parlamento Juvenil.
Mas a presidente da LHD não ficou satisfeita com a resposta e insistiu perguntando a Rebelo se eram efectivamente necessários 15 anos para mudar de regime monopartidário para o multipartidário. “Quem tem poder não o larga voluntariamente, só quando é pressionado”, respondeu, sublinhando que a Frelimo tinha o poder e não iria de forma alguma abdicar desse poder em nome de multipartidarismo.
Ademais, diz o orador, o multipartidarismo não é a solução ideal para os problemas do país. “Ele enfraquece a sociedade porque cria divisões”, argumentou. “Nem o monopartidarismo é a solução ideal, pois este regime fomenta a arrogância por parte de quem está no poder porque não tem contestatários”, indicou. Então, que fazer? Rebelo responde: “Vamos ficar com o menos mau, e no contexto actual acho que é o multipartidarismo”.
Mas a presidente da LHD não ficou satisfeita com a resposta e insistiu perguntando a Rebelo se eram efectivamente necessários 15 anos para mudar de regime monopartidário para o multipartidário. “Quem tem poder não o larga voluntariamente, só quando é pressionado”, respondeu, sublinhando que a Frelimo tinha o poder e não iria de forma alguma abdicar desse poder em nome de multipartidarismo.
Ademais, diz o orador, o multipartidarismo não é a solução ideal para os problemas do país. “Ele enfraquece a sociedade porque cria divisões”, argumentou. “Nem o monopartidarismo é a solução ideal, pois este regime fomenta a arrogância por parte de quem está no poder porque não tem contestatários”, indicou. Então, que fazer? Rebelo responde: “Vamos ficar com o menos mau, e no contexto actual acho que é o multipartidarismo”.
Savana, citado no Diário de um Sociólogo
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Morte de Samora deve ser alvo de um inquérito judicial
Vinte e quatro anos após o acidente de aviação que levou a vida do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, e de outras 33 pessoas, mantém-se o mutismo do governo sobre as causas do sinistro, para além das mais óbvias expressões de ter sido uma conspiração engendrada pelo regime do apartheid que na altura governava a África do Sul.
Os que repetem indefinidamente esta expressão demagógica nem sequer se dão ao trabalho de questionar as razões porque, sendo o regime sul africano de então abertamente hostil a Moçambique, porque é que as autoridades de segurança deste país poderiam autorizar que o seu Chefe de Estado sobrevoasse um território hostil, e ainda por cima à noite, quando havia muitas outras rotas alternativas.
Este ponto crucial é convenientemente posto de lado, porque é mais fácil atribuir culpas a um regime sobejamente odiado pela comunidade internacional, e que até já deixou de existir para se defender. Que o regime do apartheid não morria de carinhos por Samora Machel e seu governo é tão óbvio que ninguém precisa de ser convencido que se o pudesse fazer, não hesitaria em matá-lo.
Para a morte de Samora Machel o regime do apartheid provavelmente tivesse outros métodos de executar o seu plano, e obviamente teria muito pouco interesse em que tal acontecesse no seu próprio território, precisamente para não alimentar a teoria do seu envolvimento.
Mas isto são apenas observações que nos devem obrigar a pensar um pouco melhor, e abandonar a lógica de que o povo aceitará qualquer explicação meia cozida.
O Estado moçambicano deve assumir as suas responsabilidades legais neste assunto, levando a cabo uma investigação mais profunda, se for necessário na forma de um inquérito judicial público, onde todos tenham a oportunidade de saber o que realmente, e como aconteceu. O inquérito deve incluir todos os aspectos de lapso nas medidas de segurança tomadas (ou não tomadas), incluindo o facto do Presidente ter sido autorizado a viajar à noite, e em território hostil. É assim como as coisas funcionam num Estado de Direito, muito mais quando a “auto estima” é a palavra de ordem do dia.
Savana, citado no Diário de um Sociólogo
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Investigações encalhadas na PGR
O tempo passa e as referidas investigações permanecem no domínio exclusivo do PGR e da equipa por ele liderada, pese embora o facto da Presidência da República considerar o dossier Mbuzini “uma prioridade da Nação Moçambicana”.
Se a PGR não está a investigar de novo o acidente propriamente dito, poder-se-á concluir que aceita as conclusões da Comissão de Inquérito instaurada pelo Estado de Ocorrência do acidente? Em caso afirmativo, o que está efectivamente a investigar?
CANALMOZ
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