Friday, 29 October 2010

Onde anda a Geração da Viragem?

A Geração da Viragem apareceu com pompa e circunstância nos momentos (de prosperidade) em que ela não era necessária, e desapareceu nos momentos fundamentais em que devia justificar por que se chama “Viragem” – virando a situação de crises em que vivemos para a prosperidade. Quer dizer, numa altura em que a Geração da Viragem devia redimir-se do facto de ter surgido do nada – nascida sem nunca ter sido concebida – ela desapareceu. Talvez seja por ter desaparecido nos momentos em que era necessária que se torna Geração da Viragem – inverter a lógica das coisas. É, de facto, a 3ª Geração (3G), uma geração de tecnologias do século XXI.
Durante as tensões sociais de 1 e 2 de Setembro, a Geração da Viragem, mais do que tomar uma decisão para resolver o problema, escondeu-se no meio de multidão que se manifestava. E à imagem das patéticas ficções “Tom e Jerry”, Osvaldo Petersburgo tentou esboçar uma ideia ambiciosa: varrer as ruas repletas de pneus queimados para a imprensa ver e o partido aplaudir. No entanto, hoje, não consegue sequer sair à rua para remover o lixo que torna algumas estradas intransitáveis. E se a Geração da Viragem deixasse os seus gabinetes e sua comodidade para ir produzir alimentos nos campos, trabalhar na educação, na saúde, assistir às populações vítimas de estiagem, de cheias, reconstruir as casas destruídas pelo mau tempo, na segunda-feira, em Namaacha, sem olhar para benefícios?

Lázaro Mabunda, O País

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