Thursday, 21 October 2010

Oposição acusa o Governo de mentir ao povo

Números apresentados pelo ministro da Planificação só servem para “atrapalhar” os incautos

MDM propõe extinção temporária dos cargos de vice-ministros

Maputo (Canalmoz) – Após a apresentação dos números que apontam para um tal crescimento económico dissonante com a realidade do país, a oposição levantou-se ontem no Parlamento para acusar o Governo de faltar à verdade ao povo. Para os partidos da oposição, o Governo está a tentar passar uma imagem falsa da realidade económica do país, camuflando números, que, segundo dizem, na verdade servem para “atrapalhar” os incautos. A oposição questiona sobretudo o facto de o custo de vida estar a agravar-se, quando o governo diz que o País está a crescer, economicamente e acaba de acontecer a revolta popular de 1 a 3 de Setembro.

Medidas de austeridade insustentáveis

A bancada parlamentar da MDM não vê crescimento algum. Diz que as medidas de austeridade apresentadas pelo Governo ainda são insustentáveis. Na voz do seu porta-voz, José Manuel de Sousa, o MDM questiona a inércia do Governo na produção, uma vez que tem um orçamento garantido em mais da metade pelos doadores.
Assim, o MDM propõe medidas de contenção de despesa sérias, tais como a extinção temporária dos cargos de vice-ministros e sua substituição por secretários de Estado. Este partido da oposição propõe, ainda, a redução dos actuais 28 ministérios para 13, a extinção dos cargos de Secretários Permanentes a todos os níveis, extinção do cargo da governadora da cidade de Maputo, extinção dos representantes de Estado em todas as autarquias e a extinção dos Conselhos de Administração dos Fundos de Desenvolvimento, como Fundo de Estradas, FIPAG, Fundo de Energia, Fundo de Ambiente, Fundo de Fomento de Habitação, Fundo de Desenvolvimento Agrícola, entre outros que alega serem estruturas apenas despesistas.

Mentiras repetidas

A bancada parlamentar da Renamo, apenas vê “mentira” nos números apresentados pelo Governo. José Samo Gudo, deputado daquela bancada parlamentar, disse que as manifestações de 01 a 03 de Setembro foram provocadas por mentiras semelhantes às apresentadas pelo ministro da Planificação e Desenvolvimento.
Samo Gudo diz que a ausência de políticas de desenvolvimento constitui a “grande equação” que o Governo da Frelimo não consegue resolver, demonstrando assim a sua “incompetência”. Para aquele parlamentar, “o Ministério da Agricultura, que deveria definir estratégias de desenvolvimento, mais não é, ao longo dos últimos anos, do que uma passarela por onde desfilam ministros incompetentes”.
A nomeação do ex-ministro do Interior para pasta da Agricultura, é, segundo Samo Gudo, a prova factual e inequívoca de que o Governo da Frelimo falhou no processo de transformar a Agricultura em alavanca de desenvolvimento do país para acabar com a pobreza.

O Governo está a fragilizar a pobreza

Do lado da Frelimo, está tudo bem e o Governo está fortemente empenhado em “reduzir a pobreza” no país.
A bancada do partido no poder defendeu, pela voz do deputado Nelson Paiva, que a crise financeira mundial é a origem do elevado custo de vida no país. Defendeu em suma que a culpa de estarmos mal vem do estrangeiro. Em suma que o mal vem sempre de fora! Cá entre nós não há culpas, na óptica deste deputado do partido no poder. Está tudo bom! Para este parlamentar.
Ele disse que o aumento dos preços de alimentos no mercado internacional, agravado com o aumento dos combustíveis líquidos, está a agravar o já fraco poder de compra dos moçambicanos.
Para hoje está agendada a continuidade do debate das informações do Governo e da implementação das medidas de austeridade.

(Matias Guente, CANALMOZ)

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