- Considera Brazão Mazula, reitor do ISTEG e antigo reitor da UEM
“Os políticos devem ser tolerantes para que se estabeleça a paz política, mental e económica. Tenho registos na minha memória que resultaram da falta de paz. Podíamos ter evitado os acontecimentos de Mocimboa da Praia em 2005, de Montepuez em 2000, de 5 de Fevereiro de 2008 e 1 e 2 de Setembro de 2010, em Maputo’’- Brazão Mazula
Maputo (Canalmoz) – O académico e antigo reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Brazão Mazula, considerou que a falta da paz política, económica e mental, esteve na origem das manifestações populares ocorridas nas cidades de Maputo e Matola, nos dias 5 de Fevereiro de 2008 e de 1 a 3 de Setembro do ano em curso. Mazula convida os sociólogos a estudar este “fenómeno’’ “antes que seja tarde”, recordando que o país já teve maus exemplos de tumultos que resultaram em mortes por falta de comunicação entre o Estado e o cidadão.
Mazula disse que os acontecimentos de Mocimboa da Praia, em 2005, que resultaram na morte de cerca de uma dezena de pessoas, foram resultado de intolerância política, assim como a mortes de mais de uma centena de membros e simpatizantes da Renamo por asfixia, em celas minúsculas em Montepuez, em 2000, também só podem ser explicadas pela intolerância política.
Mazula fez estes pronunciamentos esta semana, em Maputo, numa palestra organizada pela Universidade A Politécnica, por ocasião da passagem dos 18 anos da Assinatura do Acordo Geral da Paz.
“A sociedade tem que ter uma paz mental, não queremos ver repetidos os episódios de Mocimboa da Praia, Montepuez, Mongicual, 5 de Fevereiro e 1 e 2 de Setembro. A falta da paz económica, política e mental empurra-nos para estas situações’’, alertou o homem que foi o primeiro a ocupar o cargo de presidente da Comissão Nacional de Eleições, em 1994, durante o processo de implementação dos acordos de Roma que puseram termo à Guerra Civil.
Fosso entre ricos e pobres
Num outro desenvolvimento, Brazão Mazula disse que o fosso entre ricos e pobres em Moçambique é extraordinário e isto concorre para que um grupo de cidadãos se sinta minorizado e excluído.
“Não digo que não haja ricos no país, porque eles (os ricos) existem em qualquer parte do mundo e fazem os países desenvolver’’, disse Brazão Mazula sublinhando que o necessário é que haja equilíbrios entre os pobres e os ricos.
(Cláudio Saúte, CANALMOZ)
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