O dia de reflexão eleitoral foi ontem passado por muitos brasileiros em clima descontraído
Mais de 136 milhões de brasileiros vão hoje às urnas para escolher um novo presidente, 27 governadores de estado, 54 senadores, 513 deputados federais e 1057 deputados regionais. Os escândalos que rebentaram em plena campanha e que lesaram a candidata governamental, Dilma Rousseff, causaram grande disparidade nas sondagens e o suspense sobre uma eventual segunda volta mantém-se até ao fim.
Pelos números do Ibope, Dilma tem 50% das intenções de voto e deve ser eleita hoje, uma vez que tem nove pontos de vantagem sobre a soma de José Serra (27%), Marina Silva (13%) e Plínio de Arruda Sampaio (1%). Já no DataFolha, Serra sobe para 28% e Marina para 14%; Dilma cai para 47%, ficando apenas quatro pontos na frente da soma dos demais e na margem de erro, que é de dois pontos por excesso ou por defeito. Se Dilma cair ligeiramente e um dos outros ou os dois subirem um pouco, a eleição vai ser decidida por décimos e pode haver segunda volta.
Apesar de a campanha ter decorrido sem incidentes graves, todo o aparato de segurança brasileiro foi mobilizado para garantir tranquilidade aos eleitores. Em 193 cidades onde há pouco policiamento ou onde os ânimos estão mais exaltados, a segurança vai ser garantida por homens das Forças Armadas. No Rio de Janeiro, onde ainda há muitas favelas controladas por milícias e traficantes, as folgas e férias de polícias foram suspensas e 26 mil agentes, 2,5 mil carros, motos e meios aéreos vão garantir o direito dos eleitores de votarem livremente.
Quem sair vitorioso da batalha presidencial vai ter a difícil missão de suceder a Lula da Silva, o presidente mais popular da história do Brasil e um dos políticos mais respeitados do Mundo, apesar da sucessão de escândalos de corrupção. Em oito anos, Lula reduziu a miséria a metade, duplicou as exportações, fez cair o analfabetismo, aumentou a expectativa de vida, garantiu ao país a realização do Mundial de Futebol e as Olimpíadas de 2014.
Com uma actuação diplomática polémica mas intensa, o presidente colocou o país como parceiro de relevo na cena internacional e transformou-se ele próprio num hábil negociador de crises mundiais.
GOVERNO FESTEJA ANTES DA ELEIÇÃO
A divulgação nos media de que o Partido dos Trabalhadores e o governo estavam ontem a organizar uma gigantesca festa em Brasília para comemorar a eleição de Dilma, que já davam como certa a 24 horas do início da votação, provocou grande constrangimento à presidência da República. Dilma apressou-se a negar, mas a Secretaria de Segurança Pública de Brasília confirmou que o governo federal tinha requisitado um reforço policial para a realização de um grande evento após o encerramento das urnas.
OS ÚLTIMOS CARTUCHOS
Dilma, Serra e Marina gastaram, cada um à sua maneira, os últimos cartuchos da campanha, já em clima de relaxamento após o fim da propaganda oficial. Dilma foi a Porto Alegre baptizar o neto recém-nascido para anular boatos de que não tem religião. Serra e Marina ficaram em São Paulo. Em locais diferentes, ambos fizeram caminhadas pelas ruas, Marina exaltando a onda verde que a fez crescer nas sondagens e Serra mostrando confiança em crescer numa segunda volta.
Correio da manhã (Portugal)
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