Sunday 24 January 2010

Moçambique Já tem enfermaria-modelo


A CIRURGIA II do Hospital Central de Maputo passou desde ontem a constituir a primeira e única enfermaria-modelo do país, após o reconhecimento formalmente feito pelo Ministério da Saúde.

Com capacidade para 48 camas e cinco extras, a enfermaria difere das restantes por ter atingido padrões aceites internacionalmente para que faça parte desse patamar, do ponto de vista de humanização, com um atendimento personalizado. O pessoal médico é semanalmente submetido à uma avaliação pelos pacientes através de votação numa urna colocada à disposição do utente e ainda por um inquérito anónimo, que o doente preenche na altura da alta.

Os resultados dessa avaliação são posteriormente divulgados e servem de indicadores para a “Medida de Satisfação do Utente”. 80 porcento é o padrão aceitável para que uma enfermaria seja considerada modelo.

Há três anos e meio que a enfermaria funciona na perspectiva de atingir o patamar ora alcançado. Para tal, observou com rigor os requisitos exigidos, como o atendimento personalizado, alto nível de higiene e limpeza e de controlo.

A ideia de criação de enfermaria-modelo nos hospitais surge, segundo o ministro da Saúde, Ivo garrido, do facto de muitos doentes manifestarem insatisfação face ao atendimento que recebem nos hospitais. Assim, decidiu-se que cada hospital tivesse uma enfermaria-modelo que serviria de exemplo para as restantes.

Garrido explicou que tudo começa em 2006, com a enfermaria da Cirurgia II a candidatar-se a este nível e, um ano depois, a experiência chegava a outros hospitais centrais e provinciais. Actualmente, o HCM tem outros departamentos que manifestaram a intenção de fazer parte daquele nível a saber, as enfermarias de Pediatria, Maternidade, Medicina, Ortopedia. “Estamos a crescer assim. O que queremos é paciência e perseverança para que, daqui a cinco anos, em vez de uma em cada hospital, tenhamos duas e daqui a 10 anos, em vez de duas termos quatro!”, disse Garrido.

Mariamo Jamaldine é uma paciente internada na enfermaria-modelo desde a passada quarta-feira. Faz uma avaliação positiva do atendimento que encontrou que marca diferença na maneira de servir do HCM, sobretudo no que diz respeito ao esmero.

“A diferença é de noite para dia. Acredito que o melhoramento do meu estado de saúde tem a ver com o ambiente em que estou. Já estive de baixa sete vezes, mas exceptuando a clínica que não posso fazer comparação, nunca estive num ambiente hospitalar tão acolhedor e simpático como este. Os trabalhadores são simpáticos e atenciosos tudo diferente do que nos já habituamos.

Com cinco quartos, 44 trabalhadores, entre o serventuário, de enfermagem e médico, a enfermaria possui uma área social na qual os doentes recebem visitas familiares ou mesmo espiritual. É uma área que dá ao paciente uma sensação de estar em casa por ser aberto. As camas estão identificadas não só pelos números, como também pelos nomes dos respectivos ocupantes.

Sobre os desafios do MISAU para este novo mandato, Garrido disse que a prioridade vai para os recursos humanos, através da formação em qualidade e quantidade de todo o pessoal da Saúde. Paralelamente a esta formação, a aposta é expandir a rede sanitária para fazer com que moçambicanos percorram menos distância em busca dos serviços sanitários.


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