Monday 10 August 2009

Serviços secretos ingleses apoiaram Frelimo na luta contra a Renamo


Durante Guerra Civil Moçambicana (1976-1992)
Serviços secretos ingleses apoiaram Frelimo na luta contra a Renamo

Título: Sunday, Bloody Sunday -- A Soldier’s War in Northern Ireland, Rhodesia, Mozambique and Iraq
Autores: Jake Harper Ronald e Greg Budd
Editora: Galago (África do Sul)
Preço: 300 randes.
372 páginas, ilustrado
ISBN 978-1-919854-35-9
Os serviços de espionagem externa da Inglaterra, MI6, estiveram por detrás da criação de uma milícia privada no âmbito de esforços desenvolvidos pelo regime da Frelimo para combater a guerrilha da Renamo. A revelação vem contida num livro de memórias de Jake Harper-Ronald, antigo membro da segurança zimbabueana, CIO, e que em 1989 foi recrutado pelo MI6 para treinar a milícia privada ao serviço da Lomaco, uma empresa anglo-moçambicana cujo capital social era detido maioritariamente pela multinacional britânica, Lonrho. De acordo com o autor de “Sunday, Bloody Sunday – A Soldier’s War in Northern Ireland, Rhodesia, Mozambique and Iraq (Domingo, Sangrento Domingo – A Guerra de um Soldado na Irlanda do Norte, Rodésia, Moçambique e Iraque), para além do treino da milícia privada da Lomaco, ele também participou na formação de forças especiais que viriam a ser absorvidas pelas Forças Armadas de Moçambique
No livro, escrito conjuntamente com Greg Budd, o autor conta pormenores da sua vida como militar de carreira. Começou por integrar o Regimento de Pára-quedistas britânico, tendo participado em missões contra a luta pela autodeterminação da Irlanda do Norte. Em 1974, Harper-Ronald alistou-se nos comandos pára-quedistas rodesianos, SAS. Depois da independência do Zimbabué, Harper-Ronald passou a trabalhar para a CIO. Nove anos mais tarde, foi recrutado pelo MI6, para combater a Renamo, movimento que lutava pelo estabelecimento de uma ordem democrática em Moçambique.
A par do envolvimento da MI6 na guerra civil moçambicana, o Reino Unido prestou apoio na formação de unidades especiais das FAM-FPLM em Nyanga, Zimbabué. A formação foi dada por instrutores do exército britânico integrados na BMATT (Equipa Britânica de Assessoria e Formação Militar), tendo o armamento sido fornecido pela Defense Systems Limited, empresa inglesa de fabrico de material bélico a quem o governo conservador britânico concedeu avultados subsídios. Em 1990, o então secretário de Estado britânico da defesa, Tom King, declarou em Nyanga que “a BMATT iria proporcionar às FAM-FPLM a melhor formação do mundo em contra-guerrilha”. Dois anos mais tarde, porém, a realidade militar no terreno forçava o regime da Frelimo a assinar um acordo de paz com a Renamo.

CANAL DE MOÇAMBIQUE – 30.07.2009, citado em www.macua.blogs.com .


NOTA DO JOSÉ
- Os apologistas da Frelimo afirmam que não houve uma guerra civil em Moçambique mas sim uma guerra de destabilização promovida por estrangeiros. A verdade é que a Frelimo sempre foi apoiada por estrangeiros e quando o Acordo de Roma foi assinado, as únicas tropas estrangeiras em Moçambique estavam ao lado da Frelimo.

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