Friday 14 August 2009

Frelimo espanca membros da Renamo e destrói casas

XAI-XAI – O delegado da Renamo, em Gaza, Bento Carlos, chamou a Imprensa, sexta-feira, para, dentre outros assuntos, denunciar a destruição de casas pertencentes a membros da sua formação política que, inclusivamente, culminaram com o aborto da grávida de uma das vítimas e desistência escolar de duas crianças.
Trata-se de Madalena Tuzine, de 37 anos de idade, Alfredo Mucavele, de 65 anos e Maria Mondlane, de 67 anos de idade, todos residentes, no distrito de Xai-Xai, província de Gaza, e membros do partido Renamo, que, no dia 2 de Julho do corrente ano, viram suas habitações, construídas na base de material local, demolidas, por membros pertencentes ao partido no poder, Frelimo, sob liderança do comandante da Polícia Municipal da Cidade de Xai-Xai, ao nível daquela povoação, identificado por Vicente Muchanga e seu súbdito, Raul Sitoe, ambos residentes no bairro 4, Cherindzene, posto administrativo de Chicumbane, sob alegação de estes indivíduos protagonizarem desacatos, no que se refere à sua participação, em reuniões de âmbito local, organizadas, pela Frelimo.
De acordo com o delegado político da “Perdiz”, em Gaza, Muchanga e Sitoe invadiram, nos princípios da noite do passado dia 2 de Julho – era uma quarta-feira – e, fazendo-se acompanhar por certos grupom que variam de 10 a 15 homens, destruíram as casas dos membros da Renamo, sob o argumento de que estes já ganharam o “vício” de não se fazerem às reuniões do partido de “batuque e maçaroca”, que tem, ao seu mais alto nível, na pessoa do Chefe de Estado, Armando Guebuza, a figura mais representativa.
Sob comando de Muchanga e seu “comparsa”, os “camaradas” as- saltaram a casa de Madalena Tuzine, residente em Chirindzene, bairro 4 – eram cerca das 18 horas e 30 minutos – onde destruíram quatro palhotas destinadas à habitação, duas palhotas para galinhas e patos, além de terem demolido dois celeiros, contendo milho e feijão nhemba: era o princípio do desencadeamento de actos de vandalismo.
Por volta das 19 horas do mesmo dia, Muchanga e Sitoe, fazendo-se acompanhar pela “massa” que conseguiram mobilizar, escalaram a casa de Mucavele, onde destruíram três palhotas, um alguidar, queimaram três peneiras e três bidons destinados à busca de água. Como se não bastassem, roubaram um valor monetário, 500 meticais, proveniente da venda de lenha, única fonte de sobrevivência da vítima e sua família – pelos vistos – uns dos tantos moçambicanos que, ainda, vivem na tão propalada pobreza, cuja menção é quase obrigatória, nos retumbantes discursos políticos guebuzianos e do seu Executivo.
A “campanha” do “silencionamento” de membros pertencentes ao partido de Afonso Dhlakama não parou por aqui. Prossegiu! Quando eram cerca das 20 horas do dia 2 de Julho último, os vândalos “visitaram” a casa de Madalena Tuzine, natural de Chibuto, na mesma província, tendo destruído duas palhotas e cortado umas plantas de frutas.
“Destruíram as casas sob alegações de que os membros da Renamo não foram a uma reunião do partido Frelimo, porque querem assumir o protagonismo de que todos os residentes locais devem participar das reuniões do partido no poder”, disse Bento Carlos, frisando que “a Renamo orienta seus membros para participarem de encontros organizados por membros do Governo e não dos encontros da Frelimo, de igual modo que nenhum membro do partido no poder, PDD ou PIMO é obrigado a presenciar as reuniões do nosso partido”.
Um documento emetido e assinado por Víctor Chivurre, médico generalista de segunda, director do Hospital Rural do posto administrativo de Chicumbane, no qual as “cenas” de vandalismo contra membros da Renamo ocorreram, refere que Madalene Tuzine, de sexo feminino e raça negra, foi vítima de agressão física, que lhe provocou aborto, tendo sido assistida, nesta unidade sanitária.
“Actualmente, a paciente continua a queixar-se de dores, na região lombar, à esquerda, que irradia para a região toráxica do mesmo lado”, lê-se no documento, que tem como destinatário o Comando Distrital da Polícia da Repúbica de Moçambique, PRM, ao nível da cidade de Xai-Xai.
À volta deste caso, o delegado politico do mais antigo partido da oposição, na Repúbica de Moçambique, desde que este adoptou o sistema político pluripartdário, nos princípios dos anos 90, explicou que o caso foi remetido às estâncias competentes, julgado e tendo se chegado à conclusão de que os réus deveriam construir casas para as vítimas, mas, apenas, limitaram-se a reerguer as estacas por si cortadas e o caniço de que as palhotas demolidas se constituíam, razão pela qual com o mau tempo que se registou, nos útimos dias, estas estão quase a desabar, de acordo com Bento Carlos.
Aliás, por causa das condições tão más em que, alegadamente, as casas se encontram, Tuzine, Mucavele e Mondane decidiram não ir ocupá-las e remetendo, junto às estâncias competentes, nomeadamente, à juíza do Tribunal Judicial da Cidade de Xai-Xai, uma reclamação, dando conta que as habitações foram despachadas e estão em condições inabitáveis.
“Vossa Excelência orientou os infractores para reconstruírem as residências, só que os mesmos, apenas, foram reerguer as paredes destruídas e as casas não se apresentam com condições para habitação”, lê-se nas reclamações das três vítimas, a que o Jornal teve acesso, emetidas em igual número de documentos, datados de 4 de Agosto corrente e devidamente assinados, por Madalena Francisco, Alfredo Mucavele e Maria Mondlane e derigidas à juíza do Tribunal Judicial da Cidade de Xai-Xai.
Apelam, ainda, à juíza deste Tribunal, para accionar mecanismos legais, no sentido de criar formas de aproximar alguém competente, para observar o que foi feito, afim de melhor tirar conclusões.
Consta, segundo informações em poder do Jornal A TribunaFax, que as três vítimas de agressões e suas famílias encontram-se, neste momento, acolhidas, em casa do delegado político da Renamo, ao nível daquele posto administrativo.
Em consequência das demolições das residências referidas, anteriormente, duas crianças estão a perder o ano escolar, porque os seus progenitors não têm dinheiro para pagar transporte de modo que as mesmas se possam deslocar à escola, em Chirindzene, visto que, embora a distância que separa o estabelecimento de ensino onde as menores frequentam da casa onde se encontram alojadas, não seja tão maior, os transportes semi-colectivos de passageiros cobram, por cada viajem, 10 meticais, por se tratar de uma zona rural, segundo deu a conhecer Bento Carlos, à Reportagem deste diário.

( TRIBUNA FAX, 11/08/09 )

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