Wednesday 26 August 2009

Chipande advoga enriquecimento fácil (1)

Tu quoque fili mi? – tu também, meu filho (exclamou César ao ver o filhoentre os seus assassinos)


É urgente haver lei que proíba seja quem for ter mais que só e somente só um envelope dos escritórios do Estado como salário. Ter sido dirigente da lutacombatente não deve, de modo algum, significar que se adquiriu o direito de se apoderar de bens públicos. Há muitos antigos combatentes que não sabemque fazer das suas vidas. Qual é a diferença entre Chipande e os seus antigos companheiros e luta que não morrem na penúria?
Ninguém questiona a riqueza que Chipande e seus amigos ostentam. Pergunta-se a maneira como Chipande e seus colegas adquiriram tanta riqueza. Se ficaram ricos desviando fundos das instituições públicas ou espoliando as riquezas naturais – fauna, flora, solo e subsolo nacionais ou golpeando os cofres públicos, então, a riqueza que ostentam é ilegítima e usurpada ao povo. Chipande e seus camaradas teriam que escolher entre estar na privada ou na gestão do Estado. Ser director, ministro, magistrado, presidente da República enquanto, ao mesmo tempo, promovem negócios privados com o Estado, deve ser declarado ilegal. Abeirar-se do Estado para ter acesso aos fundospúblicos e participar dos negócios do Estado é ilegal.
Uma simples análise à composição da estrutura accionista das empresas permite concluir que estão em quase todas. Estão nos CFM – desmantelados eesquartejados, nas águas, na Vodacom, na Cornelder, nas portagens. Onde não constam seus nomes, estão representados por seus familiares e colegas das negociatas. Agora que se fala que a Mcel vai ser privatizada, em breve, vê-los-emos, também, lá pendurados como sócios. É mais que seguro que estarão presentes na terceira operadora de telefonia móvel que vem aí.
Esperar para ver, não custa não se paga nada, mas, caso seja necessário pagar bilhete, não hesitaremos em adquirilo para ver a banda a passar. Embreve, vê-los-emos a adjudicar cobrança de portagem sobre o Rio Save, Chimuara/Caia e Tete/Matundo, sobre o Rio Zambeze, para fazerem tako, àsempresas das elites oriundas da luta pela Independência, pois, para tal efeito, ganharam direito através da sua participação na guerra pelaIndependência, como alega Chipande.
Quando o País tiver mais estradas com portagens, as suas empresas vão amealhar tako a valer. O público testemunhou o encerramento da empresa Golden Roses, situada no distrito da Moamba, província de Maputo, propriedade de um dinossauro do partido no poder, por graves violações à Lei do Trabalho, submetendo os seus trabalhos às condições de escravatura medieval. Só reabriu as portas depois de cumpridas todas as imposições legais. Em Gondola, distrito do mesmo nome, província de Manica, a empresa Fertilizer Company, propriedade de associados a lutadores pela IndependênciaNacional sujeitava a seus trabalhadores a condições horríveis e pagando-lhes um salário de fome.
Moçambique tem saído bem, em algumas circunstâncias, graças à sensibilidade e patriotismo de certos governantes que saem a exigir o cumprimento da lei, porque, de modo geral, a prática tem sido a de fechar os olhos quando setrata de empreendimentos que visam encher os bolsos dos que dizem ter ganho o direito de ficar ricos, a qualquer preço. A ganância por comissões dealguns dirigentes levou o País à pobreza.
Moçambique herdou, quando da Independência, uma da indústria têxtil de calçado robusta. Hoje, o País não faz sapatos nem tecidos, pois, todas as fábricas fecharam as portas, em nome da globalização. Esta desculpa é falsa. conhecem-se os contornos da corrupção na sua transacção e a ineficiência dagestão a que foram submetidas. O caso da Textáfrica é o mais gritante. Levou ao desemprego mais de sete mil operários entre efectivos, sazonais e terceiros. Existem documentos que comprovam a corrupção em que se envolveram alguns governantes, ditando a falência da indústria têxtil. Os calçados deMoçambique eram encontrados nas melhores sapatarias do mundo, mas, agora, nem chinelos se fabricam.
É nestas condições que Chipande e seus colegas se orgulham de ser ricos. O general não tem razões para tanta gabarolice. As declarações de Chipande não têm cobertura em partidos que respeitam o povo. O seu autor teria sido sancionado por injúria ao povo a quem lhe falta o pão de cada dia. Os combatentes da libertação da pátria deveriam repudiar as palavras do general Chipande por serem insultuosas e desrespeitosas. As eleições são a melhor ocasião para castigar os políticos degenerados que cavalgam o povo, expulsando-os do poder.
Os corruptos e arrogantes não têm condições para contribuírem para o desenvolvimento da nação O destituído presidente da Madagáscar, Mark Ravalomanana, foi expulso do poder por desconhecer as fronteiras que separa a coisa pública dos seus negócios. Os acordos de exploração de fosfatos envolvendo suas empresas aceleraram a sua queda, para além das ilegalidades que andava a praticar.

( O autor deste texto é o Edwuin Hounnou, e originalmente foi publicado no Tribuna Fax. Infelizmente não tive acesso à série completa, apenas tenho a parte final que postarei amanhã. Esta parte que posto agora, foi citada aqui. )

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