Monday, 31 August 2009

Revolução de 28 de Agosto na Beira: 1.º Aniversário



Beira (Canalmoz) – Era dia de semana, mas a Beira parou para celebrar o 1.º Aniversário do 28 de Agosto de 2008, que ficou para a história como o dia em que as bases da Renamo se revoltaram contra a liderança do seu partido, por ter apontado Manuel Pereira como candidato à sucessão de Daviz Simango no cargo de presidente do Município da Beira. A Frelimo passou a cantar vitória e a anunciar que o desmoronamento da Renamo era o garante da vitória antecipada do seu candidato. Abriram-se centenas de garrafas de champanhe. Espalhou-se um sentimento de vitória na Frelimo que dificilmente se poderia admitir que alguém pudesse virar o sentido dos acontecimentos.
Nada mais se admitia possível que não fosse a vitória do então secretário provincial da Frelimo, Lourenço Bulha, indicado como candidato a render o até então edil da capital de Sofala que fora eleito a primeira vez, proposto pelo partido liderado por Afonso Dhlakama.
Do dia 28 de Agosto de 2008 em diante a política em Moçambique numa mais foi a mesma coisa. Um movimento informal cedo se formou e em meia dúzia de dias organizou-se e foi a tempo de inscrever Daviz como candidato independente.
Concorreu e venceu com larga margem. Não tinha partido. Foi proposto pelo Grupo de Reflexão e Mudança, uma organização cívica de munícipes.
Os eleitores deram-lhe cerca de 63% dos votos.
Na última sexta-feira, numa marcha em que tomou parte o Eng. Daviz Simango, a cidade da Beira viu-se invadida por uma apreciável moldura humana que caminhou por algumas das suas artérias. Celebrou-se o primeiro aniversário do que já ficou para a história sob a designação de “Revolução de 28 de Agosto de 2008”.
Depois disso veio o Movimento Democrático de Moçambique que se formalizou como organização legalmente constituída para discutir a vida do País.
Havia e há motivo para comemorar se tivermos em conta que o 28 de Agosto foi o despoletar de toda uma série de acções que culminou com a criação do MDM.
Este partido, ao tomar-se em consideração o que tem sido as reacções de seus opositores, veio fazer alguma, senão muita, diferença no panorama político nacional.
As referências ou acções de membros da Frelimo em Gaza, durante a recente visita efectuada pela liderança do MDM a Xai-Xai, mostram que existe uma tendência de feroz intolerância de algumas das forças políticas moçambicanas. Ciúme.
Há uma tentativa de molestar quem não conjuga o verbo Frelimo e isso pode provocar fricções cuja direcção se pode tornar incontrolável. O MDM, o que vale, é uma organização que se afirma não violenta.
O uso de agentes provocadores para intimidar os outros pode receber resposta do mesmo tipo e envenenar as eleições que se avizinham se os nervos se vierem a exaltar, o que de todo será conveniente evitar-se.
A comemoração do 28 de Agosto na Beira mostrou que existe firmeza nas hostes do MDM em avançar com o seu projecto. Será, no entanto, recomendável que os outros se mantenham calmos e evitem violência. Os eleitores precisam de tranquilidade para poderem escolher quem querem que governe o País e quem o represente na Assembleia da República e nas assembleias provinciais.
O aniversário do 28 de Agosto de 2008 veio mostrar ao mundo que Moçambique é um País que quer mudar, de facto e está farto de mudanças cosméticas.
As forças do passado monolítico dizem que são democráticas mas no momento da verdade optam por caminhos que não são nada democráticos. A violência e a falta de civismo mostram bem que têm muito verniz que lhes cai em momentos cruciais.
Esperemos que os partidos abram os olhos e compreendam que a única possibilidade é a tolerância mútua e a aceitação prática de que o país é de todos e não um cativo de determinadas figuras.
O que o 28 de Agosto significa já era esperado há muito pelos moçambicanos. Aconteceu que se deu crédito a quem o tem e se pôs termo a quem quer decidir sozinho pelos outros.
Há erros que se comentem em processos políticos. Erros pagam-se. E quem os comete deve aceitar as consequências. É de esperar, contudo, que quem vê os seus erros serem-lhe cobrados saiba manter uma postura e atitude cívica elevada. É necessário que haja abertura e não se diga apenas que se é contra a violência.
Entre os políticos e respectivas formações políticas é preciso que haja civismo e se pratique a não violência. É indispensável que se deixe trabalhar os outros, sem provocações de baixo nível.
Quem não teme, tolera. Quem é realmente democrático, tolera. Quem teme precisa de recorrer a meios obscuros para fazer valer suas ideias e posições.
Uma coisa parece por demais evidente. Os moçambicanos já experimentaram que a mudança é possível. Na Beira viram que a mudança foi possível. Em muitas partes do País acredita-se que é possível.
Mesmo os papagaios de determinados partidos políticos já se aperceberam de que as coisas jamais serão como antes...


( Noé Nhantumbo, CANALMOZ, 31/08/09 )

Setecentos expositores hoje na FACIM-2009




A quadragésima quinta edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM-2009) abre a meio da tarde de hoje, numa cerimónia a ser dirigida pelo Presidente da República, Armando Guebuza. Sob o lema “Ponto de encontro para homens de negócios”, o certame junta até domingo um total de 700 empresas nacionais, mais 200 em relação à edição passada, para além da participação oficial de 14 países maioritariamente oriundos da SADC.
Dados da organização da feira, por sinal a última a realizar-se na baixa da cidade antes de ser transferida para Marracuene, denotam uma considerável presença da região, estando inscritos, em termos oficiais, a África do Sul, Angola, Tanzania, Malawi, Zimbabwe, Suazilândia, Zâmbia e o Quénia. Vão participar também oficialmente, Portugal, Espanha, Itália, Brasil, a região autónoma de Macau, Indonésia e Vietname.
Estão igualmente registadas pelo menos 20 empresas estrangeiras, que por não terem conseguido espaço nos pavilhões dos respectivos países tiveram que participar de forma isolada.
Ao meio da tarde de ontem, o recinto da feira registava um movimento intenso de pessoas, próprio do último dia de preparativos de uma feira desta dimensão. Por um lado, os expositores, a correrem num contra-relógio nos derradeiros arranjos dos seus stands e, por outro, a organização a fazer de tudo para que nada falhe, particularmente na cerimónia de abertura, tendo em conta a presença do Chefe do Estado.
Num breve contacto com a nossa Reportagem, o director comercial da Sociedade Gestora de Feiras, Exposições e Congresso (SOGEX), Juvenal Mabote, garantiu que está tudo a postos para a abertura deste certame anual que se vem tornando referência sobretudo a nível da SADC, desde os meados da década de 60.
“Está tudo a postos para a abertura da FACIM. Agora estamos envolvidos nos últimos retoques, por isso podemos dizer que não há dúvidas que às 14 horas de hoje, o Presidente da República procederá à abertura da feira”, assegurou Juvenal Mabote.
A avaliar pelo nível de participação dos agentes económicos, quer nacionais, quer estrangeiros, Juvenal Mabote mostrou-se optimista quanto ao alcance dos objectivos da feira, nomeadamente a promoção dos produtos e serviços das empresas moçambicanas e o consequente aumento do volume de vendas, particularmente para a exportação.
A expectativa da SOGEX é que a quadragésima edição da FACIM seja visitada por pelo menos 50 mil pessoas, ou seja, mais sete mil em relação ao ano passado.
Hoje, primeiro dia, será comemorado o Dia do Exportador, uma cerimónia que contará com a presença do Chefe de Estado, na qual serão premiadas 19 empresas que se notabilizaram nas exportações ao longo do exercício económico de 2008.
Entretanto, Portugal volta a liderar, quer em termos de espaço ocupado, quer no que diz respeito ao número de empresas presentes.
A AICEP Portugal Global organizou um pavilhão na FACIM com uma área bruta de 850 metros quadrados congregando 42 empresas dos sectores de forte implantação no mercado moçambicano, como materiais de construção, agro-alimentar, metalurgia e metalomecânica, construção civil e consultoria, tecnologias de informação, material eléctrico e electrónico, artigos farmacêuticos, entre outros.
Na presente edição e em comparação com a edição do ano transacto regista-se um acréscimo de 20 por cento de expositores no Pavilhão de Portugal.
Para além do pavilhão nacional estão inscritas outras 40 empresas portuguesas que expõem noutros espaços, tornando Portugal o país estrangeiro mais representado no certame.

( Notícias, 31/08/09 )

MDM



Orgulhamo-nos dos nossos feitos – Daviz Simango, num balanço preliminar sobre inserção do MDM no panorama político nacional

DAVIZ Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) disse ao “ Notícias” sentir-se feliz e orgulhoso pelo facto de em tão pouco tempo ter conseguido a inserção da sua formação política em todo o país, e, sobretudo, por ter reunido requisitos exigidos por lei para concorrer nas eleições de Outubro, deixando para trás, segundo afirmou, formações políticas com historial de participação neste tipo de eventos, particularmente na corrida para a Presidência da República.
O líder do MDM, a par dos concorrentes da Frelimo e da Renamo para a Chefia do Estado, nomeadamente Armando Guebuza e Afonso Dhlakama, integra o grupo dos três dos nove candidatos confirmados pelo Conselho Constitucional para disputarem a eleição presidencial. De fora ficaram figuras como Raul Domingos, do PDD, Yá-Qub Sibindy, do PIMO, Kalid Sidat, do ALIMO, só para citar alguns exemplos.
De acordo com Daviz Simango, este pode ser considerado um forte indicador da vontade dos moçambicanos de verem o MDM, à frente dos destinos do país, através da sua representação nas Assembleias Provinciais, Assembleia da República e na chefia do Estado.
“Contrariamente ao que se pensava com relação a Gaza, nós notamos que, à semelhança do que está a acontecer noutras províncias, a nossa representação está a concorrer em pé de igualdade e tem estado a organizar-se muito bem”, assegurou o líder do MDM.
Em relação aos recentes pronunciamentos do presidente da Renamo na Beira, segundo as quais, Daviz Simango iria sofrer uma estrondosa e vergonhosa derrota nas eleições de Outubro, a nossa fonte foi peremptória ao afirmar que deixava esse veredicto nas mãos dos eleitores. “Os moçambicanos terão a oportunidade de fazer a sua escolha no dia 28 de Outubro. Nessa altura todos nós saberemos que percentagem de votos caberá a cada um,” disse.
Num outro desenvolvimento, o líder do MDM falou daquilo que é o manifesto eleitoral da sua formação política, tendo referido que tudo foi traçado tendo em conta as possibilidades de todos os moçambicanos terem acesso à riqueza, ao emprego e a outras questões que tornam melhor a vida das pessoas.
“Estamos preocupados com a classe média, precisamos de ter uma classe média forte, precisamos que haja pequenas empresas a funcionarem; precisamos também que os moçambicanos tenham oportunidade de acesso à Educação, Saúde. Precisamos de resolver os vários problemas da nossa juventude, dos combatentes da luta de libertação nacional, dos combatentes pela democracia, e outros combatentes anónimos que nesta sociedade moçambicana precisam do apoio do Estado,” afirmou o presidente do MDM.
Sobre as informações postas a circular, segundo as quais houve tentativa de inviabilização da sua deslocação à Gaza por parte dos seus adversários políticos, Daviz Simango lamentou tal situação, afirmando tratar-se de um acto condenável, e de total intolerância política.
“Como podem ver, nós estamos a dar esta entrevista ao nosso lado, está um ruído insuportável, protagonizado por simpatizantes da Frelimo, infelizmente sentimos que há dirigentes partidários que não conseguem estar na política. Nós entendemos que não há necessidade de andar atrás da sede de um outro partido, mas isso é um bom sinal, porque isso mostra que o MDM, é um partido forte, é uma ameaça e, eventualmente, terão a resposta se Gaza é ou não é bastião da Frelimo,” disse Simango.

( Notícias, 29/08/09 )
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Alusiva ao dia do início da Revolução de 28 de Agosto.


O Movimento Democrático de Moçambique celebrou sexta-feira finda o considerado início da Revolução de 28 de Agosto que culminou com a eleição de Daviz Simango como candidato independente na Beira.
Para lembrar a data o partido marchou por várias artérias da cidade da Beira acompanhadas de cerimónias tradicionais, condicionando o trânsito por algumas horas. A marcha culminou com a realização de um comício popular no bairro da Munhava.
Quanto aos constantes adjectivos que o líder da Renamo tem atribuído ao MDM e a sua liderança, Simango disse que as eleições que se avizinham é que ditarão se os mesmos têm ou não mérito.

( Francisco Raiva, O País, 29/08/09 )

Sunday, 30 August 2009

Maputo: A Cidade das Acácias que virou uma selva onde impera o mau gosto




O verão vem aí: aproxima-se a passos largos e, se calhar, fosse preferível perguntar ao meteorologista Mussa Mustafa a data exacta do “bang” calorífico porque eu e muitos citadinos de Maputo que não gostamos do frio, estamos ansiosos. Queremos assinalar o facto com a pompa e circunstancia merecidas, porque de casacos, colantes e camisolas e outros “trapos” estamos mais que fartos.
Se ao menos durante o Inverno, longo que foi, diga-se, encontrássemos na zona baixa da cidade um local para tomar chá acompanhado de um bolo de arroz, bola de Berlim e, porque não, um de nata, enfim o frio seria tolerado. Que chatice...
Mas, vejamos quais, hoje, as nossas possibilidades de tomar um chá ou um galão ou um simples café na baixa da capital moçambicana que, dizem, não foi à toa que Maputo foi também chamada de Ka-Fhumo e a não menos prestigiada Cidade das Acácias Rubras.
Pois comecemos por enumerar as nossas (im) possibilidades!
No Cafe Continental, (quem não sabe onde fica?) não é possível porque contigências várias e estranhas ditaram o seu encerramento. A Pastelaria Scala, ah ... que saudade do seu bolo de arroz ... essa, depois de ter estado encerrada anos e anos reabriu há dias e, para espanto de todos, pura e simplesmente virou uma esquina de muitas lojinhas, transformada num autêntico paraíso para aqueles que gostam de gangas e ... quinquilharias! Sim senhora!
Continuemos na "25 de Setembro" e deixamos a zona dos dois vizinhos que, aliás, tinham clientela certa e selecta, para rumarmos em direcção às bandas da Feira Popular e ali estava o Djambu: As sandes eram deliciosas, o café (bica e banheira), galão, do chá com limão nem se fala e hoje o que sobrou? Um cubículo escondidinho!
Ja oiço uma vozinha a reclamar e a perguntar se ouvi ao menos falar do Café Maputo em plena Avenida Julius Nyerere! Ouvi sim. E era uma lugarzinho charmoso onde as meninas do "Lar Santa Maria", hoje transfigurado em Mundo's, iam comprar bolos, sandes, pregos no pão, etc... e, até “puxar” conversa apenas.
E antes que alguém mais pergunte: no Alto Maé, o Nosso Café, mantinha os residentes daquela área e circunvizinhas contentes pois bolo e pão quentes não faltavam. Os estudantes, lembram-se perfeitamente de como era ir ao "Cortiço", ou ao "Pigalle" e ainda a "Princesa" comprar um croissant ou outro bolo qualquer, dependendo dos poucos meticais no bolso. Na zona do Bairro Central paragem quase obrigatória na Colmeia!
Já chegar de falar de chás e bolos de arroz, mas isto tudo para recordar os belos e longínquos tempos do Continental e Scala, endereços certos para lanchar em Maputo, Ka-Fhumo ou Cidade das Acácias Rubras!
Cidade das Acácias Rubras, como identificar-te hoje?


( Rosa Inguane, da Rádio Moçambique )

O Djambu


Recentemente fiz referência à situação dos dois Cafés históricos de Maputo: o Continental e o Scala. Recorde aqui e aqui.

Porém, ainda existe na Baixa de Maputo um outro Café muito antigo e conhecido: o Djambu. Tem um outro visual e ocupa um espaço mais reduzido, mas ele ainda existe.

NUM VAL´PENA! - Cine Teatro Águia

COMEÇO mesmo de chofre. Este país está a perder referências em todos os campos. Os nossos patrimónios histórico-culturais estão a desaparecer para dar lugar a lojas e outras casas de comércio e de pasto muitas vezes de carácter duvidoso. Temos agora uma cidade difusa e confusa, infestada por lojecas, algumas com sinais claros de serem barracas melhoradas. Autênticos senta-baixos. Passei há dias pelo Scala, um verdadeiro ex-líbris da capital e do país, dei de caras com uma lojeca de venda de roupa. Paradoxalmente, o nome ainda está lá imponente: Pastelaria Scala. Entretanto vendem roupa.
Do outro lado da avenida está lá outro ex-líbris, o Continental. Dizem-me que agora vai passar a banco. O John Orr´s, ali mesmo ao lado, onde os meus pais compraram o meu primeiro fato e sapatos, morreu literalmente. Também virou banco. O Prédio Pott, bom, esse até ardeu, ante a passividade de todos nós e hoje está ali feito ruína, envergonhado de ter sobrevivido ao colonialismo para sucumbir às mãos de quem prometeu promovê-lo. Ao invés de promover esses espaços, removemo-los. Com toda a sua história e saber.
Preferimos o capital à cultura. É impressionante como nos baldamos para a história e cultura referenciada pelos nossos edifícios. Se na capital é assim, que tal no resto do país?
Há dias, concretamente num domingo, ligou-me um amigo de longa data. De Quelimane. Estava bastante amuado. Dizia-me que estava farto de rotinas. Propus-lhe então que fosse assistir um filme, mas não em formato DVD. “Mas, então porque é que não pegas em ti e na tua esposa e dão um salto ao “Águia”? Acho que até vos faria bem.” Silêncio e depois uma sonora gargalhada. Não percebi nada. Parecia que tinha acabado de contar uma saga hilariante de Tom e Jerry. E o tipo já mais sério e com ares de ofendido atirou:“tás a gozar com um gajo ou quê?! Então não sabes que o Águia já não existe?!”. Fiquei mudo e quedo com a história que depois narrou. O Cine Teatro Águia virou uma ruína. Espantoso. O mesmo Águia que foi uma referência incontornável da juventude dos anos 80, e por isso um importante foco de desenvolvimento cultural. Um lugar com uma intensa programação cultural todos os dias, por isso respirando juventude. Essa mesma juventude que hoje tem construído um saber e hábitos culturais enraizados que infelizmente os nossos filhos não têm. O “Águia” tinha já na altura excelentes condições acústicas, cómodos assentos na plateia, balcão e camarotes. Era sem dúvida uma válvula de escape para os jovens, que os distraía das tendências das drogas com serviços educativos que tinham por finalidade desenvolver hábitos culturais através de actividades lúdico-pedagógicas. Os debates entre a malta, depois de cada sessão, parecendo que não, estimulavam competências criativas, críticas e expressivas. O resultado é que já na escola compreendíamos e assimilávamos com relativa facilidade variados temas de estudo. Construímos uma capacidade básica de argumentação e de crítica. Construímos o gosto e cultura pela investigação.
Que pena e saudades do meu Cinema Águia, da Fila B e da S., dos didácticos Kuxa Kanemas, do Louis de Funés, do Amithab Bachan, Hema Malini e Sharmila Tagore, do Kheoma e do Bud Spencer. E do porteiro gigante e musculoso Barone, recordam-se dele?! Não nos deixava entrar nos filmes maiores de 18 anos porque tínhamos apenas…17 anos.
Perguntem hoje o que vê e pensa um menino de 10 anos.
Salvemos o “Águia” por favor!
Ciao.

Leonel Magaia -leoabranches@yahoo.com.br
( Notícias, 27/08/09 )

Saturday, 29 August 2009

A crise !



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BARRIGA É BARRIGA...


Barriga é barriga, peito é peito e tudo mais. Confesso que tive agradável surpresa ao ver Chico Anísio no programa do Jô, dizendo que o exercício físico é o primeiro passo para a morte.
Depois de chamar a atenção para o fato de que raramente se conhece um atleta que tenha chegado aos 80 anos e citar personalidades longevas que nunca fizeram ginástica ou exercício - entre elas o jurista e jornalista Barbosa Lima Sobrinho - mas chegou à idade centenária, o humorista arrematou com um exemplo da fauna: A tartaruga com toda aquela lerdeza, vive 300 anos. Você conhece algum coelho que tenha vivido 15 anos?
Gostaria de contribuir com outro exemplo, o de Dorival Caymmi. O letrista compositor e intérprete baiano era conhecido como pai da preguiça. Passava 4/5 do dia deitado numa rede,bebendo, fumando e mastigando. Autêntico marcha-lenta, levava 10 segundos para percorrer um espaço de três metros. Pois mesmo assim e sem jamais ter feito exercício físico viveu 90 anos.
Conclusão: Esteira, caminhada, aeróbica, musculação, academia? Sai dessa enquanto você ainda tem saúde... E viva o sedentarismo ocioso!!! Não fique chateado se você passar a vida inteira gordo. Você terá toda a eternidade para ser só osso!!!
Então: NÃO FAÇA MAIS DIETA!! Afinal, a baleia bebe só água, só come peixe, faz natação o dia inteiro, e é GORDA!!! O elefante só come verduras e é GORDOOOOOOOOO!!!
VIVA A BATATA FRITA E O CHOPP (cerveja) !!! Você, menina bonita, tem pneus? Lógico, todo avião tem!
E nunca se esqueçam: 'Se caminhar fosse saudável, o carteiro seria imortal'!

(Arnaldo Jabor)

Friday, 28 August 2009

Debates eleitorais



A Televisão Independente de Moçambique (TIM) vai, a partir de 30 de Agosto,promover dez debates eleitorais com jovens, partidos políticos concorrentes às eleições legislativas e provinciais, bem como com os candidatos às presidenciais.
Uma excelente iniciativa que deve ser divulgada e apoiada!

Confira em www.debateseleitorais2009.blogspot.com .

Thursday, 27 August 2009

Opinião de Noe Nhantumbo : GOVERNAÇÃO E ELEIÇÕES SÓ COM ASPECTO E CONTEÚDO APROPRIADOS

Urge cautela contra os provocadores contratados e embriagados...
O que se avizinha, as eleições, tem o condão de dar substãncia e conteúdo a democracia que se diz que queremos ver implantada em Moçambique.
Mas temos algumas dificuldades em realizar as eleições que todos os moçambicanos queremos. Há uma tendência aberta de ignorar determinados preceitos e de fazer uma vista grossa estratégica quando parece que está iminente uma beliscadura no partido no poder.
Se estão identificados os veículos em que seguiam os joevsns que queriam inviablizar a visita do Presidente do MDM a Xai-Xai, se as matrículas pertencem a veículos que são da partido FRELIMO, então está onde está a dificuldade da PRM ir ao alcanço pelo menos dos motoristas que estavam em serviço naquele dia e levá-los para onde devia estar que estar que é a cadeia?
Vamos assistir a um processo de buscas e investigação sem fim e no fim nada acontecerá? Noutros casos e em outros processos eleitorais já vimos isso? Agora será que teremos a fotocópia? Não ficaria admirado se no fim fosse isso. Já aconteceu na Beira, pessoas acusada de crime eleitoral desaparecer, já aconteceu em Xai-Xai apedrejarem a viatura de Afonso Dlakama e nada acontecer aos autores.
Depois haverá gente que vai correr e dizer que as eleições foram justas, livres e transparentes.

Quando é alguém conotado com a Frelimo cometendo algo fora-da-lei a PRM não age. Quando é alguém de um partido da oposição a fazer o mesmo a PRM é célere, os tribunais até fazem horas extras para legalizarem a prisão. Esta dualidade de critérios mancha a democracia e efectivamente desmente que tenhamos democracia entre nós.Urge um posicionamento apartidário e equidistante da PRM. Urge as autoriaddes em todos os escalões deixarem de agir comos e fossem células do partido no poder.Moçambique não pertence só a um partido e nem todos os moçambicanos são obrigados a ser membros da Frelimo para usufruirem dos seus direitos entanto que cidadãos.Há que ver as autoriaddes actuando no sentido de conferir respeitabilidade aos orgãos de soberania e a PRM não se pode permitir actuar como organização do partido Frelimo pois isso é ilegal e anti-constitucional.
Os moçambicanos querem votar num ambiente de paz e tranquilidade, sem medo de represálias. O facto de alguém não ser membro do partido no poder não significa que não possa gozar da possibilidade de ser funcionário público. A proliferação autorizada ou sancionada pela hierarquia das empresas e repartições estatais de células do partido Frelimo não merece senão repúdio porque é contra a lei.
Condiocnar a moçambixcanidade a pertença ao partido no poder é violar os direitos dos cidadãos e concorre para a criação de condições para o surgimento de conflitos.Deve ser questionada a a atitude arrogante e prepotente de alguns que se julgam donos de Moçambique pois isso não é e nem jamais será verdade. O que fizeram num passado recente pela pátria foi de livre e espontânea vontade. Respeitamos isso mas jamais acreditaremos que isso seja passaporte ou salvo-conduto para porem e disporem de Moçambique como queiram
Fique claro para a geração de 25 de Setembro que Moçambique é de todos...

( Noé Nhantumbo, citado em http://www.manueldearaujo.blogspot.com/ )

Chipande advoga enriquecimento fácil (2)



O destituído presidente da Madagáscar, Mark Ravalomanana, foi expulso do poder por desconhecer as fronteiras que separa a coisa pública dos seus negócios. Os acordos de exploração de fosfatos envolvendo suas empresas e multinacionais aceleraram a sua queda, para além das ilegalidades que andavam a praticar. Mark Ravalomanana dissolveu a assembleia nacional por não dar a carta branca para alterar a constituição. Quando mexeu no presidente da câmara da capital, Antananarivo, o fio arrebentou e foi bater com a testa no fundo da desgraça.
Para pôr cobro a práticas de recorrer aos cofres públicos e esquemas viciados para se tornarem ricos, Moçambique está a precisar de politicos corajosos e determinados a convencer o povo de que já amanheceu e chegou o momento para outro galo cantar bem alto. O País não pode continuar sendo uma coutada dos que se proclamam libertadores exclusivos da pátria. Moçambique é Para Todos o que significa que todos têm direito a serem ricos, mas, com base no trabalho honesto.
Moçambique quando chegou à Independência Nacional, em 1975, ocupava o quinto lugar, em toda a África, na indústria metalomecânica. Hoje, já não tem nada. Tem três grandes portos de águas profundas e uma das maiores barragens hidroeléctrica de África. Que proveito tira o governo dos libertadores dessas infraestruturas que o País possui para desenvolver a economia nacional? – Quase nenhuma, respondemos nós. Sabem pendurar-se nos negócios do Estado, como foi o caso da reversão da Barragem de Cahora Bassa, cujas negociações da amortização da dívida foi remetida ao segredo dos deuses. Fazem segredo com negócios públicos?! A riqueza ostensiva dos que se proclamam ricos não é produto de trabalho honesto – provem do que tiram do Tesouro, dos roubos nas instituições públicas, tráfico de droga e da devastação das riquezas de que o País dispõe.
Apesar de lamentáveis declarações de Chipande, no partido governamental, existem pessoas honestas que fazem a vida sem roubar nem recorrer a fundos públicos. As desigualdades sociais socioeconómicas resultam da disfunção do sistema político que não dá as mesmas oportunidades aos cidadãos. As desigualdades não são predestinadas por Deus.


( Edwin Hounnou, A Trinuna Fax, 24/08/09 )

Anibalzinho desacredita serviços do Estado moçambicano

A Polícia acabou por confirmar quase toda a informação que vinha sendo avançada pela imprensa, dando conta da recaptura de Anibalzinho. Justifica que mentiu para “garantir a segurança durante a transferência do criminoso da Pretória para Maputo”. Mas a leitura que o público está agora a fazer da atitude das autoridades é bem diferente. A vox-popoli entende que as autoridades agiram como agiram, mentindo, porque queriam eliminar Anibal dos Santos Júnior, no caminho entre Pretoria e Maputo.

Maputo (Canalmoz) – Se as três “fugas” que empreendeu dos calabouços (uma das quais a partir da dita cadeia de “máxima segurança” do País, conhecida por B.O, na Machava) já puseram em dúvida à seriedade do Estado moçambicano por todas as circunstâncias em que se deram levarem antes a concluir que foi tirado, como aliás ele próprio tem dito, desta vez, Anibalzinho provou, em definitivo, que o crime organizado se sobrepõe ao poder executivo do Estado e está intimamente relacionado com um Estado infectado.
O mediático criminoso, condenado a mais de 29 anos de prisão pelo assassínio do jornalista Carlos Cardoso, pôs em causa, mais uma vez, a seriedade dos serviços do Estado, falsificando a mais recente carta de condução, electronicamente produzida, e criada com tão fortes dispositivos de segurança. Esta “carta electrónica”, tipo cartão de crédito, quando se iniciou o seu uso corrente, foi apresentada como praticamente impossível de ser sujeita a contrafacção. Mas Anibal dos Santos Júnior tinha em seu poder uma com outro nome. E tinha também consigo um passaporte moçambicano, verdadeiro, mas com nome falso, o mesmo da carta.
Na conferência de imprensa em que ontem se falou da recaptura de Anibalzinho, a Polícia exibiu aos jornalistas, um passaporte moçambicano com o número T 024559, e uma carta de condução, também nacional, com o número 6542651/2/1, ambos com fotografias de Aníbal dos Santos Júnior (Anibalzinho), mas ostentando o nome: Maurício Alexandre Mhula. Os dois documentos, conforme o Canalmoz pôde testemunhar, foram emitidos em datas anteriores ao da fuga de Anibalzinho de Maputo, o que reforça a convicção que sempre prevaleceu, isto é, que Anibalzinho foi sempre tirado dos cárceres e nunca fugiu propriamente.
Sobre o passaporte, o inspector policial, e porta-voz do Comando Geral da PRM, Pedro Cossa, conseguiu argumentar com alguma consistência que a foto do criminoso foi sobreposta ao documento que vem registado em nome de Maurício Mhula. Mas em relação à carta de condução electrónica, não há nada que prove que a mesma não foi produzida pelo Instituto Nacional de Viação, com o conhecimento de que a mesma se destinava a Anibalzinho.
Fora a hipótese de que a carta de condução encontrada com Anibalzinho ter sido passada pelo INAV, como agora se procura alegar, é mais grave ainda, saber-se que o que era dado como livre de contrafacção, afinal, é falsificável. Se existe alguém que consegue falsificar este tipo de documento, imitando perfeitamente as marcas de segurança que contém – os símbolos do Estado e até a assinatura do próprio director da instituição que emite cartas de condução nacionais, o INAV – o assunto torna-se bem mais preocupante do que em si já é.
Na breve avaliação conjunta entre os mais de 30 jornalistas presentes na sala em que decorreu a conferência de imprensa, estando também presentes alguns elementos da polícia, não se notou nenhuma marca de falsidade da carta de condução de Anibalzinho, a não ser a disparidade entre o nome e a fotografia.
Alegar-se agora que os funcionários do INAV passaram a carta de condução de Anibalzinho, e o respectivo director a assinou, sem, no entanto, conseguirem identificar a fotografia de Anibalzinho, é inaceitável e ridículo.
Ao mais alto nivelo INAV é dirigido por “antigos combatentes” e veteranos da Polícia. Até provas contrárias, resta assumir que o crime organizado está fortemente penetrado nos serviços do Estado, desacreditando-o perante os cidadãos moçambicanos e perante o mundo.

Polícia confirma informação que Imprensa avançára

Pedro Cossa confirmou, em grande parte, as notícias que já vinham sendo avançadas pela imprensa, incluindo as nossas publicações, Canalmoz (diário) e Canal de Moçambique (semanário), referentes à recaptura de Anibal dos Santos Júnior.
Disse que Anibalzinho foi recapturado por volta de 19 horas do dia 21 de Agosto, em Joanesburgo, na África do Sul. Disse ainda que enquanto aguardava pela transferência para Maputo, o cadastrado estava encarcerado em Pretória, sem no entanto se referir ao nome do estabelecimento prisional onde se encontrava.
Foi exactamente o que o Canalmoz escreveu na sua edição do dia 24 de Agosto, bem como escreveu o Canal de Moçambique, na edição desta quinta-feira 27 de Agosto, mas que saiu à rua no dia 26, portanto, antes da confirmação da polícia.

Polícia mentiu para garantir segurança

Sobre os motivos que levaram a Polícia a recorrer a mentiras, confundindo a opinião pública e tentando remeter a Imprensa ao descrédito, quando esta avançou com as notícias da recaptura de Anibalzinho que até o próprio comandante-geral Jorge Khaláu se recusou a confirmar ou desmentir, o porta-voz do Comando Geral da PRM disse que a Polícia queria garantir a segurança do criminoso, até retornar às celas do comando da Polícia, donde se evadira no dia 7 de Dezembro do ano passado, ou saíra, como o próprio Anibalzinho afirmou: “fugir e sair não é a mesma coisa.

Duvidem da Polícia se quiserem

Ao porta-voz do Comando Geral da PRM questionámos se a forma como a Polícia e os diferentes membros do Governo geriram este assunto, optando pela mentira, não iria fazer os cidadãos duvidar de pronunciamentos futuros das autoridades, em eventuais casos análogos ou outros, sem evasivas, Pedro Cossa respondeu: “duvidem das declarações da Polícia, se quiserem, mas não podíamos pôr em causa a segurança. Não sei em que Estado do mundo a Polícia teria confirmado que sim, de facto Anibalzinho foi recapturado!”, disse.

Não vai fugir

Pedro Cossa diz não saber ainda, qual será o encaminhamento final de Anibalzinho, se irá permanecer nas celas do comando da PRM na cidade de Maputo, ou se será transferido para uma outra penitenciária. No entanto, garantiu que enquanto se estuda aonde será encarcerado agora este cadastrado, “das celas do comando da PRM não se irá escapulir”. Porém, não disse que medidas extraordinárias de segurança estarão instaladas no local, para dar tanta garantia. As mesmas garantias foram dadas antes e Anilbalzinho já se saiu três vezes sem ordem oficial de soltura. O porta-voz alega tratar-se de questões de segurança, pelo que se esquivou a revelá-las.


“Não se entregou”


Sobre a hipótese avançada por alguma imprensa, de que Anibalzinho se teria entregue nas mãos da Polícia, Pedro Cossa refutou redondamente, sustentando que a recaptura do assassino de Carlos Cardoso “foi o culminar de um trabalho da INTERPOL, que há cerca de um mês, teve os primeiros sinais da localização de Anibalzinho, na cidade de Joanesburgo, o que levou a uma maior aproximação do fugitivo, por parte das polícias da África do Sul e de Moçambique”.
Anibalzinho evadira-se das celas do comando da PRM na cidade de Maputo, a 7 de Dezembro de 2008, acompanhado por dois comparsas seus, nomeadamente Luís de Jesus Samuel Tomás (Todinho), que veio a ser abatido pela Polícia a 9 de Janeiro do presente ano, algures no município da Matola, e Samuel Januário Nhare (Samito), que foi recapturado pela Polícia a 23 do mesmo mês, em Caia, na província de Sofala.


(Borges Nhamirre, CANALMOZ, 27/08/09)

Wednesday, 26 August 2009

Chipande advoga enriquecimento fácil (1)

Tu quoque fili mi? – tu também, meu filho (exclamou César ao ver o filhoentre os seus assassinos)


É urgente haver lei que proíba seja quem for ter mais que só e somente só um envelope dos escritórios do Estado como salário. Ter sido dirigente da lutacombatente não deve, de modo algum, significar que se adquiriu o direito de se apoderar de bens públicos. Há muitos antigos combatentes que não sabemque fazer das suas vidas. Qual é a diferença entre Chipande e os seus antigos companheiros e luta que não morrem na penúria?
Ninguém questiona a riqueza que Chipande e seus amigos ostentam. Pergunta-se a maneira como Chipande e seus colegas adquiriram tanta riqueza. Se ficaram ricos desviando fundos das instituições públicas ou espoliando as riquezas naturais – fauna, flora, solo e subsolo nacionais ou golpeando os cofres públicos, então, a riqueza que ostentam é ilegítima e usurpada ao povo. Chipande e seus camaradas teriam que escolher entre estar na privada ou na gestão do Estado. Ser director, ministro, magistrado, presidente da República enquanto, ao mesmo tempo, promovem negócios privados com o Estado, deve ser declarado ilegal. Abeirar-se do Estado para ter acesso aos fundospúblicos e participar dos negócios do Estado é ilegal.
Uma simples análise à composição da estrutura accionista das empresas permite concluir que estão em quase todas. Estão nos CFM – desmantelados eesquartejados, nas águas, na Vodacom, na Cornelder, nas portagens. Onde não constam seus nomes, estão representados por seus familiares e colegas das negociatas. Agora que se fala que a Mcel vai ser privatizada, em breve, vê-los-emos, também, lá pendurados como sócios. É mais que seguro que estarão presentes na terceira operadora de telefonia móvel que vem aí.
Esperar para ver, não custa não se paga nada, mas, caso seja necessário pagar bilhete, não hesitaremos em adquirilo para ver a banda a passar. Embreve, vê-los-emos a adjudicar cobrança de portagem sobre o Rio Save, Chimuara/Caia e Tete/Matundo, sobre o Rio Zambeze, para fazerem tako, àsempresas das elites oriundas da luta pela Independência, pois, para tal efeito, ganharam direito através da sua participação na guerra pelaIndependência, como alega Chipande.
Quando o País tiver mais estradas com portagens, as suas empresas vão amealhar tako a valer. O público testemunhou o encerramento da empresa Golden Roses, situada no distrito da Moamba, província de Maputo, propriedade de um dinossauro do partido no poder, por graves violações à Lei do Trabalho, submetendo os seus trabalhos às condições de escravatura medieval. Só reabriu as portas depois de cumpridas todas as imposições legais. Em Gondola, distrito do mesmo nome, província de Manica, a empresa Fertilizer Company, propriedade de associados a lutadores pela IndependênciaNacional sujeitava a seus trabalhadores a condições horríveis e pagando-lhes um salário de fome.
Moçambique tem saído bem, em algumas circunstâncias, graças à sensibilidade e patriotismo de certos governantes que saem a exigir o cumprimento da lei, porque, de modo geral, a prática tem sido a de fechar os olhos quando setrata de empreendimentos que visam encher os bolsos dos que dizem ter ganho o direito de ficar ricos, a qualquer preço. A ganância por comissões dealguns dirigentes levou o País à pobreza.
Moçambique herdou, quando da Independência, uma da indústria têxtil de calçado robusta. Hoje, o País não faz sapatos nem tecidos, pois, todas as fábricas fecharam as portas, em nome da globalização. Esta desculpa é falsa. conhecem-se os contornos da corrupção na sua transacção e a ineficiência dagestão a que foram submetidas. O caso da Textáfrica é o mais gritante. Levou ao desemprego mais de sete mil operários entre efectivos, sazonais e terceiros. Existem documentos que comprovam a corrupção em que se envolveram alguns governantes, ditando a falência da indústria têxtil. Os calçados deMoçambique eram encontrados nas melhores sapatarias do mundo, mas, agora, nem chinelos se fabricam.
É nestas condições que Chipande e seus colegas se orgulham de ser ricos. O general não tem razões para tanta gabarolice. As declarações de Chipande não têm cobertura em partidos que respeitam o povo. O seu autor teria sido sancionado por injúria ao povo a quem lhe falta o pão de cada dia. Os combatentes da libertação da pátria deveriam repudiar as palavras do general Chipande por serem insultuosas e desrespeitosas. As eleições são a melhor ocasião para castigar os políticos degenerados que cavalgam o povo, expulsando-os do poder.
Os corruptos e arrogantes não têm condições para contribuírem para o desenvolvimento da nação O destituído presidente da Madagáscar, Mark Ravalomanana, foi expulso do poder por desconhecer as fronteiras que separa a coisa pública dos seus negócios. Os acordos de exploração de fosfatos envolvendo suas empresas aceleraram a sua queda, para além das ilegalidades que andava a praticar.

( O autor deste texto é o Edwuin Hounnou, e originalmente foi publicado no Tribuna Fax. Infelizmente não tive acesso à série completa, apenas tenho a parte final que postarei amanhã. Esta parte que posto agora, foi citada aqui. )

Quelimane em acelerada degradação física e moral


Londres (Canalmoz) - Está de parabéns a cidade dos meus sonhos, que hoje celebra mais um aniversario! Infelizmente, este ano não poderei estar presente para, com os citadinos, celebrar esta data! Recentemente estive em Quelimane e pude verificar, “in loco”, a degradação física e moral da nossa cidade! As ex-avenidas, hoje são autênticas piscinas municipais! Os passeios, esses viraram canteiros onde se plantam batatas! Semáforos, esses há anos que pediram férias sem vencimentos! OS MACHIMBOMBOS, ESSES REPOUSAM SEU ETERNO SONO E FORAM MUNICIPALMENTE SUBSTITUIDOS PELOS TXOVA XITA DUMA E TAXIS DE BICICLETA! Entroncamentos? Esses viraram barracas chinesas! Até para tirar uma foto, importamos chineses que fazem concorrência ao amigo Teshin e a Foto Quelimane, nossas referências históricas.
A antiga Catedral , essa repousa esquecida, nas margens dos bons sinais! E a nova? A entrada virou um autêntico campeonato de buracos!
O ano passado, em vésperas das eleições autárquicas, o governo ofereceu machimbombos! Perguntei ao amigo Zefanias onde andavam os machimbombos! Respondeu-me boquiaberto e triste! Estão parados! Parados? Indaguei indignado!! Sim, respondeu-me! Porquê? Porque não há estradas! Onde foram as estradas? Estão de férias! Calei-me, uma lágrima no canto do olho teimou em seguir as leis da física, provando que, de facto, a gravidade existe!
O único senão foi a transformação do meu Coalane em Universidade Pedagógica, apesar de o edifício pertencer aos padres! Também fiquei feliz ao saber que ali ao lado da residência do saudoso velho Magalhães, foi erguida uma Escola Secundária!
Contudo, apesar da distância, fica-me um nó na garganta. A pergunta que fica é e simples: O que e que estamos a celebrar?
Alguém pomposamente me dirá que estamos a celebrar a elevação de Quelimane à categoria de Cidade. Certo, mas o que é uma cidade? Será que hoje Quelimane merece ser chamada de Cidade? Uma urbe sem estradas, sem passeios, sem sinalização, sem urbanidade, pode ainda ser chamada de cidade?
Não teremos despromovido a nossa bela capital à categoria de Vila? Quem salva a nossa bela capital?
Estas são as questões que deixo para reflexão! A única promessa que poderei fazer à terra que me viu nascer é simples: dedicarei mais atenção a ti querida cidade! E a prenda que tenho para ti é um artigo do meu amigo Jocas Achar, publicado no Jornal Noticias, na sua edição de Segunda-feira passada! Não consegui mais, apenas o suficiente para mostrar que não te esqueci! Mas continuarei a percorrer o mundo, para que um dia, voltes à categoria de Cidade! Isso sim, prometo-te!! E um dia voltarás a ser o PEQUENO BRASIL! BELA, ESTONTEANTE, FORMOSA, CINTILANTE!
Aqui ficam os meus parabéns à esta cidade esquecida, abandonada pelos seus filhos, a quem deu luz! Abandonada por aqueles que juraram acarinhá-la! Abandonada por aqueles que, não sendo seus filhos, nela residem! ABANDONADA POR AQUELES QUE A USAM E ABUSAM! (Manuel de Araujo)


O autor do texto é Manuel de Araujo. O título do texto é da responsabilidade da redacção do Canalmoz. O texto é publicado com a autorização expressa do seu autor, e foi retirado do blog http://www.manueldearaujo.blogspot.com/ .

Anibalzinho de novo nas celas do Comando

O foragido Aníbal António dos Santos Júnior, mais conhecido por Aníbalzinho, está desde o princípio da noite de ontem novamente nas celas do Comando da Polícia em Maputo, após ter sido recapturado na última sexta-feira em Joanesburgo, África do Sul.
A equipa que o transportou desde África do Sul, liderada por Carlos Comé, director nacional da Polícia de Investigação Criminal (PIC), chegou ao Comando da capital pouco depois das 19 horas, num clima muito tenso e sob fortes medidas de segurança.
Anibalzinho chegou ao Comando a bordo de uma viatura celular da Força de Intervenção Rápida (FIR) e escoltado por um forte contingente composto por cerca de trinta agentes armados com metralhadoras AKM que se faziam transportar em duas viaturas.
Carlos Comé disse que por enquanto o foragido vai ficar na cela do Comando da Polícia até decisão final a ser emitida pelos ministros do Interior e da Justiça, José Pacheco e Benvida Levi, respectivamente.
A recaptura de Anibalzinho e a sua extradição ao país foi rodeada por muito secretismo, na medida em que até à manhã de ontem, o porta-voz do Comando-Geral da Polícia, Pedro Cossa, dizia apenas que uma brigada havia seguido para África do Sul com vista a confirmar as informações que circulavam desde o fim-de-semana, dando conta da sua detenção.
Anibalzinho evadiu-se das celas do Comando a 7 de Dezembro do ano passado, na companhia de Samuel Januário Nhare (Samito), já recapturado e encarcerado na BO e ainda de Luís de Jesus Samuel Tomás (Todinho), que veio a morrer em Malhampswene dias depois de uma confrontação com a Polícia.
O foragido encontrava-se a cumprir uma pena de 28 anos e três meses de prisão pelo seu envolvimento na morte do jornalista Carlos Cardoso, assassinado em Novembro do ano 2000.
De recordar que Anibalzinho fora conduzido àquele lugar depois de recapturado pela Interpol, no Aeroporto Internacional de Toronto, Canadá, para onde havia fugido em 2004, após a sua segunda evasão da Cadeia de Máxima Segurança da Machava (BO).
A primeira vez que este cadastrado fugiu da BO foi em Setembro de 2002, quando faltavam dois meses para o julgamento do chamado “caso Cardoso” tendo sido recapturado na África do Sul, no ano seguinte.

( Notícias, 26/08/09 )

Tuesday, 25 August 2009

ELEIÇÕES 2009 - MOÇAMBIQUE: A Campanha já mexe…


Beira (Canalmoz) - As proclamações não se fazem esperar e são de todo o tipo. Parece que os lagartos que estavam hibernando de repente foram sujeitos a uma operação de “acordar”. Mesmo os fósseis têm mensagens a transmitir. Fica a imagem de uma geração que não acredita nos seus continuadores, não deseja e jamais colocará o seu futuro em mãos alheias. E os supostos “delfins” sempre que há que apresentar serviço cometem erros inadmissíveis que lesam a imagem de seus partidos e chefes.
Temos de um lado um conjunto de individualidades pertencentes ao partido que tem estado no poder a aproveitar a ressaca da sua reunião do Comité Central, na Matola, para virem a público afirmar que serão os vencedores, claros, retumbantes e de tudo o que estiver em disputa a 28 de Outubro próximo. Até aí nada de errrado ou a questionar. Cada um tem o direito de dizer o que lhe apeteça ou lhe dê na gana apregoar. Também para gente que tem assitido ao que tem acontecido nos últimos anos no país não constitui surpresa que haja gente dizendo que vai ganhar tudo. Afinal são os mesmos que não ganhando coisa alguma fabricavam situações que lhes garantissem posições cimeiras.
Quem não se recorda de reuniões em que o único que era permitido dizer algo era o que fosse favorável aos orientadores de tal encontro?
Os PCA’s de empresas públicas e certas “privadas” devem ter sido especialmente convidados para essa reunião da Frelimo para receberem as últimas orientações sobre como proceder quanto a cedência de meios para o partido. Talvez tenha sido ensaiada ou decidida uma nova estratégia de uso dos recursos públicos detidos pelas empresas públicos com vista a contrariar a capacidade de fiscalizar que a oposição tem adquirido através dos tempos.
Não me admiraria que agora em vez de ceder carros se comprem os carros para o partido. Não me admira que desta vez se tenha decidido aumentar a contribuição dos próprios PCA’s para a campanha eleitoral e que tenham sido orientados a abrir mais os cordões da bolsa de “suas” empresas sem reclamar, e de forma diligente…
Na Era do partido único era assim que se procedia e nos dias de hoje pouca é a distância na maneira de estar e viver em relação àqueles dias.
O poder económico está cada vez mais concentrado nas mãos de um núcleo reduzido de pessoas e no domínio governamental temos um governo em que seu chefe é realmente todo-poderoso. Os ministros não passam de “paisagem”. São uns autênticos figurões no palco. Quem aparentemente decide, quem determina e quem aprova qualquer que seja o projecto é o chefe. Até a Primeira-ministra que em tempos queria aparecer foi positivamente ofuscada pela esposa do PR… “Cada macaco no seu galho” e que tenha muito juizinho quem queira brincar com o serviço!… Do outro lado, a oposição. Depois do descalabro de algumas candidaturas a PR parece que o campo está turvo e as lideranças confundidas sobre o próximo passo a dar. Será difícil termos ou vermos um cerrar fileiras entre os opositores. Será extremamente difícil vermos líderes da oposição aconselhando seus seguidores a votarem nos candidatos da oposição que sobraram depois da vassourada do Conselho Constitucional. Tudo indica que não vão ter o discernimento para se assumirem verdadeiramente como oposição ciente de que, de facto, o País precisa de mudança de liderança como nós precisamos de pão para a boca. Para que os fósseis se retirem e permita-se que o País finalmente dê o salto qualitativo de rejuvenescimento que falta vermos acontecer para que a auto-estima não passe de conversa fiada para fazer boi dormir.
A julgar pelo tom e conteúdo das primeiras manifestações de um dos candidatos pela oposição ao cargo de PR a natureza de algumas campanhas será de ataques pessoais e não aos programas. O populismo das proclamações e a escolha de temas que alegadamente agradam aos cidadãos votantes deixa antever algo que vai aquecer. Até é de considerar que se recorra à violência para impedir que os outros se manifestem.
Não me admira de que lado estará a Polícia da República (PRM) se tivermos em conta a histórias das últimas eleições. Outros partidos até já ensaiaram algumas manifestações de violência e de intolerância contra os demais, em alguns casos até estando eles na oposição. Decerto que não desistirão de suas práticas sempre que vejam ofuscada a sua mensagem.
Se os jovens não agarram isto para que Moçambique passe a ser o que desejam e os honre, muito se poderá deitar a perder a partir de agora. As mentiras e promessas falsas devem ser impedidas de prosseguir na esteira do costume e algo tem de ser feito para que a sociedade civil assuma de facto o poder em Moçambique.
O eleitorado não pode continuar a virar as costas às eleições.
Não ir às urnas significa permitir que certas coisas continuem a acontecer. E se nada se fizer para impedir que a violência regresse, ninguém vai ganhar com o que por aí virá. É fundamental agir para o que o Estado seja rejuvenescido. Ganhar é preciso. Voltar a perder, não! Só se o povo acordar é que poderá passar a ser respeitado.


(Noé Nhantumbo, CANALMOZ, 25/08/09)

A partir de 2010: Exposições da FACIM passam para Marracuene

A quadragésima quinta edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), a decorrer a partir de segunda-feira até 6 de Setembro, será a última a acontecer nas actuais instalações. A Sociedade Gestora de Exposições e Feiras (SOGEX) anunciou ontem em Maputo ter identificado um espaço de cerca de 20 hectares no distrito de Marracuene, no qual deverão iniciar, a breve trecho, obras de construção das infra-estruturas necessárias para a feira, de tal maneira que a exposição do próximo ano ocorra naquela parcela do país.
O projecto de Marracuene será implementado em fases, sendo que a primeira, orçada em cerca de 16 milhões de dólares norte-americanos, compreende, entre outras infra-estruturas, um pavilhão multi-uso que será também palco do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins-2011 e um parque de estacionamento de viaturas com capacidade entre 1800 e 2000 viaturas.
A execução da primeira fase do projecto será financiada pelo Governo, sendo que a segunda, que compreende infra-estruturas complementares, nomeadamente hotéis, centros de negócios, agências bancárias e outras, deverá contar com a participação do sector privado.
O presidente do Conselho de Administração do Instituto para Promoção de Exportações e administrador da SOGEX, João Macaringue, acredita que o novo complexo de exposições, a localizar-se na zona de Ricatla, será cotado entre os melhores centros de feiras a nível da região da África Austral.
A concretização deste projecto põe termo a uma série de adiamentos das obras de modernização da FACIM que vinha sendo anunciado há alguns anos e que previa a reorganização do actual recinto da feira, localizado na zona baixa da cidade de Maputo.
Entretanto, segundo o presidente do Conselho de Administração da SOGEX, Américo Magaia, a FACIM-2009 poderá ser melhor do que a do ano passado, quer em termos de presenças do empresariado, quer no que diz respeito a visitantes, apesar da crise financeira internacional.
Estão inscritos 15 países, sendo de destacar a presença em peso da região e do continente, nomeadamente África do Sul, Angola, Tanzania, Malawi, Zimbabwe, Suazilândia e Zâmbia e o Quénia. Vão participar também oficialmente Portugal, Espanha, Itália, Brasil, a região autónoma de Macau, Indonésia e Vietname.
Estão igualmente registadas 20 empresas estrangeiras, que por não terem conseguido espaço nos pavilhões dos respectivos países optaram por participar isoladamente. Maior parte destas empresas é portuguesa.
“Em termos de empresas nacionais temos inscritas até ao momento 185 empresas. O número de empresas vai subindo à medida que se vão aproximando as datas do arranque da feira. Temos neste momento o pavilhão do Ministério da Indústria e Comércio que traz empresas de todas as 11 províncias do país. Estas instalações comportam cerca de 200 empresas”, explicou Américo Magaia.
Pela primeira vez a FACIM dispõe de um site de Internet, através do qual o público pode aceder a dados diários sobre a feira, como sejam o número, nome e localização dos pavilhões, bem como o tipo de produtos expostos.
A SOGEX diz que o redesenho do site da Internet insere-se no quadro das acções em curso com vista a tornar a FACIM mais moderna, à altura dos desafios do mundo global.

( Notícias, 25/08/09 )

Monday, 24 August 2009

Anibalzinho recapturado na África do Sul


Quando faltam 20 dias para o início da campanha eleitoral


“Não desminto, nem confirmo. Não tenho conhecimento de que ele (Anibalzinho) tenha sido recapturado. Vamos dar tempo ao tempo. A Polícia está a trabalhar. Desde o dia em que ele fugiu, que a Polícia está a trabalhar visando a sua recaptura” – Jorge Khálau, Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, em declarações ao Canalmoz
Maputo (Canalmoz) — O ping pong da jogada sobre a fuga e recaptura de Anibalzinho voltou à ribalta. Depois do criminoso que liderou a quadrilha condenada em Tribunal, pelo assassinato do jornalista Carlos Cardoso se ter evadido, misteriosamente, das celas do Comando da PRM na cidade de Maputo, a 7 de Dezembro do ano passado, (não passava um mês após a realização das 3ªs eleições autárquicas de 19 de Novembro), na tarde da sexta-feira passada foi recapturado pela Polícia sul-africana, naquele país vizinho. O mesmo sucede quando falta menos de um mês para o início da campanha eleitoral (13 de Setembro próximo) para as 4.ªs Eleições Gerais e 1.ªs das Assembleias Provinciais.
Recorde-se que em entrevista recente ao “Canalmoz” e “Canal de Moçambique – Semanário”, o antigo director da PIC na Cidade de Maputo, Domingos Maita, considerou Anibalzinho como “uma moeda de troca entre os criminosos e os políticos”. A ilação obviamente tem contornos que tocam a sucessão na liderança do partido Frelimo dada a ligação que sempre se fez entre o assassinato do jornalista Carlos Cardoso e o antecessor de Armando Guebuza, por via do falecido Nyimpine Chissano.

Anibalzinho recapturado


Fontes da PRM confirmaram-nos a notícia da recaptura do mediático cadastrado, Anibal dos Santos Junior (Anibalzinho), na sexta-feira última, na cidade de Johanesburgo, na vizinha África do Sul. Segundo fontes policiais, Anibalzinho terá sido capturado naquela cidade, quando em trânsito, proveniente da capital do Reino Unido, Londres.


Está em Pretória na C-Max


Por outro lado, uma fonte da Polícia de Investigação Criminal (PIC), confirmou ao Canalmoz e ao Canal de Moçambique a recaptura de Anibalzinho, e adiantou que enquanto se aguarda pela sua extradição para Moçambique, o famoso mecânico de Alto-Maé está encarcerado na cadeia de máxima segurança sul-africana, designada C-Max, a mesma onde se encontra um outro mediático cadastrado moçambicano, Ananias Mathe.

Jorge Khalau admite recaptura


Ao Canalmoz, o Comandante Grela da PRM, Jorge Khalau, não confirmou nem desmentiu a notícia da recaptura de Anibalzinho, tendo admitido, no entanto, esta hipótese, alegando que “a Polícia está a trabalhar, desde que ele se evadiu das celas do Comando, para a sua recaptura”. “Mas agora que a Polícia tomou conhecimento através da comunicação social, da alegada recaptura de Anibalzinho, já procurou se informar melhor junto da Polícia sul-africana?”, questionamos ao Comandante-geral. Jorge Khalau respondeu-nos nos seguintes termos: “Vamos deixar a Polícia trabalhar. A Polícia está a fazer o seu trabalho. Como disse, não confirmo, nem desminto”.
Anibalzinho fugiu das celas da comando da PRM na manhã do dia 7 de Dezembro passado, na companhia de outros dois comparsas seus, nomeadamente Todinho, que era indiciado na morte do director da Cadeia Central de Maputo mas que viria a ser abatido pela Polícia, dias depois da sua alegada fuga das celas do Comando da PRM, e Samito, acusado de prática de uma dezena de homicídios, entre os quais o assassínio de quatro agentes da polícia e de um cidadão de origem paquistanesa, mas que também já foi recapturado pela Polícia.

Anibalzinho forçou reformas na corporação


A fuga de Anibalzinho levou a fortes reformas no seio da corporação. Depois de se ter evadido das celas do Comando da PRM em Maputo, a 7 de Dezembro. Dez dias depois, isto é, a 17 de Dezembro de 2008, o Chefe do Estado, Armando Guebuza, exonerou o então Comandante Geral da PRM, Custódio Pinto, e nomeou para o seu lugar, o actual comandante, Jorge Khalau. Na altura houve até forte turbulência no seio da PRM que culminou em assassinatos de altas patentes e perdurou enquanto a capital vivia apavorada com sucessivos acontecimentos violentos e subida repentina dos índices de criminalidade violenta.
Por sua vez, a 23 do mesmo mês de Dezembro, o ministro do Interior, José Pacheco, exonerou José Domingos Tomás, do cargo de comandante da PRM na cidade de Maputo, e indicou para o lugar, o actual comandante, José Weng. Embora não oficialmente confirmado pela Polícia moçambicana, fontes seguras da mesma corporação garantiram ao Canalmoz a recaptura de Anibalzinho e disseram-nos que, brevemente, poderá desembarcar no Aeroporto Internacional de Maputo, de regresso ao País, especulando-se que isso possa suceder quando for mais conveniente para um exercício de propaganda política a que a PRM possa vir a prestar-se.


(Borges Nhamirre, no CANALMOZ de 24/08/09 )

NOTA do José: Estamos muito atentos com o aproximar das eleições! A novela Anibalzinho é um escandalo que fere a consciencia do Povo.

África do Sul:Líder sindicalista adverte que ANC será destruído pela “ganância”

Pretoria (Canalmoz) - A cultura de “materialismo crasso” que se manifesta entre os líderes do ANC acabará por destruir o partido dirigente da África do Sul. A advertência foi feita por Zwelinzima Vavi, secretário-geral do Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (Cosatu). Entrevistado pelo semanário Sunday Times, de Joanesburgo, Vavi condenou o que descreveu como “falta se sensibilidade” dos ministros que integram o governo de Jacob Zuma por terem despendido milhões de randes na compra de carros de luxo enquanto o povo vive na miséria nas áreas urbanas e zonas rurais do país.
Zwelinzima Vavi considerou que o “materialismo era o novo inimigo da revolução”, acrescentando existir o perigo do poder político ser agora uma questão de acesso a recursos e à capacidade de lançar concursos públicos”. O dirigente sindicalista precisou que os “concursos públicos, e não o Congresso do Povo (Cope) ou a Aliança Democrática, são os nossos novos inimigos.”

(Redacção / Sunday Times, em www.canalmoz.com)



NOTA:
Em Moçambique quem tem coragem de fazer este género de afirmações?

Sunday, 23 August 2009

O pensamento de Mia Couto




Pobres dos Nossos ricos

A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos "ricos".
Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lança-los a eles próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (....)


(Mia Couto, citado aqui)

Recordar é viver!




Ile-Errego, no coração da Zambézia, foi aqui que passei parte da minha idílica infância.
Imagens tiradas daqui.

Saturday, 22 August 2009

Anedota do ano?




“A corrupção desapareceu do sector público em Moçambique. Os cidadãos já não se sentem pressionados a tirar dinheiro para verem os seus problemas resolvidos na saúde e na educação”
O porta-voz da FRELIMO, Edson Macuácuá, apontou esta sexta-feira “a transparência” no sector público como uma das conquistas dos últimos cinco anos.


NOTA do José
: O jornal O País escreve: O suborno aos funcionários públicos tem sido apontado por organizações nacionais e internacionais como um dos maiores flagelos do Estado moçambicano.
Com o aproximar das eleições, esperamos por mais piadas deste cómico que é porta-voz da Frelimo.

Marido Perfeito

Querida:

Muito obrigado pela tua linda e carinhosa carta.
Podes ter a certeza de que eu sei tratar de mim, por isso, não te preocupes comigo.
Durante a tua ausência, não se tem passado nada de especial cá em casa.
Enquanto estás fora, tenho preparado o meu próprio almoço, e todos os dias me espanto de como tudo tem saído bem!...
Já que estou sempre com pressa, ontem decidi fazer batatas fritas.
Já agora, diz-me uma coisa: era preciso descascar as batatas?
Enquanto estavam a fritar, aproveitei para ir buscar uns brioches à padaria.
Quando voltei, o esmalte da frigideira tinha derretido.
Nunca pensei que o estupor da frigideira aguentasse tão pouco.
E tu que me dizias que o Teflon aguentava tudo e mais alguma coisa!
Já consegui tirar toda a fuligem da cozinha, mas o nosso gato Fred, é que ficou preto que nem um tição, e agora tosse o dia inteiro… Desde esse dia entra em pânico e foge quando mexo nas panelas ou abro o bico do fogão.
Já que pelo menos uma vez por dia preciso de uma refeição mais elaborada, quando estou a fazê-la, o Fred dá 'às de Vila Diogo' e só aparece passadas umas horas ...
Diz-me outra coisa: quanto tempo é que é preciso para cozer os ovos?
Eu já os pus a ferver há duas horas, mas mesmo assim, continuam duros que nem uma pedra!
Também queria que me dissesses se se pode aproveitar leite queimado.
Queres que o guarde na despensa até tu voltares?
Na semana passada tive um pequeno contratempo ao cozinhar umas ervilhas.
Vou-te contar: agarrei numa lata e decidi aquecê-la.
Mas, infelizmente, explodiu dentro do microondas.
A porta do microondas foi projectada para fora da cozinha e foi dar contra a nossa pequena estufa de inverno, que claro, ficou partida, assim como a janela.
Como a janela estava fechada (preciso de a fechar antes de começar a cozinhar, senão os bombeiros aparecem outra vez), a porta do microondas arrancou-a também, tal foi a força.
Por sua vez, a lata de ervilhas, parecia um foguete a levantar voo!...
Atravessou o tecto e foi embater na filha do Freitas, o nosso vizinho de cima.
Parece-me que ela ficou bem…
Outra coisa: já te aconteceu a louça suja ficar com mofo?
Como é que isto se pode dar em tão pouco tempo?
Afinal, tu foste de férias no mês passado, mas parece que foi ontem!
Aliás, atrás do lava-louças há montes de bichos; daqui a pouco até vai dar para fazer um documentário e vendê-lo ao 'National Geographic'…
De onde é que saíram tantos bichos cheios de pernas?
Puseste alguma coisa que não devias lá atrás?
Bom, isto acabou por fazer com que eu tomasse uma atitude e lavasse a louça.
Por favor não me insultes, meu amor, mas aquele lindo serviço de jantar de porcelana da tua avó, já era…
Eu realmente não contava com isso, afinal de contas parecia tão robusto e sólido!
Bom, talvez eu tenha exagerado um bocadinho ao pôr o lava-louças no 'programa completo com centrifugação'…
Aliás, a máquina de lavar roupa também se escangalhou.
A faca de aço temperado que eu pus lá dentro, sem querer, estragou o cilindro durante a centrifugação, porque ficou presa na parede interna.
Quanto ao cilindro, atravessou a parede de tijolos, fazendo um pequeno buraco, e foi aterrar no jardim.
Durante um dos almoços, sujei a carpete persa com molho de tomate.
Sempre me disseste que as manchas do molho de tomate são impossíveis de tirar.
Ficas a saber, meu amor, que com um bocadinho de aguarrás, sai tudo, mas mesmo tudo, inclusivamente, a lã e a seda da carpete.
O frigorífico estava a fazer muito gelo, por isso, tive que o descongelar.
Tenho que te ensinar uma coisa: o gelo sai facilmente se o raspares com uma espátula de pedreiro!
Só não sei é porque é que agora passou a aquecer...
O iogurte, a água com gás e o champanhe, explodiram.
Sabes, querida, na passada quinta-feira, esqueci-me de, ao sair, fechar à chave a porta de casa.
Alguém deve ter entrado, porque faltam algumas coisas de valor, entre elas, aquele colar de marfim que o teu bisavô trouxe da expedição a África, no século XIX.
Mas, como tu costumas dizer, o dinheiro não dá felicidade, e tudo o que é material, é efémero.
O teu guarda-vestidos também está vazio, mas penso que não devem ter levado muita coisa, já que, sempre que saímos, tu dizes que não tens nada que vestir…
Bom, vou ficar por aqui, mas amanhã conto-te mais coisas!
Espero que te descontraias bastante no SPA e que gozes muito o teu descanso.
Beijos mil, com muito amor, do teu Afonso que muito te ama!!!

P.S.: A tua mãe veio cá ver como estavam as coisas, e teve um enfarte.
O velório foi ontem à tarde, mas eu preferi não te contar nada para não te estragar as férias e aborrecer-te desnecessariamente.
Afinal de contas, tens que aproveitar as tuas férias e voltares muito descontraída do teu SPA.
Beijos, do teu dedicado marido.

Humor: Voo LAM

Num voo internacional, como é habitual, o comandante do avião liga o Microfone e fala aos passageiros:
- "Bom dia, senhores passageiros, neste exacto momento estamos a 9 mil Metros de altitude, velocidade cruzeiro de 860 Km/hora e estamos a sobrevoar A cidade de... AAAAAAAHHHH............... VALHA-ME DEUS...!!!"
Os passageiros ouvem um barulho infernal, seguido de um grito Pavoroso:
- "NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!"
Depois de um silêncio sepulcral, volta a ligar o microfone e, timidamente, diz:
- "Peço imensa desculpa, mas esbarrei na bandeja e uma chávena de café caiu-me no colo. Imaginem lá como é que ficaram as minhas calças à frente!!!"
Prontamente, um dos passageiros gritou:
- "Filho da p..... !!! Imagina lá como é que ficaram as minhas calças atrás!!!"

Friday, 21 August 2009

Chipande insiste na “legalidade” dos dirigentes da Frelimo serem ricos

Luta armada põe veteranos às turras
Jorge Rebelo condena as afirmações do velho guerrilheiro Maconde, enquanto que Mariano Matsinhe e Sérgio Vieira dizem que o “general” terá sido mal entendido.

Maputo (CanalMoz) – O general na reserva, Alberto Joaquim Chipande, tido pelos autores dos manuais escolares oficiais ainda em uso em Moçambique, como o homem que deu o “primeiro tiro” que tornou irreversível a insurreição contra o colonialismo português pela Independência Nacional, alegadamente em Chai, a 25 de Setembro de 1964, no que é agora a província de Cabo Delgado, voltou a reafirmar, ontem, durante a abertura da Quarta Reunião Ordinária do Comité Central do Partido Frelimo, o direito dos “antigos combatentes” da luta de libertação armada “serem ricos”.
As afirmações de Chipande, foram ontem proferidas e noticiadas como manchete no noticiário da televisão privada STV.
Chipande, no estilo de um “general” que não recua em combate, respondia a perguntas de insistência. Queriam saber dele, se mantinha o mesmo posicionamento de há duas semanas, aquando da apresentação dos novos corpos gerentes do Corredor de Desenvolvimento do Norte (CdN), onde foi entronizado, como novo presidente do Concelho de Administração do CdN o proeminente jovem “empresário de sucesso”, Celso Correira.
“Mantenho tudo o que disse e repitam, de dois em dois minutos, de hora em hora e de semana a semana”, afirmou peremptório o general frelimista do Planalto de Mueda e ex-ministro da Defesa de Samora Machel.

General amnésico?


No ano passado, em entrevista que deu à revista «TVzine», que tem como editora a assessora de imprensa do presidente da República Armando Guebuza, a “jornalista” Marlene Magaia, o general na reserva, Joaquim Alberto Chipande, pese o facto de estar envolvido em vários interesses empresariais, quando questionando por Jorge Jacinto, se era ou não empresário disse e passamos a citar: “não me considero empresário; sou um político e por vezes a forma de servir melhor é apoiar projectos que são a favor do desenvolvimento e em que posso dar um contributo, se solicitado”.
Na mesma entrevista foi focada a sua participação no Corredor de Nacala, mas o discurso de Alberto Chipande não mudou de tom e disse: “Não sei se sou empresário por estar nesse projecto, considero-me sim um político que vive a política que o país precisa” (sic). Importa sublinhar aqui, que uma das «holdings» de que o General que “vive a política que o país precisa” é sócio – o «Grupo Mecula» – de acordo com o relatório do Tribunal Administrativo (TA) de 2007 tem ainda uma dívida de 8,72 milhões de meticais novos (saldo de 31 de Dezembro de 2005), após ter reembolsado nesse ano cerca de 310 mil MT (então foram 310 milhões da Velha Família), ao Tesouro moçambicano.

Os interesses empresariais de Chipande


A estreia do cidadão Alberto Joaquim Chipande nas lides empresariais, ou “na política que o país precisa”, como ele prefere dizer, deu-se a 3 de Agosto de 1995 quando a título individual associou-se à «Newpalm Internacional, Limitada» e constituiriam as «Madeiras Rovuma, Limitada» com um capital inicial de 10.000,00 MT da Velha Família (hoje 1.000,00 MT, com o USD a 29,50 MT).
O objecto social da «Madeiras Rovuma» é, entre outros o “comercio geral, compreendendo a importação, exportação, comissões e consignações...”. Uma vez mais, no ano seguinte, 1996, associado à «Newpalm Internacional, Limitada» e a um “camarada” seu no partido Frelimo, Mateus Kathupa (actual porta-voz da Comissão Permanente da Assembleia da República e PCA da Petromoc, a petrolífera moçambicana), constituem a «CADELMAR-Mármores de Cabo Delgado, Limitada», empresa que, curiosamente, tal como a «Madeiras Rovuma», tem também como objecto social, “comércio geral, compreendendo a importação, exportação, comissões...”. O capital social, também foi o mesmo que o da empresa anterior: 10.000, 00 MT da Velha Família (1.000,00 MT, hoje).
No dia 6 de Maio do ano de 1996, o general na reserva Alberto Joaquim Chipande constitui, com Raimundo Maico Diomba (actualmente governador provincial) e Isabel Maria Verde, a «ROMOCA – Rovuma Madeiras de Cabo Delgado, Limitada». Sessenta mil meticais (60.000,00 MT da Velha Família), foi o capital inicial da «ROMACA» que tem como objecto social, o “abate e transformação de madeira com vista à comercialização nos mercados externo e interno”.
Como informação adicional publicitada no «Boletim da República» de 14 de Agosto de 1996, na introdução também aparecem como sócios os cidadãos José Carlos Verde Bráz e Guilhermino Gouzalez Teixeira.
Ainda em 1996, Chipande junta-se à «Moçambique Holdings, Limitada» e formam a «Agro-Indústria de Cabo Delgado, Limitada». Para a época o capital social é de deixar boquiaberto qualquer um e espantar qualquer moçambicano: apenas (!) 3.000.000.000,00 MT (três biliões), ou seja, actuais três milhões (3.000.000,00 MT) da Nova Família, em moeda corrente (1 USD=29,50 MT).
O objecto social desta última empresa é, entre outros, o “Desenvolvimento da indústria de exploração do capim, comercialização e desenvolvimento da cultura do caju”. Depois de um interregno de três anos, conforme apurou a investigação do «Canal de Moçambique», o general Chipande volta às sociedades em 1999. Desta feita na área dos transportes, formando, com Carlos Adolfo Capellato, o «Grupo Mecula, Limitada». Esta empresa que tem como objecto social “Transporte de mercadorias; Turismo; Distribuição de combustíveis...” e tem como capital social 2.400.000,00 MT, actualmente 2.400,00 MT.
No ano seguinte, o general Chipande, que foi o primeiro ministro a exercer a pasta da Defesa num governo de Moçambique independente, que por sinal cantava que “nossa Pátria será túmulo do capitalismo e da exploração”, associa-se a Valige Tauabo e constituem a «CIST, LDA - Consultoria, Imobiliária, Investimento, Serviços e Turismo», tendo como capital social 1.565.000,00 MT, ou seja actuais 1.565,00 MTn. O objecto social desta empresa é “desenvolver consultorias em áreas de auditoria, gestão, marketing, construção civil...”.
Caso para dizer, vale a pena viver a política e ao mesmo tempo questionar se um indivíduo com tamanhos interesses empresariais não pode levar o rótulo de “empresário”. Os factos parecem indiciar que tinha razão Ahmed Sekou Touré quando disse: “metam-se na política, o resto vos será dado por acréscimo”.

Contradiçoes dos “Camaradas”


A STV quis saber de alguns dos pares de “primeira hora” de Chipande se estavam de acordo com as declarações do seu velho camarada. Quiseram saber, mais concretamente se concordavam que é legitimo ser rico só pelo facto de “terem libertado a pátria”. Dito de outra maneira: Chpipande defende que pelo facto de ter ajudado a libertar o País agora tem direito a ser uma espécie de dono da terra e dos outros homens. O que pensam os seus “camaradas”.
Jorge Rebelo, um dos questionados e, hoje tido na contra-mão da ideologia vigente no partido Frelimo, disse que os propósitos da luta não eram esses que Chipnade agora defende.
Entretanto, já Mariamo Matsinhe acredita que “Ele (Chipnade) foi mal compreendido”. Já Sérgio Vieira, a quem o falecido e reputado jornalista Miguéis Lopes Júnior, chamava, nos seus artigos, de “coronel das beatas” lembrando as “torturas” nas masmorras sob seu comando, entrou no mesmo diapasão de Matsinhe ao concordar que Chipande terá sido mal entendido pelo opinião pública. Serve de referência dizer que Sérgio Vieira, juntamente com Jacinto Veloso e outros, subscreveram um documento várias vezes reportado neste e outros jornais, em que se assumiram como os mandatários de Samora Machel, e informarem ao país e ao mundo o fuzilamento de Joana Simeão, Uria Simango, Lazaro Nkavandame, e muitos outros.


(Luís Nhachote, CANALMOZ. 21/08/09 )

LDH com acesso livre às cadeias


OS activistas da Liga dos Direitos Humanos (LDH) passam a ter acesso livre aos estabelecimentos prisionais do país, no quadro de um memorando de entendimento assinado esta semana com o Ministério da Justiça, visando melhorar as condições dos reclusos. O acordo, assinado pela Ministra da Justiça, Benvinda Levi, e a presidente da LDH, Alice Mabota, estabelece que este organismo da sociedade civil passa a acessar às cadeias e a alertar de tudo que acontece naqueles locais ao ministério, no sentido de ajudar a melhorar a prestação de serviços. Maputo, Sexta-Feira, 21 de Agosto de 2009:: Notícias
Ainda, a LDH vai conduzir cursos de formação em benefício de guardas prisionais e desenvolver programas de promoção e desenvolvimento dos direitos humanos dos reclusos.
Benvinda Levi reconheceu a existência de alguns problemas na gestão das prisões, acreditando que eles podem ser melhorados com o trabalho conjunto entre a instituição que dirige e a LDH.
Para Alice Mabota, o trabalho dos seus activistas passa a estar mais facilitado com a entrada em vigor deste memorando de entendimento, uma vez que antes, para escalarem as prisões, tinham de pedir autorização e, muitas vezes, a resposta saía tarde.
A presidente da LDH considerou a actual situação das prisões de Moçambique como não sendo boa, sobretudo por causa do estado de superlotação em que se encontram, com muitas delas construídas entre 1920 e 1930, altura em que a população do país não passava os nove milhões.
Entretanto, numa altura em que o pelouro necessita de quadros qualificados para responder aos vários desafios de bem servir o cidadão, o Ministério da Justiça queixa-se de estar a perder, nos últimos tempos, um número considerável de técnicos com o nível superior para outras instituições do Estado e privadas. Para tentar colmatar o défice existente, segundo a directora dos Recursos Humanos no Ministério da Justiça, Berta Nhambire, que falava à margem da assinatura de um outro memorando de entendimento entre o pelouro e o Instituto Superior de Administração Pública (ISAP), a aposta reside na formação de técnicos médios.
É desta feita que uma das medidas encontradas para contrariar a fuga de cérebros foi formar, numa primeira fase, 34 funcionários públicos (metade mulheres) num curso superior de administração pública. O referido curso já está em curso no ISAP na Machava, tendo ontem apenas sido formalizado.
Para viabilizar o projecto, o Ministério da Justiça desembolsou uma verba de 816 mil meticais para despesas decorrentes da formação, como aquisição de materiais básicos para a leccionação das aulas que irão decorrer num período de um ano. Espera-se que os formandos adquiram habilidades de conhecimentos técnicos e científicos sobre a gestão eficiente da Administração Pública.

( Notícias, 21/08/09 )

A festa vai animar!

O Conselho Constitucional, CC, aprovou as candidaturas de Armando Guebuza, da Frelimo, Daviz Simango, do Movimento Democrático de Moçambique, e de Afonso Dhlakama, da Renamo, às eleições presidenciais de 28 de Outubro. De forma surpreendente, foram rejeitadas as candidatures de Yaqub Sibindy, do PIMO, e de Raul Domingos, do PDD. As outras – de Kalid Sidat, da ALIMO, Leonardo Cumbe, do PUMILD, José Viana, da UDM, e de Artur Meque, da UD, por inelegibilidade decorrente de insuficiência de proponentes. Aos demais, foi feita a justiça.
Houve falsificação de documentos. Isso é um crime nos termos da lei. Os candidatos que fizeram tais falcatruas deveriam ser notificados pela Procuradoria Geral da República e não pelo CC para suprir irregularidades.
Guebuza teve 20 mil proponents processados, dos quais foram validados 14.898 e invalidados 5.102 (25.51%). Simango entregou 16.730 proponentes processados, validados 12.383 e invalidados (25.98%). Dhlakama apresentou 19.890 proponentes processados, validados 10.246 e invalidados 9644 (48.63%). Idades dos partidos – Frelimo (47 anos), Renamo (32 anos) e MDM (4 meses). Concluise que o MDM é um fenómeno a ter em conta. Com tão pouco idade já ombreia com velhos partidos que emergiram das cinzas da guerra.
O País vai assistir a uma corrida animada à Ponta Vermelha. A Frelimo habituada a jogar com a Renamo não laboriosa, agora, nem tudo será pêra doce. Em 1994, Dhakama competindo com Joaquim Chissano, estava decidido que o poder, fosse quem fosse o vencedor, ficaria com Chissano e Frelimo - imposição da diplomacia internacional. Em 1999, a Renamo e seu candidato bateram a Frelimo e Chissano, mas, só, Dhlakama pode explicar sobre as razões que pesaram para se tornarem molezas.
Dhlakama não fiscaliza o suficiente os processos eleitorais em que participa, confiando, apenas, na reclamação que não consegue provar porque, sempre, tem um défice enorme de delegados de candidaturas. Os seus apoiantes andam desanimados por confiarem em alguém que não sabe tirar proveito dos seus esforços. Dizer que nunca perdeu uma eleição, é sinal de que não sabe jogar com sabedoria. Remeter recursos desprovidos de provas e fora do prazo, é um insulto aos seus apoiantes. Aqui reside a razão das constantes deserções que se verificam.
A presença, na pista, de Simango é um estímulo aos jovens eleitores que haviam deixado de ver qualquer interesse nos pleitos eleitorais. Começam a apontar uma luz no fundo do túnel e acreditam que é possível introduzir mudanças no sistema de governação do País. As eleições autárquicas de 19 de Novembro de 2008, na Beira, servem de fonte de inspiração para jovens e funcionários. Em democracia, as mudanças dependem do voto dos eleitores.
Os funcionários, que, de modo geral, votam para garantir seu emprego, prometem escolher em consciência, pelo bem de seus filhos. Dizem não hesitar em trocar o menu de peixe com legumes por outro mais saboroso. Por isso, a festa vai animar.

( Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax de 18/08/09 )

Quelimane e Nampula em festa

QUELIMANE assinala hoje o 67º aniversário da sua elevação à categoria de cidade, facto que ocorre numa altura em que os munícipes continuam a reclamar por melhores estradas e serviços básicos como abastecimento de água potável, energia e saúde.
A CIDADE de Nampula e os seus munícipes vão estar amanhã em festa, por ocasião da passagem do 53º aniversário da elevação daquela urbe àquela categoria.

FONTE: Notícias, 21/08/09

Thursday, 20 August 2009

Meios públicos em campanhas eleitorais (IV)

Em quase todas as instituições públicas, gabinetes de governadores, administradores e chefes de postos, directores e outros responsáveis da administração pública estão expostas insígnias, bandeiras, adornos que simbolizam a Frelimo. Até as esquadras policiais não escapam a tais práticas que incomodam o público que requer aqueles serviços. Isto está patente em quase todas as esquadras da cidade de Chimoio, que bandeirinhas, calendários da Frelimo ornamentam as paredes. É nesta cidade onde o ministro do Interior, José Pacheco, passa a maior parte do seu tempo, em actividades partidárias.
No que concerne aos assuntos políticos e administrativos do país, assemelha-se a um sistema de partido único, diz o mais recente relatório encomendado pela USAID. A preocupação pelo afunilamento do exercício democrático não é só dos moçambicanos, mas também dos doadores que drenam para Moçambique biliões de dólares, desde a Independência, fundos que servem para manter clãs e umas quantas famílias no poder. Se esses fundos forem para desenvolver o País e fortalecer a democracia, então, muita coisa tem que mudar. As regras do jogo devem ser outras para que, de facto, Moçambique seja Para Todos.
Se não for tomada nenhuma medida correctiva, conclui-se que os doadores fecham os olhos à má governação de Moçambique por alimentarem um grupo restrito de pessoas, extremamente ricas, ligadas ao poder enquanto o povo está a minguar na pobreza extrema. Em democracia, os governos são eleitos para servirem e não é permitido que os dignitários se sirvam a si próprios aproveitando-se das oportunidades que o cargo oferece.
Os órgãos de comunicação social do mundo inteiro dizem que o Presidente Barack Obama está de ferias numa das estâncias mais luxuosas do Estados Unidos e paga com o seu bolso, para si, sua mulher, duas filhas e seu cão. Fazem a mesma coisa os que nos governam? Pagam eles próprios as suas despesas ou empurram tudo para os cofres públicos?
Embora as autoridades refutem, com insistência, tais acusações, porém, é cada vez mais crescente o número de vozes queixando-se de que a filiação na Frelimo está a se tornar um pré-requisito basilar para emprego no sector público e progressão na carreira profissional. O ridículo está a atingir níveis alarmantes. Até na academia exige-se o cartão vermelho para ocupar um lugar de relevo. Isto representa um retrocesso porque tais tipo de discriminação havia sido muito ultrapassadas.
Exemplos que possam elucidar esta vergonhosa aberração não faltam. Quem quiser ficar bem com as chefias das instituições públicas, tem que fingir que seja da Frelimo.
Desde que foi introduzido o sistema multipartidário, no ano de 1990, foram surgindo muitos partidos políticos, porém, até agora, a Frelimo ainda se mantém no poder. Isso não se deve ao bom desempenho, mas, à ausência de uma oposição séria e laboriosa e às manobras políticas encetadas pelo partido governamental. Parece haver uma tendência para o governo permitir cada vez menos espaço para a discordância política.

( Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax de 13/08/09 )

5ª Brigada – Dos Massacres na Matabelelândia à Intervenção em Moçambique

Zimbabwe

O jornal The Zimbabwean cita Robert Mugabe como tendo publicamente reconhecido que os confrontos que abalaram as províncias da Matabelelândia Ocidental e Midlands pouco depois da proclamação da independência do Zimbabwe em Abril de 1980, marcaram “um triste período” na história do jovem país. Falando durante as exéquias do antigo vice-presidente, Joseph Msika, o líder da ZANU-PF admitiu que esses acontecimentos “nunca deveriam ter tido lugar”.
Antes, o primeiro-ministro do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, havia apelado para a instauração de um Comissão da Verdade e Reconciliação para apurar responsabilidades pelos massacres naquelas duas províncias, e de outros casos de violação de direitos humanos ocorridos antes e depois da conquista da independência.
Mugabe, que até à data nunca assumiu responsabilidade directa pelo sucedido, nem tão pouco teve para com os familiares das vítimas uma simples palavra de conforto, defende que o povo do Zimbabwe deve “enterrar o passado”, esperando assim que os entes queridos das mais de 20,000 pessoas massacradas nas duas províncias, passem uma esponja sobre a memória dos anos da carnificina orquestrada pelo regime da ZANU-PF e executada a rigor pela 5ª Brigada do Exército Nacional do Zimbabwe (ZNA) no âmbito da Operação Gukurahundi.

A 5ª Brigada em Moçambique

Treinada por instrutores militares oriundos da Coreia do Norte, a 5ª Brigada do ZNA foi desdobrada nas duas províncias zimbabweanas numa altura em que Mugabe se propunha destruir o principal partido da oposição no país, a ZAPU de Joshua Nkomo, cuja base de apoio eram os ndebeles da Matabelelândia e de Midlands.
Essa unidade do exército zimbabweano chegou a operar em Moçambique durante a guerra civil que opôs a guerrilha da Renamo ao regime do Partido Frelimo. Uma das ocasiões em que a 5ª Brigada do ZNA interveio no nosso país foi para tomar parte na Operação Cabana que decorreu entre os finais de 1982 e princípios de 1983, nas províncias de Inhambane, Gaza, Manica e Sofala.
A Operação Cabana tinha como objectivo desferir um golpe fatal sobre a guerrilha da Renamo, tendo o regime de Samora Machel empenhado meios nunca dantes vistos no teatro de guerra. A Operação Cabana, que ditaria o curso da guerra civil moçambicana, contou com assessores soviéticos nas fases de planeamento e execução. Segundo declarou Machel na altura, foram desdobrados no terreno cerca de 10,000 homens. Tratou-se da primeira operação semi-convencional lançada pelas Forças Armadas de Moçambique-FPLM, ao contrário de outras que haviam sido executados contra a guerrilha da Renamo desde o início do conflito, e que se pautaram pelo uso de tácticas tipicamente convencionais e que se revelaram ineficazes como esforço de contra-subversão. Com efeito, a Operação Cabana recorreu à utilização de grupos de pseudo-guerrilheiros cuja missão era o reconhecimento de posições da Renamo para que os postos de comando avançados das FAM-FPLM interviessem num mais curto espaço de tempo. Trajando à civil e fazendo-se passar entre as populações civis como membros da Renamo, a unidade de pseudo-guerrilheiros havia sido treinada por instrutores das forças especiais soviéticas, as Spetsnaz.
A missão da 5ª Brigada do ZNA no âmbito da Operação Cabana foi a de impor um cordão de segurança a norte do Rio Save, tendo para o efeito forças dessa unidade zimbabweana sido desdobradas nas províncias de Manica e Sofala. Desenvolveram acções de assalto contra bases da Renamo em Jambe, Dombe, Chibabava e Chitaússe, arrasando todos os vestígios de vida humana e actividade agrícola que lhe surgiam pela frente. Era seu objectivo pôr a guerrilha em debandada em direcção à fronteira com o vizinho Zimbabwe.
A faixa fronteiriça Pafúri-Espungabera, entre Moçambique e o Zimbabwe, foi selada por unidades da 1ª Brigada do ZNA, cujo quartel-general era em Masvingo. Essas unidades foram coadjuvadas pela 4ª Brigada do ZNA estacionada em Gonarezhou. Na parte moçambicana da faixa Pafúri-Espungabera o regime do Partido Frelimo havia criado uma chamada “zona de matança”, depois de ter procedido à transferência forçada de famílias inteiras de camponeses que aí residiam. Era objectivo dos que haviam concebido a Operação Cabana, encurralar os guerrilheiros da Renamo nessa zona, à medida que, a par das operações a norte do Rio Save, tropas fiéis ao regime, provenientes da 1ª e 8ª Brigadas Motorizadas, da 1ª Brigada Mecanizada, da 6ª Brigada de Tanques e das 2ª e 5ª Brigadas das Tropas de Guarda-Fronteira (TGF) das FAM-FPLM procediam a operações de limpeza nas províncias de Inhambane e Gaza.
Caberia às 1ª e 2ª Brigadas das TGF a função de aniquilar tudo quanto se movimentasse na já referida “zona de matança” formada pelo triângulo Pafúri-Massangena-Espungabera, cumprindo assim as orientações do comandante-em-chefe, que, em Chibuto em Fevereiro de 1983, afirmava que “aqueles que levam informação e comida ao bandido, ou que tenham algo a ver com o bandido, devem morrer com o bandido.” Por outras palavras, vociferou o Marechal da República, “no campo de batalha, a ideia é matar. A nossa missão não é de ferir, mas de matar”.
A seca então prevalecente no sul de Moçambique jogou a favor dos estrategas da Operação Cabana na medida em que isso facilitava a movimentação das suas tropas e a fácil detecção da guerrilha no terreno. A queda da base provincial da Renamo em Mabyli a 23 de Agosto de 1982 assinalou o início da gigantesca operação militar do regime do Partido Frelimo. Apercebendo-se das intenções de quem havia meticulosamente planeado a Operação Cabana, e tendo interpretado o objectivo por detrás da evacuação forçada da população civil do triângulo Pafúri-Massangena-Espungabera, o Estado-Maior da Renamo, numa manobra clássica de diversão, optou por furar o cerco que lhe havia sido montado. Com efeito, em vez de contra-atacar as forças do regime em cada momento da Operação Cabana, a guerrilha, nas províncias de Gaza e Inhambane iniciou uma marcha para Sul, e de forma dispersa transpôs o cordão de segurança edificado pelas FAM-FPLM. A norte do Rio Save, a guerrilha dispersava, evitando o contacto directo com as unidades governamentais apoiadas pela 5ª Brigada do ZNA.

Do fiasco de Nkomati à intervenção militar estrangeira


Uma das consequências imediatas da Operação Cabana foi a de provocar o alastramento da guerrilha até às portas da capital moçambicana. E uma vez terminada, sem sucesso, essa operação, a guerrilha voltou a ser reactivada nas zonas designadas como teatro de guerra da Operação Cabana. Esta operação assinalou o ponto de viragem da guerra civil moçambicana, tendo forçado o regime a apostar numa maior intervenção de contingentes estrangeiros no conflito depois do fracasso diplomático de Nkomati em Março de 1984.
A intervenção maciça de unidades especiais do ZNA e das Forças Populares de Defesa da Tanzânia (TPDF), apoiadas por meios aéreos, a partir de 1985, resultou em grandes fluxos populacionais internos e externos, que tinham como objectivo fundamental privar a guerrilha da sua base natural de apoio. Perante a opinião pública mundial, o regime de Maputo esforçou-se por apresentar a condição de deslocados e refugiados a que haviam sido forçados milhares de moçambicanos como sendo o resultado directo, não dessa estratégia militar, mas antes corolário da acção da guerrilha.
A emprestar credibilidade ao maquiavelismo do regime, surgiram os Estados Unidos que através do seu Departamento de Estado contrataram Robert Gersony para elaborar um relatório cujas linhas mestras eram em tudo coincidentes com aquilo que vinha sendo propalado a partir de Maputo.
Servindo-se de um funcionário recrutado entre os quadros da USAID na capital moçambicana, que passou a desempenhar as funções de “intérprete no terreno”, Gersony movimentava-se com inaudita facilidade por entre os corredores do poder, que lhe franqueava o acesso a elementos sob sua custódia – o mesmo repetir-se-ia no Zimbabwe – para finalmente trazer a público, com o beneplácito do «Bureau of African Affairs», um “estudo” flagrantemente faccioso, pago a peso de ouro pelo erário público norte-americano, e cuja nota dominante era a de responsabilizar a guerrilha por uma calamidade que outros haviam deliberadamente provocado, e que afectava para cima de 1 milhão de moçambicanos.


( CANAL DE MOÇAMBIQUE – 19.08.2009, citado em www.macua.blogs.com )