Os membros da comunidade hindu distanciaram-se ontem dos muçulmanos no programa
de paralisação do comércio anunciado para arrancar hoje até
quarta-feira.
Maputo, Segunda-Feira, 27 de Agosto de 2012Notícias
Os hindus justificam a sua posição pelo facto de a ideia de paralisação ser
ilegal e prejudicar os moçambicanos que no geral sofrem as consequências do
recrudescimento da criminalidade no país.
Em conferência de Imprensa ao fim da tarde de ontem, Naguindás Manmoandás,
presidente da comunidade hindu, disse que os membros da sua agremiação não vão
deixar de pagar impostos nem de votar porque estas ameaças nunca foram
discutidas.
Segundo aquele responsável, a sua comunidade ficou estupefacta na sexta-feira
quando alguns membros da comunidade muçulmana deram a entender que a decisão de
enveredar por aquela via de pressão tinha apoio de todos eles.
A paralisação do comércio por parte dos agentes económicos destas três
comunidades visa alegadamente pressionar o Estado a estancar os sequestros de
que os seus membros têm sido vítimas.
Representada em Maputo por cerca de 300 famílias e mais ou menos três mil
agregados no país, a comunidade hindu já teve três membros sequestrados e
garante que ocupa um lugar significativo no comércio, mesmo estando abaixo dos
muçulmanos.
“Apelamos ao Governo para que rapidamente estanque a onda de crimes”, disse o
presidente, acrescentando que “nós só vamos aderir à manifestação devidamente
preparada e autorizada porque não estamos acima do Estado”.
Ao que soubemos, as comunidades islamita e libanesa também já se retiram do
plano, o que deixa os muçulmanos numa posição de isolamento quanto à paralisação
das lojas.
Na sexta-feira, após um encontro das comunidades muçulmana, hindu e islamita,
um porta-voz designado, Ismael Mussa, anunciou que as três comunidades
encerrariam as lojas a partir de hoje e por três dias, que se manifestariam em
todo o território nacional e ainda que boicotariam o pagamento das suas
obrigações fiscais.
Mesmo com a ameaça, o funcionamento do comércio já estava garantido, pois os
gestores dos supermercados como Game, Shoprite, Pick n Pay, Cash and Carry e
vendedores dos principais mercados como Central, Xipamanine, Zimpeto e
proprietários de estabelecimentos que funcionam em contentores espalhados pelas
duas cidades e periferia garantiam que trabalhariam normalmente.
Estes agentes económicos disseram que se manteriam abertos dado o compromisso
que dizem ter com os seus consumidores.
Numa ronda efectuada pelo nosso Jornal soubemos, por exemplo, que o comércio
abrirá, como é habitual, às primeiras horas da manhã. Foi a garantia que tivemos
em estabelecimentos localizados em vários pontos da cidade, cujos proprietários,
como são os casos de Cacilda Tsuca, no mercado Compone, e Abdul Rachide, na
Praça dos Heróis, para quem os problemas existentes não serão resolvidos com o
encerramento das lojas.
Entretanto, há sinais de diferenças de posicionamento no seio da própria
comunidade muçulmana, com os agentes económicos de Nampula, onde reside a maior
parte de membros, a clarificarem que não vão aderir ao boicote comercial.
Aliás, mesmo na capital, o sheik Cassimo David não soube dizer após o
encontro com o Ministro do Interior, Alberto Mondlane, no sábado à noite, se as
lojas estarão ou não fechadas.
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