É impressionante o nível de imbecilidade que reveste, muitas vezes, até à medula alguns dos nossos compatriotas, sobretudo um grupo de membros e simpatizantes do partido Frelimo, na província central de Manica.
Como sempre, nas suas habituais mediocridades, a quadrilha de acéfalos tolhida de “doutrinas” partidárias teve a (péssima e estúpida) ideia de vandalizar as bandeiras de uma outra formação política, neste caso o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), com o objectivo cristalino de ajeitar as gravatas dos seus dirigentes máximos.
Na verdade, o comportamento desprestigiante, daquele conjunto de pessoas, nada mais é do que o rotineiro e perpétuo hábito enviesado protagonizado, regra geral, pelos moçambicanos despojados de consciência crítica, a par de certas figuras (igualmente acéfalas) proeminentes do partido Frelimo e alguns jovens, bacteriologicamente impolutos, paridos pelo Sistema para se apresentarem com o ar mais cândido do mundo perante os moçambicanos marginalizados e empobrecidos, com o fito exclusivo de garantir lugares e tachos nos cobiçados poleiros (leia-se instituições) do Estado.
A nível da cidade de Chimoio, o MDM viu as suas 28 bandeiras serem sabotadas, além de terem sido atacadas e destruídas residências dos seus membros. Segundo o edil da urbe, foi ele quem ordenou a retirada das bandeiras daquele partido político das sedes, acrescentando que a medida é extensiva a todos os outros partidos.
O mais caricato nessa decisão é que nenhuma bandeira de um outro partido, nas mesmas condições, foi removida. E o mais estranho ainda é o facto de terem sido vandalizados os símbolos que se encontravam nas próprias sedes dos bairros daquela formação política.
Porém, não se trata de um fenómeno novo. É apenas a revelação triste acompanhada de uma prova irrefutável de que vivemos numa sociedade cujos integrantes deixaram, há séculos, de usar a mente e passaram, num ápice, a agir segundo as exigências dos seus insaciáveis estômagos, escamoteando, por isso, os preceitos da Democracia.
O mais intrigante nesta vergonhosa história não é o comportamento dos membros e simpatizantes, mas o silêncio cúmplice das autoridades policiais e dos dirigentes do partido no poder.
Estes actos, hoje autorizados pelo silêncio, podem trazer consequências nefastas para a nossa frágil democracia. Os “cães” que os protagonizam ganham forças e conforto diante da vazio complacente de quem podia, se o quisesse, colocar algum freio nisto.
Os mais altos quadros do partido no poder não podem usar a velha, pálida e encardida desculpa de que a responsabilidade dos mesmos é exclusiva dos autores. Não cabe, na cabeça do comum mortal, a ideia de que há uma ordem a autorizar a eliminação total e completa da oposição e dos seus símbolos. Mas também nunca houve uma ordem central para reter uma parte dos salários dos professores.
Elas, as ordens, sempre vieram de baixo para que não se encontrasse, de forma alguma, provas para transbordar o copo da vergonha. Não há, portanto, uma ordem emanada do núcleo para as suas células. Porém, vigora um silêncio sepulcral. Um silêncio que não condena os actos, libera-os, incentiva-os e legitima-os.
Enquanto o silêncio reinar, a suspeita, essa, vai continuar com o dedo em riste, como que a dizer: isto é tudo uma tramóia. E, do altar das suas convicções, dirá: que bela maneira de enaltecer e legitimar a força da oposição, a vossa.
Editorial, A Verdade
Editorial, A Verdade
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