Friday 10 July 2015

Presidente moçambicano janta com mil milhões de dólares de investimento português

O Presidente de Moçambique jantou em Maputo com os 12 maiores investidores portugueses no país, que juntos representam quase mil milhões de dólares (907 milhões de euros) aplicados na economia moçambicana nos últimos cinco anos.
Presidente moçambicano janta com mil milhões de dólares de investimento português
"Vocês são os campeões na promoção do investimento em Moçambique. Esperamos que as vossas empresas continuem a investir no país", afirmou Filipe Nyusi, no início do encontro.
O jantar, promovido pela embaixada portuguesa em Moçambique num dos principais hotéis de Maputo, acontece a uma semana do início da visita de Estado de Filipe Nyusi a Portugal, a primeira que realiza fora do continente africano.
Aos empresários portugueses, o Presidente da República pediu que se tornem "embaixadores" de Moçambique na atração de investimento, salientando a importância da paz e da estabilidade.
[Os empresários portugueses] "desempenham um papel importante porque quando investem em Moçambique e em nós dão-nos expetativas de paz", declarou, em alusão às ameaças de instabilidade política e militar da Renamo, principal partido de oposição.
O Presidente moçambicano destacou ainda a diversidade do investimento português, quando o país é desafiado com a exploração do carvão e as expetativas numa das maiores reservas de gás natural do mundo, observando que "o carvão e o gás não se comem nem se bebem".
Três das empresas representadas no jantar correspondem ao setor da banca (BCP, Caixa Geral de Depósitos e Novo Banco), outras três à construção (Teixeira Duarte, Mota-Engil e Soares da Costa), que se juntam à Galp, Portucel, Entreposto, Visabeira, JFS e Contact, em alguns casos representadas pelos presidentes dos respetivos conselhos de administração.
O embaixador de Portugal em Maputo assinalou: "[estes empresários] não estão cá porque se descobriu gás e carvão, já estão cá há bastante tempo, representam investimento nas áreas mais diversas". O embaixador acrescentou ainda que, se daqui para a frente [os empresários] tirarem benefícios desses recursos, "tanto melhor, será um acréscimo porque todos querem ter os melhores benefícios possíveis".
Segundo José Augusto Duarte, o grupo destes 12 empresários envolve um investimento global de quase mil milhões de dólares nos últimos cinco anos e a criação de 22 mil postos de trabalho.
No total, a comunidade portuguesa em Moçambique, prosseguiu o diplomata, "representa 23 mil pessoas mas também 44 mil postos de trabalho criados" e um investimento global de 1,7 mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros) na última década.
Moçambique, disse à Lusa o presidente executivo do BCP, Nuno Amado, "é um destino em que o investimento deve acontecer com necessárias cautelas, encontrar parceiros certos e setores certos", apontando o contributo que o investimento português pode dar para a redução do elevado peso das importações do país.
"Tudo o que seja aproveitar vantagens, por exemplo no ‘agrobusiness', tem um valor inquestionável", declarou o administrador do BCP, que detém o Millennium Bim, banco líder em Moçambique.
O momento que Moçambique atravessa, apontou por seu lado João Nuno Palma, da Caixa Geral de Depósitos, "é muito importante", na medida em que os recursos naturais vão alavancar outros projetos, que merecem atenção do banco português noutros setores como a agricultura e logística.
O representante da Caixa, que participa no capital do moçambicano BCI, assume estar com uma perspetiva de longo-prazo em Moçambique, assinalando que este "pode ser o início da industrialização moçambicana" e ainda a oportunidade de transformar a "geografia extraordinária" do país numa plataforma logística dirigida para alguns dos maiores mercados de consumo do mundo.
Mesmo num contexto de abrandamento económico, Moçambique continua "a fazer contagens de crescimento 6%", lembrou César Ferreira, representante do Novo Banco, que detém uma participação no moçambicano Moza, e que "não se compara com taxas de crescimento noutras geografias".
Apesar da mensagem do Presidente moçambicano, orientada para as ameaças à paz, os empresários portugueses ouvidos pela Lusa desvalorizaram o atual contexto de inquietação política.
"Era preferível haver estabilidade, mas não penso que seja decisivo em termos de enquadramento global e de futuro do país e julgo que se resolvera a breve trecho", resumiu Paulo Varela, representante da Galp Energia .




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