Por Fernando Lima
Ainda não tinham passado 24 horas sobre as palavras bonitas da procuradora Buchili em torno do Estado de Direito, várias balas disparadas à queima-roupa questionavam, uma vez mais, a fragilidade das instituições moçambicanas, a democracia suis generis que temos. Um atentado a sangue frio, numa das ruas mais movimentadas de Maputo, pôs fim à vida do jurista Gilles Cistac, ele que teve a veleidade de argumentar em favor da constitucionalidade de uma hipotética gestão descentralizada do Estado moçambicano.
Ainda não tinham passado 24 horas sobre as palavras bonitas da procuradora Buchili em torno do Estado de Direito, várias balas disparadas à queima-roupa questionavam, uma vez mais, a fragilidade das instituições moçambicanas, a democracia suis generis que temos. Um atentado a sangue frio, numa das ruas mais movimentadas de Maputo, pôs fim à vida do jurista Gilles Cistac, ele que teve a veleidade de argumentar em favor da constitucionalidade de uma hipotética gestão descentralizada do Estado moçambicano.
Enquanto a vida de Cistac se esvaía num bloco operatório do principal hospital público de Maputo, o novo Presidente da República, um potencial dano colateral deste bárbaro assassinato, através do seu porta-voz, pedia acção e eficácia à polícia na perseguição e captura dos autores do crime. Como estou convicto que neste crime há autores materiais e morais, gostaria de sugerir à procuradora Buchili um TPC elementar. Que chamasse com carácter de urgência à Procuradoria, os cidadãos Edson Macuácua e
Gabriel Muthisse, alegados mentores do grupo de choque que leva o nome de G-40, conotados com o assassinato de carácter de que foi vítima o professor Gilles Cistac nas últimas semanas.
Gabriel Muthisse, alegados mentores do grupo de choque que leva o nome de G-40, conotados com o assassinato de carácter de que foi vítima o professor Gilles Cistac nas últimas semanas.
Aliás, ele próprio declarou que denunciou à Procuradoria os ataques de que estava a ser alvo, dado o carácter sórdido e perverso de grande parte das calúnias contra si desferidas. Não se trata de responder à demonização de Cistac com a demonização do G-40. Mas é importante. Para efeitos de investigação criminal e para responder ao nexo de causalidade entre os ataques verbais (e por escrito) através dos media e o assassinato de que foi vítima. É preciso determinar as verdadeiras motivações para que ataques sistemáticos tivessem sido desencadeados nos últimos dois anos contra outras personalidades da vida moçambicana, incluindo figuras proa do movimento de libertação e do próprio regime.
Por menos evidências e sem sangue vertido, dois editores da nossa casa editorial foram chamados nos últimos meses à PGR (Procuradoria Geral da República) e ao permanente moribundo CSCS(Conselho Superior da Comunicação Social), para “darem explicações” sobre conteúdos editoriais inseridos nas nossas publicações. Buchili, que certamente leu o discurso de investidura do novo presidente, terá notado o ênfase colocado no princípio de que não deve haver cidadãos acima da lei. Ao chamar os dois referenciados cidadãos às instalações da PGR, prestaria um serviço importante à Democracia e ao Estado de Direito. E, como também fica bem nestas ocasiões e é da praxis do regime, estaria a cumprir com zelo as orientações do novo Presidente da República.
PS: Depois de escrever nesta mesma publicação, a 27.09.2002, o artigo “Um frango chamado Nyimpine” a propósito do assassinato de Carlos Cardoso, recebi, conjuntamente com os jornalistas Marcelo Mosse e Kok Nam, a oferta compulsiva de 343 galinhas e 3 cabritos. Não aceitámos a oferta e apresentámos queixa na polícia. Sem resultados, indicámos as matrículas das carrinhas que trouxeram os frangos e o endereço do aviário na Matola, na zona das “Quatro Cantinas”. Espero que não repitam a dose.
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