O director do departamento africano no instituto de estudos internacionais Chatham House considera que a luta de poder entre o actual e o antigo Presidente está a piorar e que o poder pode mudar de mãos.
"A luta de poder entre o antigo Presidente Guebuza e o Presidente Nyusi está a piorar, tendo influência nas decisões do Governo, nos esforços de mediação com a oposição e afetando o clima empresarial", disse Alex Vines em entrevista à Bloomberg no dia em que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) inicia a reunião do Comité Central, até domingo.
A reunião está a ser ensombrada pela rivalidade percepcionada entre o actual e o antigo Presidente, mas oficialmente o discurso aponta para a ausência de tensões e garante que não estão previstas alterações na direcção do partido.
"Apesar de o secretário-geral da Frelimo, Eliseu Machava, insistir que a questão da sucessão do presidente da Frelimo não está na agenda da reunião, ela está", disse Alex Vines, admitindo que "dificilmente a questão será resolvida este fim de semana", mas avisando que "este tema precisa de ser resolvido pelo Comité Central, até porque o próximo congresso da Frelimo ainda nem está marcado".
Nyusi venceu as eleições de Outubro do ano passado, herdando a Presidência de Armando Guebuza, que se manteve como líder do partido. Entre as principais tarefas do novo Presidente está a relação com as empresas que vão explorar o gás natural, encarado como o principal motor do crescimento económico e fonte de riquezas do país, para além de todo o gigantesco trabalho de desenvolvimento do país.
A economia, que valia 15,6 mil milhões de dólares em 2013, deverá crescer dez vezes até 2035, à medida que os recursos naturais começam a ser explorados, segundo os analistas do Standard Bank.
A substituição de Armando Guebuza da liderança do partido "não é preocupação dentro da Frelimo, estamos bem, continuamos unidos e coesos", afirmou o porta-voz do partido, em conferência de imprensa na sede nacional do partido, na quarta-feira, embora tenha reconhecido que o CC é um órgão soberano e novos pontos podem ser adicionados à ordem dos trabalhos.
Damião José adiantou que, para a reunião do CC, que vai decorrer até domingo, a Comissão Política da Frelimo propôs como temas de agenda a análise da situação económica, política e social do país, bem como a apreciação de relatórios dos principais órgãos do partido e ainda do Orçamento do Estado, Plano Quinquenal e Plano Económico e Social, documentos submetidos pelo Governo ao parlamento e que vão ser discutidos na próxima semana.
A substituição de Armando Guebuza na liderança da Frelimo pelo seu sucessor na Presidência da República, Filipe Nyusi, tem sido amplamente discutida nos meios políticos e por analistas em Moçambique, que avisam para o risco da convivência de dois centros de poder, diminuindo a ação do chefe de Estado, nomeadamente nas negociações com a oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) na crise instalada no país após as eleições gerais de 15 de Outubro.
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