Wednesday, 25 March 2015

Família de Cistac recorre à justiça francesa

Na queixa pede-se ao Ministério Público de França que investigue o homicídio do constitucionalista este mês em Maputo.

Carlos Serra
Rosimele Cistac, filha de Gilles Cistac


O advogado da família do constitucionalista franco-moçambicano Gilles Cistac, assassinado a tiro em Maputo, anunciou ontem que a família apresentou queixa na justiça francesa por homicídio. A queixa, dirigida ao Ministério Público de Paris, pede que “todas as diligências sejam feitas” no âmbito deste caso, afirmou Thierry Carrère, citado na edição eletrónica do jornal francês 20 Minutes, quando passam três semanas sobre o homicídio de Cistac, ainda por desvendar pelas autoridades moçambicanas.
“Parece que ele foi assassinado simplesmente porque tinha emitido uma interpretação sobre o texto da Constituição moçambicana”, declarou o advogado, antigo colega de Cistac quando ambos estudavam Direito na Universidade de Toulouse.
Thierry Carrère referiu-se a Cistac como “uma autoridade moral, intelectual e legal” e que “nunca esteve realmente envolvido no jogo político local”, insistindo que se limitou “a dar uma opinião como professor e especialista constitucional”.
Gilles Cistac foi morto a tiro no passado dia 3 por quatro desconhecidos que continuam a monte.
Dias antes de ser assassinado, o jurista disse que tinha apresentado queixa na Procuradoria-Geral da República de Moçambique alegando estar a ser caluniado em comentários racistas colocados no Facebook por alguém escondido atrás de um pseudónimo.
Cistac foi o primeiro jurista moçambicano a defender que a exigência da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, de fazer aprovar uma lei sobre regiões autónomas para poder governar nas províncias onde ganhou nas eleições gerais de 15 de Outubro teria cobertura constitucional, caso o movimento substituísse a exigência de governos regionais por governos provinciais.
Organizações da sociedade civil moçambicana realizaram marchas de repúdio pela morte de Cistac, exigindo a responsabilização criminal dos autores do homicídio.
O ministro do Interior de Moçambique, Basílio Monteiro, procedeu entretanto a uma profunda remodelação na hierarquia da polícia, nomeando Paulo Chachine para director-nacional da Polícia de Investigação Criminal (PIC), em substituição de João Zandamela.
Três semanas após o assassínio, que continua a provocar ampla discussão na comunicação social e nas redes sociais, não foi ainda anunciada nenhuma pista que conduza aos autores do crime.





RA Internacional

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