Quase ninguém escapa. De Portugal à Guiné-Bissau, passando por Angola e Moçambique, a regra é aprender a viver sem comer. O problema está em que todos morrem antes de conseguir tal feito...
O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, considera a pobreza, que afecta mais de metade dos 20 milhões de habitantes do país, “inimigo comum dos moçambicanos”, e apela ao empenho no trabalho para que este flagelo seja ultrapassado. Em Portugal são perto de 40% e em Angola de 70%. Na Guiné-Bissau... dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta.
Os apelos para o trabalho árduo contra a pobreza têm marcado os comícios de Armando Guebuza na presidência aberta na província de Gaza, sul de Moçambique.
“A pobreza que nós temos hoje não é resultado de uma condenação e chegarão os dias em que todos nós recordaremos os momentos em que não tínhamos hospitais, escolas, pontes, energia eléctrica, entre outras carências. Nessa altura teremos vencido a pobreza”, declarou o chefe de Estado moçambicano, num comício no distrito de Chibuto, uma zona ciclicamente afectada pela seca.
No distrito de Chigubo, região também em permanente seca, o combate à miséria voltou a dominar a intervenção do chefe de Estado moçambicano na reunião com a população, que recebeu de Armando Guebuza a orientação de “nunca baixar os braços” perante as adversidades impostas pela pobreza.
“Quando vencermos a pobreza espiritual, estaremos em melhores condições de acabar com a pobreza material, que passará a fazer parte do passado”, enfatizou o Presidente moçambicano.
O crescimento económico não tem correspondência na diminuição da pobreza. E apesar das ajudas internacionais o número de pobres e dos muito pobres continua a aumentar, considera o investigador britânico Joseph Hanlon.
Jornalista e docente em Inglaterra, Joseph Hanlon expressou esta ideia em Novembro do ano passado, à margem da conferência "Pobreza e Paz nos PALOP" (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), organizada pelo Centro de Estudos Africanos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa.
Retomando as ideias que expressou no livro "Há mais bicicletas - mas há Desenvolvimento?", lançado em Julho de 2009 em Maputo, Hanlon leu na conferência o texto "No peace without jobs", em que desenvolveu o conceito que chamou de "paradoxo".
"Apesar da maciça ajuda dos doadores internacionais: 667 milhões de euros anuais, cada vez há mais pobres, cada vez aumentam mais os índices de pobreza", salientou, acentuando que a redução da pobreza "foi menor do que devia ter sido".
Defensor de mais investimentos na agricultura - "para garantir maior auto-suficiência alimentar e menos êxodo rural" -, Joseph Hanlon lamentou que os doadores internacionais - "que garantem cerca de metade do orçamento de Estado" -, continuem a insistir nos investimentos nos sectores sociais.
O problema reside no facto de o país receber mais ajuda externa do que outros países africanos, "correspondendo ao que os doadores lhe dizem para fazer". Estas "pressões" conduzem ao que Hanlon classificou de "armadilhas que a pobreza coloca à paz".
E recordou dois caos. O primeiro ocorrido em 2000, em que mais de uma centena de pessoas foi morta em circunstâncias apresentadas como resultado da luta política e, mais recentemente, no dia 11 de Novembro de 2009, a morte de funcionários do Ministério da Saúde, às mãos de populares, que os acusaram de terem tentado infectá-los com o bacilo da cólera. A falta de informação esteve na base deste último episódio, que Hanlon caracterizou como "exemplo de mais um caso em que os pobres respondem ao receio de que os ricos os queiram matar".
Num plano mais geral, Joseph Hanlon questiona-se sobre o que "correu mal", em que o aumento da ajuda internacional não foi acompanhado pela diminuição do número de pobres. "Que foi que correu mal? Dos grandes projectos não resultam mais empregos e nem se pode falar em aumento do consumo interno, porque com mais pobres, e como estes não têm dinheiro, não compram nada", sintetizou.
A que país se referia Joseph Hanlon? Poderia ser, no contexto dos PALOP, a qualquer um com excepção de Cabo Verde. Mas referia-se a Moçambique.
O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, considera a pobreza, que afecta mais de metade dos 20 milhões de habitantes do país, “inimigo comum dos moçambicanos”, e apela ao empenho no trabalho para que este flagelo seja ultrapassado. Em Portugal são perto de 40% e em Angola de 70%. Na Guiné-Bissau... dois em cada três guineenses vivem na pobreza absoluta.
Os apelos para o trabalho árduo contra a pobreza têm marcado os comícios de Armando Guebuza na presidência aberta na província de Gaza, sul de Moçambique.
“A pobreza que nós temos hoje não é resultado de uma condenação e chegarão os dias em que todos nós recordaremos os momentos em que não tínhamos hospitais, escolas, pontes, energia eléctrica, entre outras carências. Nessa altura teremos vencido a pobreza”, declarou o chefe de Estado moçambicano, num comício no distrito de Chibuto, uma zona ciclicamente afectada pela seca.
No distrito de Chigubo, região também em permanente seca, o combate à miséria voltou a dominar a intervenção do chefe de Estado moçambicano na reunião com a população, que recebeu de Armando Guebuza a orientação de “nunca baixar os braços” perante as adversidades impostas pela pobreza.
“Quando vencermos a pobreza espiritual, estaremos em melhores condições de acabar com a pobreza material, que passará a fazer parte do passado”, enfatizou o Presidente moçambicano.
O crescimento económico não tem correspondência na diminuição da pobreza. E apesar das ajudas internacionais o número de pobres e dos muito pobres continua a aumentar, considera o investigador britânico Joseph Hanlon.
Jornalista e docente em Inglaterra, Joseph Hanlon expressou esta ideia em Novembro do ano passado, à margem da conferência "Pobreza e Paz nos PALOP" (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), organizada pelo Centro de Estudos Africanos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa.
Retomando as ideias que expressou no livro "Há mais bicicletas - mas há Desenvolvimento?", lançado em Julho de 2009 em Maputo, Hanlon leu na conferência o texto "No peace without jobs", em que desenvolveu o conceito que chamou de "paradoxo".
"Apesar da maciça ajuda dos doadores internacionais: 667 milhões de euros anuais, cada vez há mais pobres, cada vez aumentam mais os índices de pobreza", salientou, acentuando que a redução da pobreza "foi menor do que devia ter sido".
Defensor de mais investimentos na agricultura - "para garantir maior auto-suficiência alimentar e menos êxodo rural" -, Joseph Hanlon lamentou que os doadores internacionais - "que garantem cerca de metade do orçamento de Estado" -, continuem a insistir nos investimentos nos sectores sociais.
O problema reside no facto de o país receber mais ajuda externa do que outros países africanos, "correspondendo ao que os doadores lhe dizem para fazer". Estas "pressões" conduzem ao que Hanlon classificou de "armadilhas que a pobreza coloca à paz".
E recordou dois caos. O primeiro ocorrido em 2000, em que mais de uma centena de pessoas foi morta em circunstâncias apresentadas como resultado da luta política e, mais recentemente, no dia 11 de Novembro de 2009, a morte de funcionários do Ministério da Saúde, às mãos de populares, que os acusaram de terem tentado infectá-los com o bacilo da cólera. A falta de informação esteve na base deste último episódio, que Hanlon caracterizou como "exemplo de mais um caso em que os pobres respondem ao receio de que os ricos os queiram matar".
Num plano mais geral, Joseph Hanlon questiona-se sobre o que "correu mal", em que o aumento da ajuda internacional não foi acompanhado pela diminuição do número de pobres. "Que foi que correu mal? Dos grandes projectos não resultam mais empregos e nem se pode falar em aumento do consumo interno, porque com mais pobres, e como estes não têm dinheiro, não compram nada", sintetizou.
A que país se referia Joseph Hanlon? Poderia ser, no contexto dos PALOP, a qualquer um com excepção de Cabo Verde. Mas referia-se a Moçambique.
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