Monday, 12 July 2010

Corrupção, crime e desemprego ameaçam economia moçambicana

O país está a passar de bestial a besta
– segundo uma publicação britânica

“Não obstante a muito badalada queda da taxa de pobreza, de 69% em 1997 para 54% em 2003, o número absoluto de pessoas abaixo do limiar da pobreza subiu para 11,7 milhões numa população de cerca de 20 milhões”


Maputo (Canalmoz) - Apesar do crescimento económico registado nos últimos anos, que, em termos reais, é atribuído por analistas a mega projectos do género Mozal, o desempenho da economia moçambicana situa-se ainda entre as piores do mundo. De um total de 133 países, Moçambique está em 129° lugar no índice de competitividade do Fórum Económico Mundial; em 172° lugar (entre 182 países) no índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas; e nos últimos 12 lugares em termos de PIB per capita anual. Estes dados vêm citados num artigo da revista inglesa, «The Economist» para quem “a corrupção, o crime e o desemprego continuam a ameaçar” os relativos sucessos até agora registados.
A publicação inglesa refere que “não obstante a muito badalada queda da taxa de pobreza, de 69% em 1997 para 54% em 2003, o número absoluto de pessoas abaixo do limiar da pobreza subiu para 11,7 milhões numa população de cerca de 20 milhões”.
A «The Economist» salienta que “está previsto que o último levantamento dos agregados familiares a nível nacional, a ser divulgado em Agosto, irá reflectir poucas melhorias”, acrescentando que “a desigualdade está a crescer”.
Debruçando-se sobre às eleições de Outubro de 2009, a «The Economist» diz que o nosso país “foi retirado da lista das ‘democracias eleitorais’ compilada pela Freedom House dos Estados Unidos devido às tropelias que marcaram o plebiscito”, à semelhança de escrutínios que têm vindo a ser realizados desde 1994. O poder do partido dirigente permeia toda a sociedade, corolário do projecto totalitário introduzido no país por altura da independência, registando-se um “aumento do nepotismo e da corrupção”. De igual modo, frisa a «The Economist», “verifica-se a expansão do crime organizado, aparentemente com apoio político”, apontando como exemplo o caso de Mohamed Bashir Suleman, “um dos incondicionais do Partido Frelimo e o mais proeminente homem de negócios do país, que no mês passado passou a constar da lista oficial dos Estados Unidos respeitante a narcotraficantes”.
De acordo com a revista inglesa, “os doadores internacionais começam a preocupar-se” com a situação, e nos princípios do corrente ano “um grupo de 19 países ocidentais ameaçou suspender a ajuda económica a Moçambique a não ser que a situação fosse corrigida”. A ajuda económica a Moçambique, que mais se assemelha a balões de oxigénio, pese embora o facto de figuras de proa do regime terem minimizado a posição publicamente assumida pelo grupo dos 19, “apenas depois de ter, de mansinho, acordado em aplicar as 35 medidas propostas pelo chamado G-19, é que a ajuda voltou a ser canalizada” para o nosso país. No que se refere a 2010, Moçambique deverá receber apoios externos, equivalente a mais de metade o Orçamento Geral do Estado, facto que irá contribuir para um maior endividamento da economia nacional.


(CANALMOZ)


NOTA DO JOSÉ = A revista The Economist publicou um interessante artigo sobre Moçambique intitulado "A faltering phoenix" que serviu de base a este texto. Leia aqui.

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