Monday 31 May 2010

A opinião de Machado da Graça

Olá Leonardo

Como vai a vida, meu bom amigo? Do meu lado tudo bem, felizmente.

Estou-te a escrever hoje para te falar de alguns problemas que afectam a nossa governação local, nos distritos e municípios.

Sabes que, há pouco tempo, tive acesso a um relatório da Iniciativa de Monitoria da Governação Local. Já em outro sítio me referi a este relatório.

Hoje queria comentar contigo dois aspectos focados naquele texto:

O primeiro passa-se no posto administrativo de Mazeze, no Distrito de Chiúre, em Cabo Delgado.

Entre as actividades planificadas estava a distribuição de gado para o repovoamento animal.

Quando a equip a de monitoria da Iniciativa foi verificar como tinham corrido as coisas, um morador deu a seguinte informação: “... não tivemos conhecimento sobre a existência do gado para o fomento, até quando vimos aquele gado com o chefe do posto pensávamos que ele tivesse comprado com dinheiro dele. Isto é sempre assim, o gado distribuem-se entre eles”.

Posto perante esta questão, o chefe do posto, Ricardo Carlos, respondeu: “ A minha esposa foi a única beneficiária do gado porque as outras famílias não quiseram. Nós informámos as comunidades através dos chefes das aldeias, líderes comunitários e chefes das localidades, mas eles não quiseram” .

A outra história passa-se no município de Manjacaze, em Gaza. Há vários problemas com obras a serem realizadas por lá e um membro da Assembleia Municipal comentou:

“... nós, membros da AM, não sabemos se realmente se lança um concurso público ou não para a adjudicação das obras de construção daqui da vila porque todas elas são feitas pela Construções Fuel.”

Um outro membro da Assembleia Municipal afirmou que as tais Construções Fuel não deviam realizar empreitadas no município na medida em que a empresa pertence ao marido da presidente do município.

Como vês, meu amigo, a questão é a mesma, mais bois menos empreitadas: quem está no poder dá o dinheiro a ganhar aos seus familiares directos ou, mais exactamente, a si próprio, através do marido ou da esposa.

Se isto for verdade, e as entidades que organizam a iniciativa são merecedoras de todo o meu respeito, trata-se de casos claros de corrupção e como tais deviam ser tratados.

E, como estes, quantos mais haverá?

Um abraço para ti do

Machado da Graça


CORREIO DA MANHÃ – 28.05.2010, citado no Moçambique para todos.

2 comments:

Anonymous said...

E esta? Quem engole?
O nepotismo faz parte da doutrina partidária da Frelimo, esse nunca vai passar de moda; a este podemos associar a corrupção, a falta de transparência, o abuso de poder e autoridade, etc. etc.
Abramos os olhos, votemos em que nos represente devidamente e faça valer os nosso direitos.
Maria Helena

JOSÉ said...

Casos como estes são inúmeros e atestam da falta de transparencia, favoritismo, nepotismo e corrupção em Moçambique protagoganizados por gente ligada à Frelimo.