Friday, 7 May 2010

Caso “pastelaria Continental” nas mãos do tribunal

Maputo (Canalmoz) – Ainda está tudo em aberto em relação ao desfecho da venda da pastelaria Continental. A 5ª secção do tribunal da cidade de Maputo ouviu esta quarta-feira as partes envolvidas na contenda, nomeadamente Manuel Pinto, actual gestor da pastelaria em nome do que se diz proprietário, e Mushine Ibrahim, o alegado comprador. Pelo meio estão os trabalhadores desesperados e preocupados. Cada parte apresentou os seus argumentos para convencer o tribunal de que a razão está do seu lado. Mushine Ibrahim diz e prova ter comprado o estabelecimento a Maria Helena Smith, esposa de Pedro Pinto. Manuel Pinto, por sua vez, diz e prova ter procuração passada por Pedro Pinto, seu primo, para explorar o estabelecimento. Resta apurar se quem vendeu o estabelecimento a Mushine Ibrahim estava capacitada a fazê-lo. Sobre isso, aparentemente, o tribunal ainda se pronunciou. Manuel Pinto apenas é detentor de uma procuração para gerir o estabelecimento. Os trabalhadores disseram, no tribunal, que o que lhes interessa, no momento, são os seus empregos e os salários em atraso, de quase 10 meses. Ouvidas as partes, cabe agora ao tribunal decidir quem será o dono da pastelaria Continental.
Pastelaria continua aberta
Por decisão do tribunal, a pastelaria continua a funcionar normalmente. Na última segunda-feira, os dois funcionários da 5.ª Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM), que trouxeram a providência cautelar de restituição de posse, em nome do cidadão Mushine Ibrahim, preferiram deixar que as actividades continuassem. Recorde-se que nesse dia, instalou-se uma confusão sem precedentes porque, por um lado, pretendia o tribunal passar o estabelecimento em nome do senhor Mushine Ibrahim, enquanto, de outro lado, estava o senhor Manuel Pinto a dizer que tem documentos que comprovam a autorização do tribunal para este desenvolver a actividade comercial. Instalou-se uma confusão tal que teve de haver intervenção da Polícia por causa dos ânimos exaltados em ambos os lados interessados no estabelecimento. O tribunal vinha com a intenção de encerrar o estabelecimento à revelia de Manuel Pinto, acto que foi impossibilitado pelos trabalhadores que se sentiram apavorados com a ideia de voltarem ao desemprego. Nisso, não lhes faltou alternativa senão defenderem quem lhes deu emprego de volta, isto é Mushine Ibrahim. “Aonde pensam que vamos se perdermos este emprego. Já ficámos um ano em casa, quando o estabelecimento fechou. Não queremos saber! Queremos emprego e não queremos saber de mais nada. Ninguém entra aqui. O que vamos dar de comer às nossas famílias?” diziam os trabalhadores em coro com medo de mais uma vez voltar ao desemprego.

(Matias Guente, CANALMOZ, 07/05/10)

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