Embora o Plano Económico e Social (PES), bem como o Orçamento Geral de Estado para 2010 tenham sido aprovados sensivelmente a meados do ano, o economista Zaqueo Sande defende que o mesmo é exequível, mas realça que os objectivos não estão claros.
Segundo o PES, a produção global sectorial para 2010 aponta para um crescimento de 7.4%, condicionado ao desempenho da Agricultura - onde se espera a eliminação do défice nos principais produtos alimentares e a redução da dependência em importações -; da Construção; Indústria Extractiva, do sector de Energia; e dos Transportes e Comunicações.
“A taxa de crescimento económico só será atingida se o Governo implementar todas as actividades programadas no PES”, comenta o economista. No sector monetário e cambial, projecta-se que a política monetária assegure um ligeiro desgaste de reserves externas e expansão do crédito à economia a ritmo menos acelerado do que o observado em 2009. Aliás, pretende-se conter a taxa de inflação média anual na ordem de 9.5%. “Prevê-se a alteração no preço dos combustíveis em 2010 e esta situação causará a subida nos custos de produção e transportes de mercadoria. No entanto, não acredito que o Governo consiga conter a inflação. Aliás, no passado nunca se conseguiu conter a inflação embora se diga isso, na verdade o que acontece é que a procura de produtos em Moçambique diminuiu”, disse.
No que respeita às exportações de bens, estima-se que elas registem um crescimento de 10% comparativamente às projecções para finais do ano transacto, ou seja, espera-se que as exportações de bens atinjam 2,142 milhões de dólares, enquanto as exportações dos grandes projectos e as tradicionais
“As nossas exportações estão ligadas à indústria extractiva e, se não houver uma crise, é possível conseguir- se este volume de exportações”. Em relação aos produtos exportados pelos restantes sectores de economia destacam-se o algodão, o açúcar, o tabaco e a castanha de caju.
Atingir um nível de reserves internas líquidas que permitam financiar cerca de cinco meses de importações de bens e serviços não factoriais, excluindo os megaprojectos é outro objecto do PES para 2010. Contudo, Zaqueo Sande afirma tartar-se de uma pretensão ambiciosa e não de um aspecto relevante porque, segundo o economista, o mais importante é que o dinheiro utilizado para as importações seja gerado internamente.
À semelhança dos PES´s anteriores, para o economista, o presente não deixa de ser apenas mais uma “lista de intenções”. “O plano devia estar claro quanto aos objectivos a atingir, os meios a usar e a operacionalização”.
Criação de emprego
156.312 é o número de postos de trabalho que se espera criar no ano em curso em todo país, no âmbito da Estratégia de Emprego e Formação Profissional (EEFP).
Do universo dos empregos a serem criados, 43.2%, correspondents a 67.500, serão criados pelo sector privado; cerca de 25.1%, (39.224 do total dos postos de trabalho) nascerão do recrutamento para o trabalho mineiro na RSA; 20.8% (32.588) estão previstos serem gerados no âmbito do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local; 10.9%, correspondents a 17.000, serão atendidos pelo sector público, promovendo a sua integração laboral através da colocação, auto-emprego e estágios profissionais.
Despesas públicas
Para 2010, mais recursos de investimento público serão descentralizados e canalizados para os distritos e mais projectos de investimento serão desconcentrados para os níveis provinciais e distritais. Neste ano, prevê-se que as receitas do Estado atinjam 57.431,7 milhões de meticais (cerca de 18.8% do
A consolidação do processo democrático e o aumento da funcionalidade e eficiência das instituições públicas; a solidificação da implementação da Política Salarial de Médio Prazo; o prosseguimento de acções de descentralização e desconcentração na afectação de recursos aos distritos; a continuação da operacionalização do Plano de Acção de Alimentos; e as realizações de investimentos de implantação de infraestruturas socioeconómicas são algumas das necessidades do Estado.
Do total das despesas previstas para 2010, no valor de 117.167,6 milhões de meticais, 49% deste montante serão alocados a despesas correntes, 47% a investimento e 4% a operações financeiras.
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