TODOS os dias, fala-se da necessidade de sairmos da pobreza em que nos encontramos mergulhados, por causa do dinheiro que a gente não tem. Aliás, como se pode adquirir dinheiro sem que haja produção?Que me desculpem os meus compatriotas mas eu sempre insisto em querer saber como é que a gente vai virar o rumo dos acontecimentos, sem que os meios sejam disponibilizados para tal. O “slogan” político actual é que a gente tem que tirar a pobreza das nossas cabeças, que esta responsabilidade de desenvolver o país está entregue em boas mãos, aos da geração da viragem.
Ninguém está contra a filosofia, até porque ela é a mãe de todas as ciências, só que em contrapartida, o mesmo discurso político dá conta que estamos numa época em que temos que correr, rumo ao desenvolvimento do país, para que a pobreza seja um facto do passado.
Ora, o que falta neste país é o cometimento, é a vontade de fazermos as coisas com eficácia e eficiência. O que a gente sabe é falar, é desenhar estratégias, é elaborarmos projectos e consultorias que nunca mais acabam. Depois disso tudo, chamamos outra consultoria para que nos diga como fazermos o que nós pedimos para ser desenhado. E assim, o tempo vai passando, o discurso político dá conta que temos que correr atrás do tempo, porque este urge.
Tudo bem, é mesmo necessário que a gente corra, só que: que meios são disponibilizados para que a gente corra com segurança e com a certeza de que o barco vai atracar num bom porto? O que se vê, na prática é que cada um procura esquemas de como arranjar o pão de cada dia. A fome é o calcanhar de “Aquiles” para o núcleo familiar comum cá da praça.
Aliás, os mais entendidos na matéria dão conta que fome é caracterizada por uma certa família não saber de que forma vai alimentar-se nos próximos dias. Consequentemente, o que cá se faz são negociatas, é ladroagem de toda a espécie. Quem pode espezinha aos mais fracos. A mudança de atitude para o bem de todos, ainda está por chegar. Que fazer! Virar uma nação num ápice não é obra fácil de edificar. O certo é que temos que correr.
O que penso que enferma este país é a corrupção, é a falta de confiança entre nós mesmos, a raiva de espezinharmos o próximo quando nos encontramos em lugares cimeiros. Entre os moçambicanos, vai desaparecendo o espírito de irmandade, a consideração que temos que ter com os outros. O que acontece cá na praça, cada um puxa a brasa para a sua sardinha ou é mesmo a sardinha que escolhe a brasa.
Para nós, a mudança de mentalidade devia em primeiro lugar, primar pela legalidade, pela igualdade de direitos e de oportunidades iguais para todos. Não poderá haver mudança de mentalidade enquanto o egoísmo reinar em demasia. O ego de que a ciência filosófica faz referência não é o que se vive cá entre nós.
O oportunismo é o que está em voga. Ninguém leva consigo a ideia de que o que faço deve, em primeiro lugar, beneficiar a pessoa a quem devo esta obrigação. Se tenho condições para sacar algo, faço-o com esmero. Que mudança de mentalidade teremos nós se não temos o espírito de cidadania, o espírito de servilismo público? Falo, sobretudo, do sector da Função Pública. No sector empresarial, ainda se faz alguma coisa.
Arlindo Oliveira, no Notícias
4 comments:
José, esta publicação foi acertada, de facto faltam oportunidades só a terra não chega para produzir é preciso alfaias este que por sua vez exigem meios financeiros.
Segundo a educação é carra em Moçambique e os retornos são uma minharia ou ném existem porque electrecistas, biólogos,mecânicos,pedreiros, serrelheiros etc... são importados com a desculpa de os moçambicanos não terem qualidade desejada! VAMOS A CABAR COM A POBREZA aceitando sem questionar os dogmas políticos?
Acho que ném todos podemos ter mesma sorte de nos aliviar da pobreza comercializando Patos, mcrogear...
FALTAM MEIOS E REFLEXÕES SEM MEDO DE NÃO SER PROMOVIDO.
Estimado Chacate, este simples texto provoca algumas refelexões.É evidente que não vamos inverter a situação nem combater eficazmente a pobreza com os discursos demagógicos, precisamos de cometimento sério e acções concretas.
Penso que é indiscutível que o primeiro passo é termos consciencia que precisamos de mudar de mentalidade.
A sua pergunta faz muito sentido:
VAMOS A CABAR COM A POBREZA aceitando sem questionar os dogmas políticos?
A resposta só pode ser: NÃO!
Veja José, eu numa reunião de reflexão sobre o futuro da indústria Química e afins, houve uma descrição de exemplos que faliram e deixaram tabalhadores e suas famílias na sargeta, hoje os materiais gráficos dependendo do vulume lança-se concursos internacionais onde obviamente sempre ganha a RSA e outras empresas de fora do país! exemplo Ministérios da Educação, resposta do MPD "1-Há imposição por parte dos doadores; 2-os Trabalhadores devem lutar pela formação (INFP-MITRAB) de modo a serem polivalentes (concordo) mas isso salva a indústria moçambicana? quanto á pobreza mental, as dificuldades no licenciamento das actividades económicas são um déficit mental do executivo?
Manos falta políticas de desenvolvimento (infra-estruturas, meios sobretudo materiais) e menos corrupção só isso é que é a verdade nua...
Ilustre Chacate, gostaria de pensar que o caso pontual que relata seja apenas um caso isolado, mas no terreno sei que há imensas dificuldades.
Não há uma fórmula mágica para a situação ser invertida, mas o combate cerrado à corrupção e favoritismo, a mudança de mentalidade e a adopção de políticas sérias e exequíveis seriam medidas certas rumo ao desenvolvimento.
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