Tuesday 4 May 2010

Café Continental novamente em crise


O Restaurante e Café Continental, uma casa de pasto de referência na baixa da cidade de Maputo, está desde ontem novamente em crise.

Maputo, Terça-Feira, 4 de Maio de 2010:: Notícias

Duas semanas após a sua reabertura ao público, sob gerência de Manuel Pinto, primo de Pedro Pinto, conhecido como proprietário do imóvel, ontem o estabelecimento quase encerrou por ordem do tribunal que pretende executar uma providência cautelar de restituição provisória de posse a favor de Moshin Ibrahim. Este garante ter comprado o imóvel a Maria Helena, antiga esposa de Pedro Pinto, do qual está em processo de separação litigiosa.
O caso não foi para menos. Os 55 trabalhadores do Continental levantaram-se para inviabilizar a intenção dos oficiais de diligências da 5ª Secção do Tribunal Judicial da cidade de Maputo de investir o alegado novo proprietário do imóvel.
De apelos à necessidade de protecção dos seus postos de trabalho assegurados com a reabertura daquele restaurante e café, há apenas cerca de duas semanas, novamente ameaçados com a iminente mudança de direcção, o tom de vozes dos assalariados agudizou-se, tendo havido ameaças de agressão física contra os supostos novos donos e agentes da Polícia que se fizeram ao local com os mandatários judiciais. A confusão estava instalada.
Os trabalhadores diziam desconhecer Moshim Ibrahim, afirmando que para eles o proprietário do imóvel e da actividade é Manuel Pinto que, com uma procuração passada pelo dono, Pedro Pinto, reabriu o Continental após quase 10 meses de encerramento devido à penhora dos bens por ordem do tribunal, a favor de um dos antigos trabalhadores injustamente expulso. A expulsão de Obadias Langa deu-se na altura em que o restaurante e café estava sob gestão de Maria Helena, então esposa de Pedro Pinto.
A confusão de ontem foi tão intensa ao ponto de os oficiais de diligência do tribunal, os supostos novos donos do empreendimento, com o seu advogado Abdul Gani, o actual gestor, os trabalhadores e clientes Continental estarem na iminência de se agredir fisicamente.
Manuel Pinto, visivelmente agastado com o cenário, acusou Maria Helena de ter simulado a venda do imóvel, pois os documentos originais continuam em poder do seu primo, Pedro Pinto, razão pela qual aquele passou-lhe uma procuração com a qual reabriu o estabelecimento. Disse ainda que o não pagamento da indemnização a Obadias Langa foi propositado por parte da antiga gestora do Continental e constituiu um dos passos daquela para livrar-se do imóvel e da actividade.
Outra questão é o facto de Maria Helena, actualmente incontactável, e Moshim Ibrahim terem viajado ao distrito de Boane para fazerem a escritura pública ao invés de usarem a Conservatória de Registo Predial sita a cinco minutos do Continental.
Por sua vez, o suposto novo dono do local, que mostrou sérias dificuldades para falar à Imprensa, remetendo-nos ao seu advogado, garantiu ter comprado o imóvel a Maria Helena, mas salientou que, perdeu o contacto com aquela cidadã.
António Chaúque, oficial de diligências da 5ª secção, garantiu que a investidura dos novos proprietários ocorreu, embora Manuel Pinto se tenha recusado a assinar os documentos. Contudo, disse que o restaurante e café continuará a funcionar, devendo as partes comparecer ao tribunal nesta quinta-feira para se definir o novo rumo.

APONTAMENTO - Salvem-nos o Continental

HÁ Pouco mais de 10 dias após a sua “ressurreição”, uma forte ameaça de encerramento do Restaurante e Café Continental paira e cedo poderá consumar-se. A baixa da cidade de Maputo está na iminência de voltar a ficar sem uma casa de pasto, que é uma referência para os cidadãos que nas correrias do quotidiano pretendem tomar café, chá, beber água, comer um pastel ou outra coisa do género.

Maputo, Terça-Feira, 4 de Maio de 2010:: Notícias

O alarme é sério. Duas personalidades disputam a posse do imóvel. Por um lado, Manuel Pinto, primo de Pedro Pinto, cidadão que detinha o local até ao encerramento forçoso de há dez meses. Por outro, um ilustre desconhecido, Moshin Ibrahim, que não se sabe que negócios pretende instalar.
O primeiro possui uma procuração passada por Pedro Pinto que lhe atribui o direito de explorar o local e a actividade de sempre. O segundo garante ter comprado o imóvel a Maria Helena, antiga esposa de Pedro Pinto, um negócio cuja escritura pública foi estranhamente realizada no distrito de Boane, fora da cidade de Maputo, quando existe uma conservatória perto do Continental.
O Continental reabriu, como culminar de uma série de movimentações naquele sentido junto das autoridades da capital. Em nenhum momento acusou-se a suposta mudança de proprietário do imóvel. O local voltou a funcionar, reanimando os antigos utentes, que viam o ressurgir de uma casa que há meses lhes fazia falta.
Caso a alegada mudança de proprietário seja validada pela 5ª Secção do Tribunal Judicial da cidade de Maputo, os citadinos da capital poderão ter que esquecer que algum dia tomaram café no Continental, pois Moshin Ibrahim é apontado pelos trabalhadores do local como estando ligado ao grupo que comprou a lendária Pastelaria Scala e repartiu-a em cubículos de venda de roupa, dos quais um já fechou.
A confusão havida ontem é, ao que me parece, apenas um capítulo de uma novela, que poderá ter um triste fim não somente para os trabalhadores da pastelaria, mas para todos os utentes. Aos envolvidos no processo e aos decisores sobre a vida da capital, fica um apelo: salvem-nos o Continental.
José Chissano

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