Thursday 17 March 2011

Ser deputado da AR

NA verdade, ser deputado de um órgão legislativo como Assembleia da República de Moçambique, é uma grande honra e responsabilidade. Mas, mais do que isso é um grande ganho na vida, em termos de mordomias ou “tacho”, ainda num país pobre como o nosso, onde o peso insustentável da pobreza continua a flagelar a maioria. Num país que depende economicamente de outros países parceiros, que têm injectado fundos em apoio ao Orçamento do Estado.

Maputo, Quinta-Feira, 17 de Março de 2011:: Notícias

Entretanto, parece que alguns dos nossos ilustres deputados ainda continuam com a mente “nua”, no concerne à tomada de consciência profunda sobre as suas responsabilidades perante os seus eleitores e à valorização do seu estatuto. Sabemos que os nossos deputados são eleitos directamente através de um sistema de representação proporcional para mandato de cinco anos. É por isso que o voto do povo vale muito mais do que pensamos.
Ser deputado da Assembleia da República de Moçambique não é uma vitória que se conquista facilmente, pelo menos é esta percepção que se tem, por isso é que, às vezes, alguns políticos para terem essa oportunidade optam pela mudança de um partido para outro, isto é, a “prostituição” política e conseguem.
A luta pelo “tacho” na nossa Assembleia da República tem gerado grandes confusões ou lutas internas em todos os partidos políticos a ponto de haver cisões entre alas, principalmente para os representados naquele órgão legislativo moçambicano, embora sejam visíveis nalguns e invisíveis noutros, isso devido em parte à existência de artimanhas nesse processo. Diz-se que há casos em que se recorre a feitiçaria nos partidos para se conseguir lugar na Assembleia da República, sobretudo os suplentes que estão sempre à “espreita” que outro passe para o outro mundo.
Entende-se que haja outras razões complexas que fazem com que alguns moçambicanos optem por uma militância política que eles próprios entendem, mas isso não podia implicar que, por exemplo, quando um deputado de um partido político falecido por doença ou outra causa constituísse motivo de fortes disputas para a sua substituição.
Há bem pouco tempo a Assembleia da República de Moçambique perdeu um seu deputado, que era membro da Renamo que ao invés de se lamentar primeiro o seu desaparecimento físico, o seu colega do partido, que se diz que seria ele a ocupar o lugar deixado, por ser suplente imediato do finado, decidiu abandonar a Renamo, considerado-se injustiçado. Dizer que não se está contra ninguém, não se quer condenar ninguém, até porque em democracia cada um está livre de escolher ou filiar-se no partido que quiser, mas quer-se sim detestar esta aparente falta de seriedade nos partidos políticos em particular na Renamo, na tomada de certas decisões que retrocedem a nossa maturidade democrática.
É que já é tempo de a oposição parlamentar em particular a Renamo, deixar de manter-se envolto num véu de turbulência e agitação que em nada contribuem a sua maturidade política em prol do crescimento e consolidação da democracia, como é o caso vertente. Uma militância política feita sem o mínimo de escrúpulo e rigor aos fundamentos da sua existência como acontece nos nossos partidos políticos, com frequência na Renamo, pode, por conseguinte, adquirir outros contornos, não somente no seio dos seus deputados, como também no relacionamento entre todos os membros.
Só com uma militância política séria, responsável e consciente nos partidos é que teremos deputados apostados na resolução dos verdadeiros problemas que afligem o eleitorado. Teremos deputados da Assembleia da República preocupados com a vida do povo que os elegeu e que não só se preocupam com o seu “tacho”.

Mouzinho de Albuquerque

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