Tuesday 8 March 2011

Mais de 650 mil pessoas deixaram de visitar Moçambique entre 2009 e 2010

Turismo de lazer e férias e visita a familiares e amigos cai

As chegadas internacionais a Moçambique reduziram em 668 421 visitantes entre 2009 e 2010, de acordo com Indicadores de Referência na Área do Turismo, um documento disponibilizado ontem pelo sector. O número de pessoas que visitam o país caiu de  2 386 326 para 1 717 895 e refere-se, principalmente, ao turismo de lazer e férias, visita a familiares e amigos, entre outros tipos de visitantes.
Em 2009,  mais de um milhão de pessoas escalou Moçambique para lazer e férias, número que veio a cair para 405 mil no ano seguinte. Ao mesmo tempo, o número de viajantes a Moçambique com o objectivo de visitar familiares e amigos reduziu em 400 mil pessoas. Mas não só: outros tipos de turistas também deixaram de vir ao país.
Os dados do Ministério do Turismo indicam que o segmento de outros visantes verificou uma quebra de 83,7%, saindo de 724 mil visitantes para 118 mil. Os turistas que deixaram de vir a Moçambique são, maioritariamente, do Zimbabwe, África do Sul, Suazilândia, Portugal, Reino Unido e Alemanha. Por exemplo, o número de visitantes portugueses caiu 69,7%, o que representa uma queda de 85 mil para 25 mil entre 2009 e 2010. Já as chegadas internacionais a partir do Zimbabwe reduziram 84,8% e as alemãs 45,9%.
Do lado zimbabweno, cerca de 700 mil pessoas não escalaram Moçambique e do da Alemanha verificou-se uma descida de 20 mil visitantes.
O ministro do Turismo, Fernando Sumbana, reage aos números, afirmando que os dados são preliminares e servem para a gestão interna. Diz Fernando Sumbana que dos contactos havidos com os operadores da área tinha-se a percepção de que o desempenho seria bom. “Normalmente, logo no princípio do ano, há províncias que demoram entregar os dados. A acontecer a redução teria que ser só em Dezembro e os números de Dezembro saem agora. Vamos observar e ver o que está a acontecer”, afirmou. Questionado se as manifestações de 5 de Fevereiro de 2008 e 1 e 2 de Setembro de 2010, assim como a crise financeira internacional não estariam por detrás da quebra da actividade turística, o ministro concordou. Disse que a crise financeira internacional “teve um impacto grande e as manifestações poderão ter tido impacto no curto prazo”. Fernando Sumbana entende que os turistas que planeavam viajar para Moçambique nos dias em que ocorreram as manifestações e pouco depois do fenómeno adiaram-na, por razões de segurança. Mas afirma que a situação não abalou a actividade e acrescenta que nos eventos internacionais que a instituição participa nota-se que o ambiente “continua a ser bom”, sobretudo nos países vizinhos. As manifestações de 5 de Fevereiro de 2008 e 1  e 2 de Setembro de 2010 resultaram na morte de mais de 20 pessoas, danos materiais vários a propriedade privada e pública, entre viaturas, estradas, entre outros.

Contudo, receita cresce

Apesar da redução do número de viajantes que entraram em Moçambique, as receitas arrecadas no sector cresceram 0,9%, passando de 195,6 milhões de dólares norte-americanos para 197,3 milhões. Aliás, as receitas sempre subiram desde 2005 a esta parte na área de turismo. Entre 2005 e 2010 calcula-se que o encaixe tenha tido subida de quase 70 milhões de dólares.

Gastos com turismo

Em cada quatro dias, os turistas gastaram em média 4 688 meticais em 2008, mais ou menos dois salários mínimos, indicam ainda os Indicadores de Referência na Área do Turismo. Dados mais actualizados, processados em 2010, indicam que em sete dias os turistas aplicam 9 490 meticais.

Boaventura Mucipo, O País

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