É arrepiante lembrar esta frase de Samora Machel ao mesmo tempo que acompanhamos, através dos órgãos de informação, o julgamento do chamado Caso Aeroportos de Moçambique.
Com o seu profundo conhecimento da natureza humana ele previu, e tentou evitar, que iriam acontecer coisas como estas que estão agora a ser reveladas no tribunal da cidade.
E como inúmeras outras, iguais ou piores, que devem estar a acontecer em muitos dos outros ministérios e empresas públicas.
Também por isso o mataram.
Porque a sociedade que ele defendia era o oposto desta em que hoje vivemos, embora o partido no Poder tenha o mesmo nome e a maioria dos seus dirigentes também tenham os mesmos nomes dos do tempo de Samora.
Mas quem vai reconhecer nos obesos líderes que nos aparecem pela frente aquela equipa magra e dinâmica que parecia só viver para a Revolução, para o bem do povo?
Nos dias que correm, a maioria deles já não trabalha para o bem do povo. Trabalha, com enorme energia, para se apropriar dos bens desse mesmo povo. Trabalha para tornar seu, pessoal, aquilo que é colectivo, de todos.
Por isso se constroem tantas mansões de luxo e nenhum bairro económico para pessoas de rendimentos limitados.
Seria assim se as ideias de Samora tivessem triunfado?
Mas as ideias, por si sós, não mudam nada. É preciso que haja gente que as faça suas e lute por elas. E, lamentavelmente, aqueles que pareciam dispostos a travar essa luta, traíram completamente as ideias de Samora. Em vez do socialismo que ele pretendia construir, arrastaram-nos para este capitalismo selvagem e corrupto. Para esta luta pela riqueza e pelo luxo em que vale tudo e não há o mínimo pudor.
Entre os réus do actual julgamento, a regra era acumular bens e distribuir favores. Quanto mais bens, melhor.
Quanto mais alargada a rede dos favores mais se esperava vir a ganhar com isso.
E, tudo leva a acreditar, este caso veio ao de cima porque houve um dos envolvidos que foi despedido e substituído por outro, rompendo-se, assim, a rede do lucro em silêncio. Acabado o lucro acabou-se também o silêncio e soaram as trombetas da denúncia.
Foi a velha frase virada ao contrário: Uma mão suja a outra.
Pagando sempre o seu tributo a quem manda: ao Ministro, isto é ao Governo, e à Frelimo, que foi quem nomeou o Governo.
E, por falar em Frelimo, estou com curiosidade de saber se vão ser chamados ao tribunal os seus dirigentes envolvidos nestas traficâncias. O que recebeu o cheque e o que pediu que a empresa dos Aeroportos pagasse as obras de reabilitação da Escola do Partido.
E o que irá acontecer se o tribunal der como provadas estas traficâncias? O que é provável que aconteça pois os réus estão a confessar que as fizeram.
Será que vamos assistir a Frelimo a ser condenada a devolver o dinheiro ilicitamente recebido?
Seria um momento histórico neste nosso país.
A ver vamos.
Pelo sim, pelo não, creio que seria bom reforçar a segurança do juiz do caso, não vá o Diabo tecê-las. E com gente de confiança, que já se assistiu, por esse mundo fora, a guarda-costas que acabaram por enfiar facas nessas mesmas costas que eram supostos guardar...
E fiquemos à espera que novos erros tácticos façam soar novas trombetas, por enquanto silenciosas.
Com o seu profundo conhecimento da natureza humana ele previu, e tentou evitar, que iriam acontecer coisas como estas que estão agora a ser reveladas no tribunal da cidade.
E como inúmeras outras, iguais ou piores, que devem estar a acontecer em muitos dos outros ministérios e empresas públicas.
Também por isso o mataram.
Porque a sociedade que ele defendia era o oposto desta em que hoje vivemos, embora o partido no Poder tenha o mesmo nome e a maioria dos seus dirigentes também tenham os mesmos nomes dos do tempo de Samora.
Mas quem vai reconhecer nos obesos líderes que nos aparecem pela frente aquela equipa magra e dinâmica que parecia só viver para a Revolução, para o bem do povo?
Nos dias que correm, a maioria deles já não trabalha para o bem do povo. Trabalha, com enorme energia, para se apropriar dos bens desse mesmo povo. Trabalha para tornar seu, pessoal, aquilo que é colectivo, de todos.
Por isso se constroem tantas mansões de luxo e nenhum bairro económico para pessoas de rendimentos limitados.
Seria assim se as ideias de Samora tivessem triunfado?
Mas as ideias, por si sós, não mudam nada. É preciso que haja gente que as faça suas e lute por elas. E, lamentavelmente, aqueles que pareciam dispostos a travar essa luta, traíram completamente as ideias de Samora. Em vez do socialismo que ele pretendia construir, arrastaram-nos para este capitalismo selvagem e corrupto. Para esta luta pela riqueza e pelo luxo em que vale tudo e não há o mínimo pudor.
Entre os réus do actual julgamento, a regra era acumular bens e distribuir favores. Quanto mais bens, melhor.
Quanto mais alargada a rede dos favores mais se esperava vir a ganhar com isso.
E, tudo leva a acreditar, este caso veio ao de cima porque houve um dos envolvidos que foi despedido e substituído por outro, rompendo-se, assim, a rede do lucro em silêncio. Acabado o lucro acabou-se também o silêncio e soaram as trombetas da denúncia.
Foi a velha frase virada ao contrário: Uma mão suja a outra.
Pagando sempre o seu tributo a quem manda: ao Ministro, isto é ao Governo, e à Frelimo, que foi quem nomeou o Governo.
E, por falar em Frelimo, estou com curiosidade de saber se vão ser chamados ao tribunal os seus dirigentes envolvidos nestas traficâncias. O que recebeu o cheque e o que pediu que a empresa dos Aeroportos pagasse as obras de reabilitação da Escola do Partido.
E o que irá acontecer se o tribunal der como provadas estas traficâncias? O que é provável que aconteça pois os réus estão a confessar que as fizeram.
Será que vamos assistir a Frelimo a ser condenada a devolver o dinheiro ilicitamente recebido?
Seria um momento histórico neste nosso país.
A ver vamos.
Pelo sim, pelo não, creio que seria bom reforçar a segurança do juiz do caso, não vá o Diabo tecê-las. E com gente de confiança, que já se assistiu, por esse mundo fora, a guarda-costas que acabaram por enfiar facas nessas mesmas costas que eram supostos guardar...
E fiquemos à espera que novos erros tácticos façam soar novas trombetas, por enquanto silenciosas.
Machado da Graça, SAVANA – 27.11.2009
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