Thursday 6 March 2014

Nesta quarta-feira Governo e Renamo discutiram plano de cessar-fogo


Maputo (Canalmoz) – Enquanto na frente militar os ataques o diálogo é feito com armas, na frente política o Governo e a Renamo, reunidos nesta quarta-feira, 5 de Fevereiro, na 41ª. ronda de negociações, anunciaram terem discutido aspectos relacionados com o cessar-fogo.
Nesta ronda não houve a habitual conferência de ...Imprensa, por imposição do Governo que não queria a presença da comunicação social, senão da Rádio Moçambique e da Televisão de Moçambique.
Contudo a Imprensa acabou comunicando-se e marcou presença. Mas em declarações no final do encontro o deputado Saimone Macuiana, chefe da delegação da Renamo às negociações com o Governo, disse que as partes ainda não discutiram nada sobre o ponto dois da agenda que se refere às Forças de Defesa e Segurança, mas, sim, a Renamo colocou em cima da mesa três aspectos, nomeadamente sobre as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), Polícia/FIR e os Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE).
"O que estamos a discutir é o cessar-fogo. Chegamos à conclusão que era fundamental termos, primeiro, o cessar-fogo a nível nacional para permitir que as partes trabalhem com maior tranquilidade de consciência", disse Saimone Macuiana.
Contudo, a Renamo, segundo Macuiana, colocou igualmente em cima da mesa outras questões relacionadas com um eventual cessar-fogo, sobretudo as garantias de que todos os militantes deste partido, uma vez alcançado o fim das hostilidades não seriam perseguidos ou presos por razões políticas.
"Nós colocamos também questões que estão relacionadas com o cessar-fogo, que tem a ver exactamente com garantias de todos os militantes da Renamo, no sentido de que, uma vez alcançado o cessar-fogo, haja um espaço político livre para todos os moçambicanos. Devemos dizer que ao chegarmos à situação de cessar-fogo deve estar claro que não haverá em Moçambique, por exemplo, detidos ou presos por razões políticas idênticas as que aconteceram depois dos Acordos Gerais de Paz", afirmou Macuiana.
A Renamo defende que as partes devem continuar a procurar as falhas que houve depois do AGP, para termos uma paz duradoura.
"A comunidade internacional tem uma palavra e poderá ajudar os irmãos moçambicanos no alcance de soluções duradouras", concluiu a fonte.


Governo exige desarmamento da Renamo


Igualmente em declarações à Imprensa quando interpelado à saída do encontro, José Pacheco, ministro da Agricultura e chefe da delegação do Governo, disse que na ronda da quarta-feira as partes acordaram o princípio de cessação dos ataques.
"Estamos a tratar dos mecanismos para exactamente pararmos com os ataques, até ao desarmamento da Renamo", afirmou o ministro Pacheco, explicando que "isso está a ocorrer com muita cordialidade e penso que vamos alcançar resultados".
A fonte precisou que a construção dos mecanismos inclui também a calendarização do cessar-fogo, desarmamento e outros pressupostos.
Questionado sobre a exigência da Renamo da presença da comunidade internacional como condição para o cessar-fogo e desarmamento dos seus homens, o chefe da delegação governamental disse que "neste momento a tendência é de avançarmos no tratamento deste assunto a nível doméstico e para já esperamos que não haja imposições".
A 41ª. ronda das negociações contou, para além das partes, com a presença dos mediadores nacionais e peritos em assuntos militares e de defesa e segurança de ambos os lados em contenda.
José Pacheco acusou, implicitamente, a Renamo de estar dividida em três partes, afirmando que "esta Renamo, que está no diálogo com o Governo, está a tratar de mecanismos para exactamente pararmos com os ataques, também pensamos que a Renamo que está na Assembleia da República está a trabalhar bem; mas temos uma Renamo que na segunda-feira atacou um carro da Polícia que ia fazer os reabastecimentos logísticos".
Para justificar os ataques ocorridos nesta quarta-feira sobre as posições da Renamo na Gorongosa e Inhaminga, Pacheco disse que "as nossas Forças de Defesa e Segurança defenderam-se e estão a perseguir os que atacaram o carro da Polícia, mas não sabemos o que está a acontecer no campo de batalha".



(Bernardo Álvaro, Canalmoz)

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