Thursday 13 March 2014

Chega de enrolar e arrastar um processo sobejamente conhecido…



Beira (Canalmoz) - Moçambique não se pode dar ao luxo de vacilar sobre uma questão de vida e de morte.
A morte de inocentes e de soldados e guerrilheiros já está a acontecer a níveis não equacionados até a bem pouco tempo.
As contas ou suposições de alguns analistas apontavam para recuos ou desmoronamento de posições da Renamo face à indiscutível musculatura do governo.
Isso foi abraçado como caminho a seguir e única via de certas pessoas manterem-se no poder.
A fórmula de Putin não colheu consensos. A via angolana também chamada de savimbização tornou-se um bico-de-obra de implementação problemática tendo provavelmente sido abandonada.
Ainda se combate em alguns teatros operacionais mas sem mostras claras de se poder vencer militarmente.
Quando surgem sinais de haveria vontade de começar a discutir o dossier de uma força internacional de interposição para garantir o cumprimento de um cessar-fogo ainda por ser assinado, importa analisar o real significado de tudo isso.
Será que tudo está relacionado com o desfecho da reunião do CC da Frelimo?
Uma vez garantida uma fórmula endógena de continuação ou manutenção do poder, por via dos estatutos da Frelimo, partindo da hipótese de que o seu candidato da Frelimo às presidenciais sairá vencedor, já não há razão para não assinar um novo AGP.
A condição que será o financiamento externo de toda a operação.
Será finalmente verdade que a teimosia doentia de alguns ficará no seu devido lugar?
Na verdade, o que alguns moçambicanos detentores do poder hoje desejam e ao mesmo tempo receiam é verem suas posições diluídas e seus pequenos impérios ameaçados por uma nova correlação de forças.
Os que se digladiam internamente, na Frelimo, é por espaço vital que viram desparecendo com a emergência de AEG como todo-poderoso PR e presidente da Frelimo.
Se não fosse, isso teríamos uma Frelimo mais coesa e mais afinada para disputar eleições sem receios maiores.
Numa situação de clara descida no panorama político nacional, derrotas militares e eleitorais de vulto alguém está a jogar a bola dos culpados por esses insucessos.
As alas desmentidas e agora claramente existentes aos olhos de todos são produto de um processo longo e sinuoso.
Quem pensava que havia algo de diferença ideológica deve reconhecer que se enganou.
O poder em si excludente tem sido a bitola do jogo político em Moçambique.
Aos moçambicanos interessa que se encontra um desfecho que traga esperança de um efectivo calar das armas
Inconsequência militar e alianças de velhos “camaradas” que também não resultam em nada satisfatório para as hostes governamentais, devem estar levando a uma mudança de posicionamento estratégico.
É preciso convencer politicamente que não se irá entrar numa “caça às bruxas”. Corrigir erros e excessos será feito dentro das leis do país e os que se conformarem com a sua existência não terão nada a temer.
Nos aspectos económicos haverá que introduzir seriedade e responsabilização na gestão dos recursos naturais do país nem que se tenha que convidar as multinacionais que pululam no país a renegociar os megaprojectos. Afinal isso faz parte da defesa da tão apregoada soberania.
Recuperar a dignidade de todo um povo e abandonar fórmulas populistas de Unidade Nacional que não se sente nem se vive é um trabalho enorme que terá que ser perseguido com vigor e transparência.
Não se trata de ceder ou de acomodar algo que não se conheça.
O que está na mesa no Centro de Conferências Joaquim Chissano são dossiers conhecidos e já explorados mas não concluídos. Não se pode antever dificuldade entre interlocutores que já estão encostados às laterais do campo.
Há que acelerar tudo o que estão a fazer, com responsabilidade, consequência e sentido patriótico.
O tempo é de engajamento construtivo envolvendo parceiros internos e externos.
De uma maneira célere é possível trazer as chancelarias internacionais, ONU, EU, UA para Maputo e delinear a única saída que interessa aos moçambicanos, PAZ, estabilidade e desenvolvimento.
Ninguém sairá a perder. O único vencedor será o povo moçambicano.
Aos políticos que tiverem essa coragem e rigor todos saberemos agradecer, honrar e recordar com letras de ouro nos livros da nossa história.
Tragam-nos o cessar-fogo!



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

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