Tuesday 10 December 2013

Obama e Raul Castro entre oradores em homenagem a Mandela

Maputo (Canalmoz) – Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raul Castro, estão entre os oradores na homenagem fúnebre a Nelson Mandela, em Joanesburgo, hoje terça-feira, numa cerimónia que vai ser transmitida em directo para todo o mundo.
Cerca de uma centena de chefes de Estado e de governo vão prescindir temporariamente das suas divergências e participar lado a lado no tributo ao líder da luta anti-apartheid e "pai da nação" sul-africana, que morreu na quinta-feira aos 95 anos.
De acordo com o programa oficial divulgado esta segunda-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, um amigo, diversas crianças e o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, também vão usar da palavra para celebrar a memória do primeiro presidente negro da história do país.
A cerimónia vai decorrer entre as 11 horas e as 15 horas (9 horas e 13:00 horas, em Portugal continental), no imenso estádio Soccer City de Soweto, a sul de Joanesburgo, onde Nelson Mandela protagonizou a sua última aparição pública em 2010, na final do campeonato do mundo de futebol.
Esta segunda-feira, as primeiras delegações estrangeiras começaram a chegar a Joanesburgo enquanto as autoridades ultimam os preparativos logísticos e de segurança, com dezenas de milhares de polícias e 11 mil soldados mobilizados para locais estratégicos.
A África do Sul pretende oferecer ao seu símbolo máximo funerais à medida da sua estatura. Para além do estádio Soccer City, três outros estádios de Joanesburgo vão ser abertos à população para a transmissão da cerimónia num ecrã gigante, estando ainda previstos 150 locais de transmissão dispersos por todo o território do imenso país da África austral.
Na tarde de ontem, o parlamento sul-africano reuniu-se em sessão extraordinária na cidade do Cabo para homenagear o homem que negociou o fim do regime segregacionista com a liderança branca e evitou uma guerra civil.
Entre os convidados presentes na cerimónia, o mundo lusófono estará representado pelo Presidente da República, Armando Guebuza, presidente de Portugal Aníbal Cavaco Silva, pela Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, pelo vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.
Cabo Verde será representado pelo Presidente Jorge Carlos Fonseca, à semelhança de São Tomé e Príncipe, com a presença de Manuel Pinto da Costa. O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, também já confirmou a deslocação a Joanesburgo, enquanto as autoridades da Guiné-Bissau ainda não confirmaram o envio de um responsável oficial.


Garantida presença de celebridades


Além dos chefes de Estado ou de Governo de dezenas de países, são também vários os nomes de celebridades que vão marcar presença nas cerimónias fúnebres do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela.
Bill Gates, Oprah Winfrey, Richard Branson, Peter Gabriel, Naomi Campbell e Bono são os nomes até agora conhecidos de acordo com o Guardian, que diz também que a família real britânica será representada pelo príncipe Carlos e a rainha estará ausente por aos 87 anos estar desaconselhada a fazer voos tão longos. A homenagem a Nelson Mandela conta ainda com dois mil jornalistas de todo o mundo.
De fora, e com uma justificação que está a gerar alguma polémica, ficará o primeiro-ministro checo, que disse que tinha um almoço. O problema é que Jiri Rusnok foi gravado numa conversa que julgava privada, no Parlamento, a dizer ao ministro da Defesa: “Espero que o Presidente vá no meu lugar. A ideia de ir dá-me calafrios”.
O Presidente norte-americano Barack Obama e a sua mulher Michelle vão estar acompanhados por três ex-presidentes dos EUA, Jimmy Carter, George W. Bush e Bill Clinton (que viaja com a sua mulher Hillary Clinton, antiga Secretária de Estado). Já Dilma Rousseff vai fazer-se acompanhar pelos seus quatro antecessores: José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula Da Silva.
A delegação britânica também impressiona. O primeiro-ministro David Cameron estará ao lado do vice-primeiro-ministro Nick Clegg, bem como do líder da oposição trabalhista, Ed Miliband e os ex-primeiros-ministros John Major, Tony Blair e Gordon Brown. O Príncipe Carlos não vai ao estádio mas estará presente no funeral de Mandela, na aldeia de Qunu, no dia 15.
De França, embora viajando em aviões separados, o Presidente François Hollande e o seu antecessor, Nicolas Sarkozy também vão estar presentes no Soccer City.
No domingo já se tinha ficado a saber que Dalai Lama não estará entre os presentes. O seu porta-voz anunciou que não faz tenção de ir. Embora não tenha avançado pormenores, não será por falta de vontade, mas por recear uma terceira recusa de visto pelas autoridades sul-africanas.
Foi em 2009 que pela primeira vez o Dalai Lama viu o seu pedido de visto para entrar na África do Sul recusado: tinha sido convidado por Mandela e por Frederik Willem de Klerk – o ex-presidente sul-africano que também recebeu o Nobel da Paz em 1993, juntamente com Mandela –, bem como pelo arcebispo anglicano Desmond Tutu (outro Nobel da Paz, em 1984), para participar numa conferência sobre a paz em Joanesburgo, organizada pela Liga Nacional de Futebol. Em Outubro de 2011, viu recusado o seu pedido novamente, quando foi convidado para a festa dos 80 anos de Desmond Tutu, outro herói da luta anti-apartheid, na Cidade do Cabo.
A África do Sul decretou uma semana de luto após a morte, na quinta-feira, aos 95 anos, do líder da luta anti-apartheid. Domingo foi um dia nacional de recolhimento e reflexão, em que o Presidente Jacob Zuma apelou aos seus compatriotas para que vivam "em unidade, para que estejamos unidos como uma só nação arco-íris”. Mas na nação arco-íris o peso da China, importante parceiro económico e diplomático, tem fechado as portas ao Dalai Lama. A China tenta limitar as deslocações do líder espiritual tibetano, avisando os Governos estrangeiros sobre as consequências para as suas relações bilaterais se lhe abrirem as portas.
Foi em 2004 que os dois homens se encontraram pela última vez. Quando Nelson Mandela morreu, na passada quinta-feira, o Dalai Lama declarou ter sofrido uma “perda pessoal”: “Era um amigo querido, que ainda esperava rever e por quem tinha uma grande admiração e um grande respeito”. Mas o seu porta-voz disse à AFP que “ele não está a pensar ir” ao funeral, sem adiantar mais explicações. Para bom entendedor, no entanto, meia palavra basta.
Os sul-africanos continuam entretanto a recordar Madiba e a celebrar a sua vida. Na Igreja de Regina Mundi, no bairro do Soweto, centenas de pessoas assistiram à missa ontem. A “igreja do povo”, como é conhecida, é um local especial: foi lá que decorreram muitas reuniões dos movimentos anti-apartheid. Hoje, a memória desses tempos está eternizada nos vitrais, onde Mandela aparece a discursar perante um mar de mãos, tal como no dia da sua libertação, em 1990.
Não muito longe, também no Soweto, o bispo Mosa Sono emocionava os milhares de pessoas ao dizer “graças a Deus por Madiba”, enquanto a cara de Nelson Mandela aparecia num grande ecrã.
Em Joanesburgo, a igreja metodista de Bryanston recebeu o Presidente, Jacob Zuma, e familiares de Mandela, incluindo a sua ex-mulher, Winnie. “Devemos orar para não esquecer certos valores que Madiba defendeu, pelos quais lutou, pelos quais sacrificou a sua vida”, declarou Zuma. “Ele levantou-se pela liberdade, ele lutou contra aqueles que oprimiam os outros. Ele queria que todos fossem livres”, acrescentou.



(Redacção/JN/Público)

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