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Domingos Talapua, um dos sobreviventes da operação macabra, conta que foram recolhidos para as celas do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, na manhã de terça-feira, após terem sido surpeendidos por um grupo de membros do policiamento comunitário, em Mogovolas, a praticar caça furtiva.
Os cinco indivíduos eram chefes de família e residiam na vila sede do distrito de Mogovolas, na região sul da província de Nampula.
O sobrevivente conta que, depois de vários interrogatórios, foram de imediato encaminhados para o posto policial de Iuluti, onde permaneceram encarcerados durante a noite de terça-feira. No dia seguinte, foram transferidos para as celas do Comando da PRM na cidade de Nampula.
Talapua explica ainda que na madrugada desta quinta-feira (5), foram levados ao povoado de Nthipuehi em Murrupula, onde quatro deles foram vedados os olhos e baleados a queima roupa, tendo resultado na morte de três indivíduos.
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Talapua diz que, desde o dia em que foram recolhidos para as celas, em nenhum momento foram explicados as reais causas da detenção, que culminou com execução sumária.
@Verdade contactou as autoridades comunitárias do povoado de Nthipuehi para ouvir a sua versão dos últimos acontecimentos que deixaram aquela circunscrição geográfica do distrito de Murrupula apreensiva. Sirilo Nihawa, líder comunitário daquele povoado, fez saber que "a população foi surpreendida com o barulho de tiros" e, por via disso, "uma parte optou por procurar refúgio para as matas" alegando tratar-se de um eventual ataque à região. Depois que o dia clareou, conta, os líderes do povoado dirigiram-se ao local dos tiros. Qual não foi o espanto quando se depararam com quatro corpos prostrados no solo. "Pensávamos que estavam todos mortos, mas quando nós aproximamos percebemos que pelo menos um tinha sobrevivido", referiu.
Acrescenta: “ criamos uma equipa que se deslocou a sede da localidade a fim de comunicar a ocorrência aos responsáveis da localidade e ao posto policial, eles reuniram-se a porta fechada. Volvidos duas horas, disseram que devíamos enterrar os mortos numa vala comum e dar água ao que sobreviveu para perder a vida".
Os líderes comunitários, contam, descordaram da decisão e optaram por comunicar aos familiares das vítimas. Refira-se que os contactos telefónicos foram fornecidos pelo sobrevivente. Na opinião da população local, os indivíduos alegadamente mortos por elementos da FIR não eram membros da Renamo. "Este é um pobre inocente", concluiu Nihawa.
Depois deste episódio que teve, acidentalmente, um sobrevivente o medo é a imagem de marca dos cidadãos daquele povoado paupérrimo encrustrado no coração de Murrupula. Timidamente, a população exige justiça e teme que qualquer um possa ser vítima do excesso de zelo dos agentes da polícia. "Qualquer um pode ser vítima", sintetizou um idoso inconformado.
O motorista de um camião carregado de estacas teve a benevolência de levar o homem ferido para uma unidade hospitalar. Essa é, diga-se, a crença dos locais. A equipa do @Verdade contactou o banco de socorros do Hospital Central de Nampula e ninguém confirma a entrada de um cidadão vítima das balas de uma arma de fogo.
Refira-se que este cenário testemunhado pelo @Verdade vem dar cobro à denúncia da Liga dos Direitos Humanos referente ao fuzilamento de cidadãos tidos como homens da Renamo.
A Verdade
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