Sunday 1 December 2013

Militante da Frelimo acusada de ser portadora de votos falsos

Escola de Mutauanha, em Nampula



Yolanda Dambi (na imagem) diz ser jornalista da Rádio Índico


Nampula (Canalmoz) – A militante do Partido Frelimo, Yolanda Dambi, fazendo-se passar por jornalista da Rádio Índico, acaba de ser o centro de um incidente grave durante o processo de votação para eleição do presidente da edilidade e da respectiva assembleia municipal, na Escola Primária Completa de Mutauanha, em Nampula. Eleitores do bairro com o mesmo nome, que mantinham um cerrado controlo àquele aglomerado de assembleias de voto, desconfiaram de que ela era portadora de “votos falsos” na viatura que conduzia, um ligeiro Toyota Rav4 com a chapa de matrícula MMS-83-82. Em consequência impediram-na de sair do local enquanto a viatura não fosse revistada.
Yolanda estava acompanhada de outros cidadãos não identificados que entretanto se puseram em fuga.
Yolanda Dambi foi forçada a abandonar a viatura e levada para uma zona segura dentro do perímetro da Escola Primária Completa de Mutauanha. Ficou mais de uma hora protegida pela Policia de Protecção enquanto os eleitores insistiam que queriam que fosse revistado o interior da viatura.
A Policia assegurou que a viatura ficasse fechada e trancada enquanto o problema era analisado.
Yolanda Dambi, ainda dentro do recinto da escola disse à nossa Reportagem que era jornalista da Rádio Índico.
A Rádio Índico é uma estação emissora do partido Frelimo.
Cerca de hora e meia depois a polícia aproximou-se da viatura de Yolanda e abriu a porta do lado do condutor tendo-se ouvido de imediato manifestações efusivas de alegria dos presentes, por se ter constatado que debaixo do banco estavam realmente “votos falsos”. Esses tais “votos”, no entanto, não foram retirados e a policia voltou a fechar a porta.
Depois disso começaram a juntar-se no local mais efectivos de policia, sem que no entanto tenha havido qualquer distúrbio que o justificasse.
Não tendo sido disparados tiros, nem tendo havido qualquer excesso de zelo por parte da Policia, acabaria, no entanto, por suceder o que menos se podia esperar. Yolanda Dambi meteu-se no carro e fugiu. Foi seguida por cidadãos enfurecidos e também, logo a seguir, por uma viatura de patrulha da PRM. Meteu-se num beco sem saída e voltou a ser cercada pelos eleitores indignados, que no entanto não a agredirem nem molestaram a viatura. Passados alguns minutos, a viatura de Yolanda Dambi aparece conduzida já por um agente da Policia, em alta velocidade, seguida pela viatura de patrulha e desapareceu sob alegação que iria para a Primeira Esquadra ou Comando Provincial da PRM.
A nossa Reportagem foi a ambos os locais indicados pela Polcia e a viatura de Yolanda não se encontrava em qualquer deles. Andou não se sabe por onde.
Mais de uma hora depois apareceram, finalmente, ela na Primeira Esquadra, e a viatura Toyota Rav4, com a matrícula MMS-83-82, no Comando Provincial da PRM.
Na Primeira Esquadra Yolanda Dambi ouvida pelo Canalmoz. Negou as acusações que pesam sobre ela.
Miguel Bartolomeu, porta-voz do Comando Provincial da PRM em Nampula, não confirmou nem negou a existência dos tais papéis de votos no carro de Yolanda Dambi. Adiantou apenas que “uma equipa multissectorial está a ser constituída para apurar a veracidade dos factos”.
No local da ocorrência estavam presentes vários observadores nacionais e internacionais que acompanharam tudo e até filmaram e fotografaram.
Na escola, os cidadãos que acusaram Yolanda Dambi acusavam também a Policia de ser cúmplice e conivente com o partido Frelimo.
Enquanto o episódio em torno de Yolanda se desenrolava nas assembleias de voto da Escola Primária Completa de Mutauanha, a votação prosseguiu sem sobressaltos.
Na imagem que ilustra esta notícia vê-se Yolanda Dambi vestida a rigor com propaganda do Partido Frelimo, durante a campanha eleitoral do candidato Adolfo Absalão Siueia e da Frelimo.
Ao ouvirmos Yolanda Dambi ainda na escola solicitamos-lhe que se quisesse nos mostrasse o crachá de IMPRENSA emitido pelo STAE. Disse-nos que na fuga o tinha perdido. (Fernando Veloso e Aunício da Silva, em Nampula)

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