Thursday 9 April 2009

Ruidosos ao ataque!

É habitual ouvir, com destaque das camadas jovens da Frelimo, dizer que a Renamo não é uma oposição credível. Contam proezas da guerra de libertação melhor que os mais velhos. Falam de atrocidades da Renamo como se tivessem participado dos exércitos em guerra. Quando das duas guerras, os mais ruidosos ainda não eram nascidos, outros andavam em fraldas, mas, extrapolam factos históricos. Esperava-se deles discursos racionais e conciliatórios, porém, são uns bota-fogo e os mais barulhentos.
Não fazem barulho os generais Alberto Chipande, Hama Thai, apesar de conhecedores da história dessas guerras. O chefe da bancada da Frelimo, Manuel Tomé, diz que a Renamo não é credível. O chefe de propaganda da Frelimo, Edson Macuácua, diz que MDM é atípico e deve ser reduzido à sua insignificância, construído,(...), por desertores politicos movidos por uma ideologia do ódio e vingança, Notícias, pp. 03, de 17.03.09.
Ideologia do ódio e da vingança, contra quem? Seria contra Afonso Dhlakama, se o MDM fosse de Daviz Simango. Seria contra dirigentes da Frelimo que ordenaram execuções extra-judiciais a prisioneiros políticos, desterraram objectores de consciência, mataram inocentes, quando o País já era independente. Parece que a Frelimo tem medo da verdade.
Macuácua diz que logo após a sua constituição, (do MDM) os seus líderes trataram de viajar para a Europa a fim de se apresentarem aos seus aliados, ao invés de o fazerem nas províncias, distritos e localidades. Nem todos são como a Renamo improvisada ou Oposição Construtiva, que lhe presta vassalagem. O MDM não tem acesso aos fundos do Estado furtados das instituições públicas, como faz a Frelimo.
Andam Sérgio Vieira, em Tete, e Edson Macuácua livres, na Beira sem ninguém lhes exigir guias de marcha ou situação militar regularizada. Onde estão o ódio e vingança? Apesar de os carrascos terem ferido, de forma grave, o coração do povo, vivem em paz. De que temem? Das suas cabeças?
Em que ciência se ensina a ideologia do ódio e da vingança? De que génese patológica fala Macuácua? Quem procura apoios para vencer as eleições, não sofre de patologia, mas, quem vender, para benefício próprio, o património da instituição a que pertence, como, por exemplo, a OJM, é, gravemente, patológico e atípico.
A Frelimo quer fantoches. Anda atrapalhada com o MDM porque demonstra que deseja o poder de Estado. Deseja algo como Renamo dorminhoca, improvisadora e em permanente lutas intestinais. Uma oposição construtiva que, em comícios, grita vivas a Frelimo. Entre as mentiras da Frelimo e as sonecas do partido Renamo, o MDM é a luz da esperança.
Fernando Mbararno, que mentiu ao seu líder, após receber taco da Frelimo, como uma vez confessou Faque Fararia, em entrevista à stv 19.03.2009, afirmou que o MDM é uma criação da Frelimo. Mbararano é um dos responsáveis pelo desmoronamento da Renamo, em Sofala, e não só. Teria que se cobrir de vergonha e evitar expor-se ao público.


( Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax, com data de 01-o4-09 )

7 comments:

Shirangano said...

Caro José,
Lendo minunsiosamente as suas postagens, percebo de forma lúcida que es uma pessoa preocupada com a saúde política desta nação e não se conforma com a impunidade fantasiada de partido político que luta pela unidade do povo moçambicano.

Reparei também que o seu blogue apoio Daviz Simango, e deves ter lá os seus motivos que não pretendo aqui questionar. Mas se há algo que me alegra é saber que existe pessoas que lutam incansavelmente para o bem-estar desta nação que está cada vez mais partidarizada.

Eu particularmente não me simpatizo com nenhum partido político neste país, e muito menos fora do país, devido à ausência de um ideário, um projecto e um programa político salutar.

O comportamento das bases, dos militantes e dos quadros dos partidos moçambicanos no geral, e a Frelimo e a Renamo em particular, é uma demonstração cabal de como os nossos lideres estão mergulhandos numa letargia profunda.

E é necessário uma intervenção prudente para retirar esses tais partidos do estado vegetativo em que estão submersos.

O que mais me impressiona, para além do estado lânguido dos políticos moçambicano, é a ousadia do cidadão Edson Macuácua.

Olhando para atrás através dos meus 23 anos de vida, afirmou piamente que nunca me deparei com alguém como o sr Macuácua que se exposesse ao público para falar de coisas que nem ele próprio concorda. Enfim, o que é que não se faz para garantir que não falte o pão na mesa!

Quanto ao MDM não vou tecer nenhuma crítica contundente, não porque simpatizo-me com o partido mas devido ao meu pleno desconhecimento das linhas ideológicas que norteiam ou nortearão esse partido.

Até agora o MDM parece dispor de potencialidades latentes que necessitam de ser descobertas, pese embora, em algumas vezes, pensar de tratar-se de mais uma diarreia política que o povo o sentirá obrigado a ingerir.
Leve um abraço.

Júlio Mutisse said...

Meus caros,

Para dissipar dúvidas e/ou equívocos, sou membro da Frelimo porém, não é isso que deve toldar a minha forma de ver o país. A Frelimo precisa do meu senso crítico para crescer e se fortalecer ainda mais. O ideal de um partido é conquistar e, sobretudo, manter o poder; a Frelimo só fará isso se conseguir com seus méritos, manter se hegemónico em todos os sentidos como está e, quiça, se fortificar.

Não compactuo com discursos feitos. É por isso que sou crítico a forma como NÓS jovens do partido participamos na vida deste. Não temos ser só caixas de ressonância, temos que forçar e impor políticas que beneficiem a camada jovem deste imenso Moçambique. Temos que nos fazer ouvir com ideias próprias na discussão do presente e do futuro do país. Temos que nos ver reflectidos nas políticas traçadas e nos sentirmos satisfeitos com a sua implementação. Acima de tudo temos que ser fortes e usar essa força a exemplo da juventude do ANC.

Mas José, estranharia que eu viesse falar das atrocidades renamistas, aquelas que vivi com os meus 8/9 anos por nessa altura eu só ter essa idade? Estranharia os traumas que essas vivências me causaram se me ouvisse RUIDOSAMENTE falar delas?

É fácil para indivíduos como o José, vir a público falar da nossa tenra idade quando certas coisas aconteceram, falar " de participação na guerra" como se essa só se resumisse a pegar em armas. É fácil porque assistiram a guerra pela TV e pelas varandas dos prédios ou casas em que habitavam nas grandes cidades. Nós que estivemos lá, a dormir na mata e a aprender a "esquivar" balas dificilmente esqueceremos isso e, eventualmente, poderemos ser RUIDOSOS na forma como abordamos o tema, espicassados pelos tais traumas de que falava.

É claro que temos que ser conciliatórios mas, POR FAVOR, não me venha pisar o calo a espera de um sorriso.

Quanto ao resto, é mais do mesmo. A nossa luta não deve ser andar em círculos, deve ser dar passos em frente em nome desta pátria amada. Temos que dar passos consolidados para que aquilo que pregamos se efective.

Bater na Renamo é perder tempo. Acusar a Frelimo de tudo o que se diz neste texto (para os apoiantes do MDM) é perder tempo que seria útil na consertação de estratégias.

Nós os apoiantes e membros da Frelimo temos que estar preocupados connosco e com a fortificação das estruturas que garantem a coesão interna. É claro que passos tem que ser dados mas chegaremos lá. Chegará um dia em que hei-de me rever na OJM, no CNJ etc. Do meu canto lutarei para isso.

Reflectindo said...

Tudo dito, mas tenho que perguntar ao Júlio Muthisse por o que diz de mim que não assisti nada pela TV nem li pelos jornais, mas vi com os meus prórpios olhos as atrocidades de ambos a Frelimo e a Renamo? E nem quero prolongar como sempre fui obrigado a dar passo neste assunto.

Amigo, a juventude ou se cala ou exige uma Comissão da Verdade, mas acusar uma parte é falta de escrúpulo, meu caro. Lembro-me dum antigo colega meu, mas frelimista, que em 1993 fez brincadeira de Renamo assassina e Frelimo corrupta o que era melhor para escolher. Perguntei a ele ainda por ele mesmo conhecer episódio verdadeiros da guerra se é que era facto que a Frelimo não era assassina. A festa do meu antigo colega terminou ali.

Portanto, transportar o discurso bélico para MDM é no mínimo falta de escrúpulo. É tentar infectar a juventude desta bela pátria pelo sangue contaminado das duas forcas de guerra (Frelimo e a Renamo).

Que a juventude de cada partido trabalhe em benefício da camada juvenil olhando no presente e no futuro estou de acordo.

JOSÉ said...

Estimado Shir, bem-vindo a esta modesta palhota, é um grande prazer ve-lo por aqui!

A minha preocupação tem a ver com o Estado da Nação, que eu considero muito mau, partindo da minha convicção que a Pátria amada merece muito melhor. Neste humilde espaço procuro apenas estimular a reflexão e espevitar as consciencias.

O meu envolvimento com o MDM tem a ver com a constatação de que a Frelimo já há muito que ultrapassou o seu prazo de validade e dificilmente pode trazer algo de novo e relevante para a nação. Por outro lado, neste momento a Renamo não tem condições para ser uma Oposição forte e efectiva.

Perante este quadro desanimador, o MDM aparece como alternativa credível para que a democracia seja resgatada, o País não pode continuar a ser refém daqueles que não conseguem ouvir o clamor do Povo. A Frelimo, através da selvagem partidarização da sociedade, ameaça com o monopartidarismo, usando todos os meios para se manter no Poder. A realidade é que Moçambique precisa de mudança, o País não pode ser constantemente adiado.

A tarefa de se construir um País democratico, justo e próspero, livre das algemas da mentira e da demagogia, passa pelo engajamento dos jovens que sonham com um Moçambique melhor.

Os diversos Macuacuas repetem o velho discurso de que tudo vai bem no País da marrabenta, mas nós ousamos sonhar com um Moçambique diferente onde todas as pessoas tenham lugar e possam contribuir para o bem estar da sociedade, independentemente da filiação partidária.

Vale a pena estar ao lado do Povo e lutar por ideais tão nobres!

Obrigado pela sua coerente contribuição!

Abraço forte!

Juntos por Moçambique!

JOSÉ said...

Júlio, o facto de se identificar como membro da Frelimo é totalmente irrelevante para mim, não acrescenta nem retira qualidade às suas opiniões nem altera o julgamente que eu possa fazer de si, há outros valores muito mais importantes para mim, alias, numa sociedade partidarizada seria mesmo de esperar que na sua profissão o Júlio fosse membro da Frelimo. Desejo que tenha liberdade na Frelimo para usar o seu sentido crítico.

Já agora, para que não reste qualquer dúvida ou equívoco, quero declarar que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, eu não sou anti-Frelimo. Sou sim, por pura convicção, pro-liberdade e pro-democracia. Como a Frelimo não partilha esses valores, logicamente que estamos em campos diferentes, mas isso não significa que não possamos ser coerentes.

Estranho muito que fale das atrocidades renamistas mas que mantenha um silencio cúmplice sobre as atrocidades frelimistas. Vai-me desculpar, mas revela aqui desonestidade e parcialidade perante um assunto que mexe com a nossa sensibilidade. Eu sou dos que pensam que quando os Acordos de Roma foram assinados deveria ter sido constituída uma Comissão da Verdade para que certos espertalhões que nos tentam impingir uma falsa moralidade fossem desmascarados. Uma vez que em nome da reconciliação não se instituiu uma Comissão da Verdade, todos os episódios antes dos Acordos de Roma devem ser esquecidos.

Penso que o Júlio devia qustionar seriamente porque a Renamo pegou em armas e a razão dos massacres e abusos cometidos pela Frelimo depois dos Acordos de Roma.

Eu acompanhei os acontecimentos em Moçambique, antes e depois do Júlio ter nascido. Devido a esses acontecimentos, eu tomei uma decisão na minha juventude que marcou a minha vida. Eu decidi que não iria confiar na Frelimo e que Moçambique para mim só faz sentido se for livre, justo e democrático. Eu paguei um preço muito alto para ser coerente com as minhas convicções. Não quero elaborar muito neste ponto nem recordar o passado no que concerne ao que eu vi. Eu vi o sofrimento do Povo e as humilhações passadas pela minha família. A minha esposa, com a tenra idade de 17 anos, foi torturada psicologicamente na BO da Machava, num acto de puro terrorismo estatal. Um familiar apareceu morto , aparentemente um suicídio mas sem dúvida um assassinato politico cometido pelos seus camaradas frelimistas.

O Júlio não me vai ensinar nada sobre a História do País, a verdadeira História ainda será escrita um dia. Apesar de tudo, não tenho ódio nem desejo de vingança, mas sinto uma grande mágoa por Moçambique ainda estar muito longe de ser aquele País que idealizei.

Por vezes, ao constatar o nível de intolerancia em Moçambique, penso que não me devia preocupar tanto, afinal vocês que vivem aí é que se devem preocupar com as consequencias das vossas escolhas, alias, costuma-se dizer que cada País tem o Governo que merece.

Porém, eu não vou por aí, continuo a acreditar que Moçambique merece muito melhor e que a mudança é possível. Não serão os Macuacuas e os Mutisses que me vão impedir de sonhar com um País livre, democrático, justo e próspero.

Deixem-me sonhar!

Anonymous said...

Tambem acho que a verdadeira historia de Mocambique ainda ira ser escrita... Eu nao tenho desejo de vinganca e o meu coracao esta desprovido de odio, so que nao posso dizer que certas coisas nunca aconteceram. Alias, convem recordar, especialmente falar e escrever sobre o assunto aos que nasceram nos finais da decada de 70 e por ai adiante, isto para que coisas do genero nunca mais se voltem a repetir e para que os lesados avancem com as suas vidas com espirito positivo e que os opressores/despotas aprendam certas licoes. Sei que a Renamo nao esta isenta de ter perpetrado muitas atrocidades, so que era um movimento na clandestinidade numa guerra de guerrilha; a Frelimo era um partido no poder, um governo supostamente 'eleito' e que considerava os direitos humanos algo primordial, mas nao nos podemos esquecer das aldeias comunais, dos campos de re-educacao, da operacao producao, da perseguicao aos religiosos, do desaparecimento de muita gente com ideologias diferentes,da tortura psicologica e fisica dos mesmos, das lavagens cerebrais a criancas a entrarem na adolescencia, sem autorizacao dos respectivos progenitores, mesmo obrigando-as a frequentar cursos que nada tinham a ver com a sua inclinacao academica, da falta de liberdade e obrigatoriedade dos jovens frequentarem a OJM, mulheres a OMM, residentes de bairro a aderirem aos grupos dinamizadores, etc. Eu passei muitas, mas nunca tive uma TV ou uma casa grande donde pudesse assistir a tudo pela tv ou pendurada numa janela. Sou de origem humilde, se alcancei algo na vida, devo-o ao meu esforco, trabalho arduo e estudos durante 33 anos. Maria Helena

JOSÉ said...

Amigos Reflectindo e Maria Helena, a verdadeira História de Moçambique ainda será escrita um dia e estamos atentos a tentativas de branqueamento da Historia.
Entretando, enquanto isso não acontecer, estamos cá nós, que acompanhamos de perto toda a triste realidade. Embora já com uma certa idade, a nossa memória continua bem viva.